Moradores de Rio Novo do Sul, na Região Sul do Espírito Santo, estão preocupados com o futuro da cidade após a execução do projeto de duplicação da BR 101, que corta o município. Isso porque, segundo eles, a cidade ficaria dividida, dificultando o acesso de um lado ao outro da rodovia.
O projeto, que foi apresentado por um representante da Eco101 na última sexta-feira (2), em uma reunião no município, prevê um retorno após o pedágio. Se continuar dessa forma, os motoristas que querem seguir a direção norte da rodovia terão que pagar a tarifa duas vezes. Após a reunião, a Eco101, concessionária responsável pela duplicação, informou que o projeto será reavaliado.
A reunião agendada pelo prefeito de Rio Novo do Sul, Nei Castelari (PP), foi realizada para convidados com a participação de moradores, empresários e autoridades políticas.
“Até então, ninguém tinha tido acesso a esse projeto, por isso eu pedi essa reunião com a Eco. Nós pedimos algumas alterações, como a construção de passarelas na sede e na comunidade de Capim Angola, que é uma comunidade grande e é dividida pela rodovia igual à cidade. Também sugerimos um túnel para carros atravessarem a BR, onde já existe um túnel para pedestre. E o nosso principal pedido é mudar o local do retorno, para antes do pedágio”, explicou o prefeito.
Os moradores temem que a cidade fique dividida após a concretização da duplicação, já que a travessia da BR 101 será dificultada, caso não tenha passarela e o retorno seja após a praça de pedágio, que fica próximo à localidade do Frade, em Itapemirim.
“Isso vai partir a cidade no meio. Podemos dizer que se isso acontecer, o crescimento da cidade vai acabar e ainda pode gerar infrações de trânsito, porque muitos podem tentar criar atalhos. Além disso, tudo pode ficar mais caro, como passagem de ônibus e entrega de compras”, explicou o morador Sandro Nunes.
O empresário Áureo Mameri, que é proprietário de uma empresa de mármore e granito às margens da BR 101, também participou da reunião e contou que a localização do contorno surpreendeu a todos.
“A reunião foi boa para a gente conhecer o projeto, mas o retorno surpreendeu muito. Isso é inaceitável. Imagina todo rionovense que for para as praias, para Iconha ou Vitória, ter que descer a rodovia, pagar o pedágio, fazer o retorno e pagar o pedágio novamente para seguir sentido Norte”, falou.
Para o advogado e morador de Rio Novo do Sul, Alexandro de Souza, o projeto foi elaborado sem levar em consideração a rotina e as necessidades dos moradores.
“A sensação é que eles não estão sensibilizados com Rio Novo. A cidade vai ser muito prejudicada se o projeto for elaborado dessa forma. A conta vai acabar ficando mais cara para o consumidor. Não tem nem passarela prevista para cá, ou seja, como vamos atravessar? Vale a pena lembrar que essa semana morreu uma pessoa atropelada aqui na BR”, disse.
Áureo Mameri lembrou também que as três maiores empresas de mármore e granito de Rio Novo do Sul estão do lado oposto da cidade e todos os funcionários atravessam a rodovia diariamente, inclusive nos horários de almoço. Rotina, que ficaria afetada caso não tivesse um local adequado para a travessia da BR.
"Essas três empresas que ficam do outro lado da BR têm muitos funcionários que atravessam a rodovia, e aqueles que almoçam em casa, por exemplo, teriam que pagar dois pedágios só para almoçar em casa. Isso precisa ser revisto", argumenta o empresário.
Ainda segundo o prefeito, ele está pleiteando uma reunião com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para discutir o projeto e buscar as mudanças que a população julga ser necessária. "Nós queremos discutir o assunto com o Dnit também, para que algumas mudanças sejam autorizadas", afirmou.
De acordo com os moradores que participaram da reunião, ainda não há um prazo determinado para início das obras, a previsão é que caso a duplicação na Região Norte continue paralisada, os trabalhos em Rio Novo do Sul possam começar a partir do segundo semestre do ano de 2022.
Por meio de nota, a Eco101 informou que nos projetos de duplicação a distância máxima entre retornos na rodovia é de 5 quilômetros. "O projeto de duplicação do trecho da rodovia em Rio Novo do Sul ainda se encontra em revisão e está sendo debatido junto à comunidade local".
A concessionária disse ainda que diante da argumentação dos munícipes de Rio Novo do Sul, será reavaliado o retorno ora locado após a praça de pedágio, de modo que os moradores que têm como destino à capital Vitória não precisem passar compulsoriamente pela praça.
Sobre as passarelas, a Eco101 afirmou que, como o projeto ainda não está finalizado, não é possível informar se serão instaladas e quais seriam as localizações. O prazo para execução das obras também não divulgado.
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