Dois tipos de avaliações devem ser aplicadas aos alunos da rede pública de ensino do Espírito Santo com o plano de volta às aulas. A primeira tem como objetivo saber o que foi aprendido durante o período sem aulas presenciais em relação ao currículo proposto. Já a segunda será para verificar o nível de aprendizagem.
Nenhuma delas será usada como ferramenta de reprovação dos estudantes. Mas, a partir da análise das aprendizagens feitas por meio dessas provas, realizadas tanto de forma on-line como presencial, caberá ao professor traçar estratégias visando à recuperação, ao reforço e ao aprofundamento das habilidades.
As propostas constam no Plano de Retomada das Aulas Presenciais para a Educação Básica nas escolas da Rede Estadual. O documento está disponível para consulta pública no site da Secretaria de Estado da Educação (Sedu). A população tem até o dia 14 de setembro para manifestar opiniões. Por causa da pandemia do novo coronavírus, os trabalhos presenciais estão suspensos até o dia 30 deste mês. A expectativa é de que o retorno aconteça em outubro e de forma gradual.
"Durante todo o processo educativo, a avaliação deverá ter caráter processual, buscando entender as dificuldades individuais de cada estudante, dadas suas condições estruturais de estudo domiciliar e de acesso à internet", explica o plano de retomada.
A Avaliação diagnóstica vai dar um panorama sobre a situação do aluno fazendo um paralelo entre o que ele aprendeu e o currículo proposto. Também vai identificar as possíveis defasagens de aprendizagens dos estudantes e ter uma melhor compreensão da turma em relação à aquisição de habilidades e pré-requisitos necessários para a continuidade do processo educativo.
A avaliação foi elaborada pela Sedu em parceria com o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (Caed/UFJF), tendo como base o Currículo do Espírito Santo (Educação Infantil e Ensino Fundamental), de 2018, e o Currículo Básico Escola Estadual (Ensino Médio), de 2009, para ser realizada pelos alunos do 2º ano do ensino fundamental à 3ª série do ensino médio.
Os conteúdos para as avaliações propostas são:
Segundo o plano de retomada da Sedu, a Avaliação Diagnóstica já foi aplicada aos estudantes do ensino fundamental e dos anos finais do ensino médio. Mas estudantes do 3º ao 5º ano do fundamental e os que não tiveram acesso à internet, ainda deverão realizar as avaliações no retorno às aulas presenciais, num equipamento da escola, ou no formato impresso.
Já a Avaliação do rendimento dos estudantes vai verificar os níveis de aprendizagem. O objetivo dela é a recuperação, o reforço e o aprofundamento das habilidades e competências essenciais do currículo do aluno. De acordo com a proposta do plano de retomada das aulas, essa prova não será utilizada para fins de retenção dos estudantes, mas servirá de base para o planejamento do conteúdo curricular 2020-2021.
"O processo de avaliação das Atividades Pedagógicas Não Presenciais (APNP) deve ter um caráter processual, numa perspectiva formativa e interdisciplinar, levando em consideração o nível e o contexto de aprendizagem de cada estudante. Para procedimentos relativos ao registro das avaliações trimestrais/bimestrais e da recuperação da aprendizagem no Seges (Boletim Escolar Eletrônico), as escolas e os professores deverão seguir o estabelecido na Portaria nº 092-R/2020 e demais orientações da Sedu", explica no plano de retomada.
A Secretaria da Educação propõe que, a partir da avaliação do rendimento, seja realizada uma intervenção pedagógica nos alunos. A ação educativa teria o objetivo de garantir aos estudantes o direito de aprender. "Dessa forma, pelos resultados das avaliações diagnósticas e do acompanhamento das APNP, pretende-se identificar as situações de aprendizagens dos estudantes e torná-las ponto de referência para o planejamento de intervenções pedagógicas de recuperação, reforço e de aprofundamento", explica.
Os estudantes serão divididos entre:
A proposta é que a intervenção pedagógica aconteça, preferencialmente, nos momentos presenciais, e seja orientada no sentido de auxiliar os estudantes no desenvolvimento das habilidades e competências consideradas essenciais para que consigam avançar no processo de escolarização.
Além desses modelos de avaliações, a volta às aulas ainda pode contar com turmas divididas com 50% de alunos de forma presencial e a outra metade em estudos não presenciais, de forma remota.
Ainda de acordo com o plano, a partir do retorno das atividades presenciais em regime de revezamento, será adotado um modelo educacional híbrido. Ele consiste na adoção de estratégias pedagógicas que podem ou não fazer uso de recursos digitais e que, na associação de atividades presenciais e não presenciais, favorece o processo de construção do conhecimento.
Além disso, propõe o uso de metodologias de Ensino por Investigação e da Pedagogia de Projetos. A primeira seria usada nos anos iniciais do ensino fundamental, em que o foco é estimular o aluno pensar, refletir, criticar, levantar hipóteses, compreender e correlacionar conteúdos. Já a segunda é sugerida para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio e se propõe a mostrar que os conteúdos se apresentam de maneira transdisciplinar.
De acordo com o governador Renato Casagrande (PSB), o plano foi elaborado pela Sedu em diálogo com o grupo de trabalho, formado por diversas instituições. Participaram das discussões: a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o Sindicato das Empresas Particulares de Educação (Sinepe), Associação dos Municípios Capixabas (Amunes), Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), Ministério Público Estadual (MPES), dentre outros.
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