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Professores recebem tratamento psicológico para volta às aulas

Professores recebem tratamento psicológico para volta às aulas

A expectativa do governo do Estado é que as aulas presenciais sejam retomadas, de forma gradual, no mês de setembro

Publicado em 23 de agosto de 2020 às 13:31

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Escolas: volta às aulas no Espírito Santo
Volta às aulas no Espírito Santo: professora de Linhares faz curso baseado em Neurociência. (Felipe Reis/Secom Linhares)

Com a expectativa de retorno das aulas presenciais no Espírito Santo em setembro, professores da rede municipal de ensino estão recebendo cursos de formação, qualificação e até tratamento psicológico para atuarem quando o retorno das atividades escolares for autorizado pelo governo do Estado durante o período de enfrentamento à pandemia do coronavírus.

Na avaliação dos gestores municipais, tanto os profissionais da educação quanto os estudantes podem ter sido impactados com a chegada do vírus, seja com um caso de infecção na família ou com a morte de um parente ou amigo por causa da Covid-19.

Elisamara Lopes Bonfim, de 39 anos, é professora há 19 anos em Linhares, no Norte do Estado. Ela é uma das profissionais do município que participam das estratégias e instrumentos didático-pedagógicos baseados na Neurociência, que é a ciência que estuda o funcionamento do sistema nervoso e suas relações com o mundo.

De acordo com a Prefeitura de Linhares, de janeiro a julho de 2020, 1.311 profissionais de educação já aderiram às formações de Neuroeducação e de Inteligência Emocional. Para Elisamara, os professores e estudantes que deixaram as atividades presenciais desde março vão voltar diferentes.

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Vou receber alunos que conviveram com esse ambiente de isolamento, assim como eu. Vou receber alunos desestruturados, emocionalmente falando. O curso vai permitir que a gente trabalhe com passos curtos nesse novo ambiente escolar. Agora vai ser 100% diferente. Eu tinha costume de beijar, abraçar e agora não posso mais

Elisamara Lopes Bonfim
Professora 
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A secretária de Educação de Linhares, Maria Olímpia Dalvi Rampinelli, pontuou que a partir da excepcionalidade educacional gerada pela pandemia, ficou ainda mais evidenciado a importância de competências cognitivas e socioemocionais como a autodisciplina, resiliência, colaboração, comunicação, autoconhecimento e gestão das emoções para o novo cenário que se apresenta.

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Ao entender como o cérebro funciona, o professor aprende sobre os mecanismos que envolvem sua saúde mental e se tornam mais aptos a estabelecer vínculos saudáveis entre si, com os alunos e com os objetos do conhecimento. Essa capacidade de gerir emoções representa mais de 80% do sucesso da atuação de um profissional

Maria Olímpia Dalvi Rampinelli
Secretária de Educação de Linhares
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GRANDE VITÓRIA

Na Grande Vitória, as prefeituras adotaram ou reforçaram atividades já desenvolvidas. A Secretaria de Educação de Cariacica conta com equipe formada por psicólogas, assistentes sociais, fonoaudióloga e pedagogos. A equipe atende os professores de forma remota, via telefone, desde a última segunda-feira (10).

“Essa capacitação é importante pois sabemos que a ansiedade e as incertezas têm gerado muitas angústias nos profissionais. As competências socioemocionais estão presentes em todas as formações de profissionais e são abordadas de maneira transdisciplinar”, explicou o secretário de Educação de Cariacica, José Roberto Martins Aguiar.

Foto de escola com sala de aula vazia
Escolas: volta às aulas no Espírito Santo. (Divulgação/Prefeitura de Linhares)

Na Serra tem sido oferecido webinários, textos orientativos, curso online e videoaulas. De acordo com a subsecretária pedagógica da Serra, Elizângela Fraga, os materiais abordam questões de relacionamento, acolhimento e discussões sobre as dificuldades pedagógicas e sociais criadas com a doença.

“Estamos em processo de formação para o acolhimento desses profissionais e, consequentemente, dos alunos; discutindo as questões do currículo e a elaboração de atividades pedagógicas não presenciais, que são fundamentais para a qualificação do trabalho desses profissionais nesse momento”, explicou Elizângela.

Já em Guarapari, o governo municipal está em processo de seleção de formação de mais de 50 docentes em Competências Socioemocionais da Educação. O município conta ainda com um trabalho em rede junto à Secretaria Municipal de Saúde para atender os alunos que forem sinalizados pelas escolas.

Prefeitura de Vila Velha informa que já realiza um trabalho de suporte psicológico a alunos e profissionais a área, desde o início da pandemia, por meio do Programa Saúde na Escola (PSE). Paralelamente, a gestão também organiza todos os protocolos recomendados pelas autoridades de saúde.

“O trabalho realizado tanto com profissionais da Educação, quanto com alunos e seus respectivos pais e/ou responsáveis é de atendimento acolhimento psicossocial por meio de telefone, Whatsapp e plataformas online; palestras virtuais; e atendimento a adolescentes com demandas mais complexas.”

ESCOLAS PARTICULARES

O Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES) informou que médicos e psicólogos têm feito atendimento em grupo e até mesmo de forma individual dos casos que têm relação com alguma alteração emocional provocada pelo enfrentamento ao coronavírus e o retorno das aulas. 

“As escolas estão preocupadas porque já existem fortes evidências de muitos profissionais abatidos por conta dessa angústia, desse medo pelo desconhecido e com a perda de alguém muito próximo. As escolas estão fazendo esse trabalho e estão preocupadas em ações que possam amenizar a dor e o medo desses profissionais”, disse o vice-presidente do Sinepe-ES, Eduardo Costa Gomes.

O QUE DIZ A SEDU

A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou que adotou a plataforma Vivescer, gratuita para professores e de apoio pedagógico e desenvolvimento da dimensão socioemocional dos docentes das escolas estaduais e municipais do Espírito Santo. 

A ação é uma parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). 

"Ao cadastrar-se na Vivescer e criar o seu perfil, o educador passa a fazer parte da comunidade: um espaço de reflexões e troca de ideias sobre a profissão. Nesse espaço, é possível fazer perguntas, compartilhar relatos e vídeos sobre a prática e trocar arquivos interessantes, como textos e planos de aula", informou a Sedu, por nota.

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