Contrariando a determinação do Estado, alguns ônibus do transporte público coletivo municipal de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, estão circulando com passageiros que não são profissionais da saúde. Segundo a classificação do governo estadual, a cidade está em risco extremo para a propagação do novo coronavírus e, mesmo com a abertura do comércio em alguns dias, o sistema de transporte não pode operar normalmente.
Preocupados, profissionais da saúde — que deveriam ser os únicos transportados nos veículos — procuraram A Gazeta para denunciar a situação. Eles encaminharam vídeos e fotos que mostram os carros lotados em várias linhas durante esta semana.
“Tinha até pessoas com uniformes do comércio que não eram relacionadas à área da saúde. Eu cheguei a ligar para a empresa, me informaram que o motorista levaria quem estivesse no ponto”, contou Mayra Luíza Barbosa de Almeida, 29 anos, que trabalha em uma farmácia de Colatina.
Segundo outra profissional que preferiu não se identificar, os passageiros não são questionados se são trabalhadores da saúde ao entrar nos coletivos. “Os motoristas estão pegando todos os passageiros no ponto de ônibus e os profissionais da saúde estão chegando atrasados nos hospitais. Um descaso com os profissionais da saúde", relatou a funcionária de um hospital.
Na última semana, o governador Renato Casagrande (PSB) determinou que o transporte público coletivo permaneceria suspenso por mais uma semana no Espírito Santo, em uma tentativa de impedir aglomerações nos coletivos e, assim, frear o avanço da Covid-19 sobre o Estado. A suspensão vale até a próxima segunda-feira (12) para cidades que estão em risco extremo de contaminação.
Casagrande classificou o transporte público como um foco de transmissão da Covid-19, o que, segundo ele, justifica a decisão de prorrogar a suspensão. As linhas intermunicipais, por sua vez, poderão circular com capacidade reduzida em 50% e que os ônibus interestaduais também estão proibidos de trafegarem. "Nós manteremos, na semana que vem, a suspensão do transporte público. De segunda-feira (5) até domingo (11), não teremos transporte público. É um foco de transmissão. Os ônibus intermunicipais poderão funcionar com 50% da capacidade. As linhas de transporte estaduais também ficarão suspensas", disse.
Responsável pelas linhas do transporte coletivo municipal de Colatina, o Consórcio Noroeste se limitou a informar que “está seguindo rigorosamente o decreto”
Apesar das reclamações, a Prefeitura de Colatina informou que o disque-aglomeração não recebeu denúncias sobre aglomerações e irregularidades no funcionamento do transporte coletivo. O Executivo destacou ainda que fiscalizações estão sendo realizadas frequentemente.
“A prefeitura conta com a colaboração da população e das empresas para que cumpram as regras dos decretos municipal e estadual no combate à Covid-19. Denúncias podem ser realizadas por meio do número: 99976-5920”
De acordo com a Secretaria de Estado de Mobilidade Urbana e Infraestrutura (Semobi), além dos funcionários de hospitais e de unidades de saúde, os trabalhadores de clínicas e consultórios médicos, odontológicos e de fisioterapia, além de laboratórios e de farmácias também podem usar os ônibus enquanto vigorar o decreto.
Enquanto o transporte público não estiver disponível, os empresários cujos estabelecimentos puderam voltar ao funcionamento de acordo com as resoluções do governo estadual terão que providenciar transporte particular para os funcionários.
"Essa medida foi tomada de retorno com observação da pandemia. Aqueles que puderem voltar às atividades presenciais na quarta, quinta e sexta-feira, estão autorizados e terão que providenciar o transporte dos seus empregados. Na semana que vem, todos os empresários terão que se organizar quanto aos horários de entrada dos funcionários para ir ao encontro dos horários permitidos de entrada nos coletivos", disse a secretária de Turismo do Estado, Lenise Loureiro,
Segundo dados do Painel Covid-19, Colatina registrou 17.279 casos confirmados da doença, 1.6280 casos curados e 270 óbitos. A taxa de letalidade no município é de 1,6%, abaixo da taxa estadual que está em 2,0%.
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