As medidas restritivas retiraram os coletivos das ruas para evitar circulação de pessoas e, consequentemente, retardassem o avanço do coronavírus. Elas começaram a ser aplicadas no domingo (28), mas provocaram problemas no atendimento de saúde em vários municípios, pois muitos trabalhadores da saúde não conseguiram chegar aos postos de trabalho nesta segunda-feira (29).
Alguns profissionais da saúde tiveram que se virar por conta própria, seja pagando motorista de aplicativo com dinheiro do próprio bolso ou andando até um local onde pudesse pegar ônibus, como o caso de uma técnica de enfermagem de 26 anos - ela não quer ser identificada por medo de represálias no trabalho. Ela saiu de casa às 5h30 em um bairro nas proximidades de Serra-Sede e teve que andar por 30 minutos para conseguir chegar a um ponto de ônibus que a atendesse.
"Não disponibilizaram transporte algum. A gente que teve que se virar nessa questão, já que o Transcol não entra no bairro. Mais perigoso ainda é a hora de voltar pra casa, pois já é noite", contou a técnica de enfermagem, que depois da andança, ainda fez um plantão de 12 horas em um hospital público da Serra.
Uma outra técnica de enfermagem, de 35 anos, tinha um percurso ainda maior pra fazer. Moradora do bairro Piranema, em Cariacica, ela contou que teria que ir até o terminal de Itacibá, o que se tornou inviável, já que fica do outro lado do município.
"No meu bairro só passa ônibus que vai para o terminal de Campo Grande, que está fechado, e nem opção de ônibus até o terminal de Itacibá tem. No domingo (28), eu não consegui chegar ao plantão no hospital na Serra e agora vou ter o ponto cortado por isso. Na terça-feira (30) eu também tenho plantão e não sei como vou chegar até lá", contou a técnica.
Em pronunciamento na tarde desta segunda-feira (29), o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, disse que houve orientação aos municípios para que mantivessem o funcionamento pleno da atenção básica e todos os serviços da atenção primária de saúde da rede pública.
Porém, ele reconheceu que houve prejuízo devido à ausência de transporte municipal em algumas cidades, em especial da Grande Vitória, uma vez que o sistema Transcol não atende a todos os bairros.
"A ausência do transporte público em alguns bairros que não são de responsabilidade do Transcol, levaram alguns municípios a ter prejuízo na capacidade de trabalhadores para atuar na saúde básica. Prejudicou também a chegada de diversos trabalhadores à rede privada de saúde. Nós entendemos que os prefeitos devem atualizar suas decisões e estratégias para que não ocorra problemas na rede de atendimento de saúde do Espírito Santo", completou Nésio Fernandes.
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