O Espírito Santo convive há dias consecutivos com uma taxa de ocupação de UTI's para pacientes com Covid-19 acima dos 90%, o que significa dizer que de cada dez vagas, nove estão ocupadas. Diante da escassez de leitos e do descompasso entre a abertura de novos quartos e o número crescente de pessoas necessitadas de internações, profissionais da área médica no Estado deverão priorizar os casos em que há mais chances de sobrevivência na hora de definir quem será internado.
Em outras palavras, em uma situação de poucas vagas, caso dois pacientes necessitem de internação em uma UTI, pelo protocolo, será priorizado o que for avaliado com mais condições de se recuperar da doença. Esta forma de seleção já é analisada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que prepara a documentação para que o protocolo seja colocado em prática se for necessário.
No documento redigido a ser adotado nos hospitais estaduais, os médicos e equipes receberão orientações para procederem de acordo com as recomendações do protocolo da pasta da Saúde. Pelo material elaborado, a prioridade é para pacientes com mais chances de sobreviver (em verde), evitando-se pacientes mais críticos (amarelo), e por fim, não devem ser encaminhados para UTI's os que apresentem estado terminal (vermelho).
Nesta segunda-feira (29), dados do Painel de Ocupação de Leitos Hospitalares da Sesa indicam que o Estado bateu, mais uma vez, recorde de pessoas internadas devido ao novo coronavírus. A rede pública hospitalar registrou 1.531 pacientes internados – o maior número de toda a pandemia e o segundo dia consecutivo em que o nível se mantém acima dos 1.500.
Para o médico intensivista Otílio Canuto, essa prática é uma real e dura necessidade diante do estágio avançado da Covid-19 no Espírito Santo e sinaliza a pressão que a doença faz no sistema de saúde.
"Infelizmente tem que ser priorizado em um caso específico como o que estamos vivendo, que é um caos. Desta forma, precisamos priorizar. Então analisamos alguns critérios, como capacidade funcional e doenças mais graves pré-existentes que possam fazer com que esse paciente nenha uma sobrevida menor. Se não fizermos, vamos acabar perdendo muito mais vidas", detalhou o especialista.
O profissional da linha de frente complementa que este protocolo se faz necessário porque não há vagas para todos os pacientes, considerando leitos de UTI ou de enfermaria.
"É claro que a família vai querer o melhor para o parente, mas em um momento de muitas pessoas sendo internadas em UTI e a gente não tem vagas para todos, precisaremos selecionar (quem será internado). É um momento de caos, no qual não conseguiremos fazer o ideal, por isso precisamos destes protocolos", disse o intensivista.
A situação dos hospitais filantrópicos não difere dos estaduais. Por conta da limitação de vagas, a Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado do Espírito Santo orienta que a população intensifique o distanciamento, além de utilizar a máscara, para assim não sobrecarregar ainda mais a oferta de leitos.
"Pelo menos nos primeiros dias de abril nós devemos conseguir ampliar em cerca de 30 leitos até a primeira quinzena e até o fim do mês, em uma ampliação gradual existe a meta de chegar ao menos 100 leitos. Reitero que leitos de UTI ou enfermaria não irão resolver o problema do vírus, é a restrição de circulação neste momento nos próximos dias é o que pode amenizar a rede hospitalar e assim evitar o colapso em nossos hospitais", pontuou Fabrício Gaede, presidente da Fehohes.
Em nota, a Secretaria da Saúde informou que alguns protocolos para inserção de pacientes em UTI estão sendo padronizados e outros reavaliados. Esclarece que no caso do fluxograma citado, se trata de um documento em fase de validação.
A Sesa ressaltou que está investindo na expansão de leitos, ampliando quase diariamente a capacidade de atendimento aos pacientes Covid-19, e trabalhando intensamente para garantir que não haja comprometimento no atendimento dos pacientes Covid e não Covid.
Com informações de Kaique Dias, da TV Gazeta
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta