O novo secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, coronel Márcio Celante Weolffel, assumiu o cargo nesta sexta-feira (1º) após a saída do também coronel Alexandre Ramalho, que será candidato nas eleições deste ano. Em entrevista para A Gazeta, ele afirmou que pretende seguir na gestão da secretaria seguindo os mesmos princípios de seu antecessor, focando na integração das forças policiais e no trabalho de inteligência.
O coronel destacou o cenário de queda do número de homicídios no Estado. Contudo, como as estatísticas positivas não têm alcançado o interior do Estado, afirmou que há ações previstas para a segurança das comunidades rurais. Entre elas está o cadastro das propriedades através de um QR Code, que deve agilizar a chegada da polícia caso ocorra algum crime.
"Quando o 190 for acionado pelo produtor rural, se a propriedade estiver cadastrada, vai aparecer localização dela e todas as informações. A rota de deslocamento da viatura pra chegar nesse local, que é distante e não tem ponto de referência, fica bem mais fácil", explicou.
Celante também falou sobre o combate à violência contra a mulher e como está a relação dos coronéis com o governo do Estado após atrito criado por carta no fim do ano passado. Veja entrevista na íntegra abaixo.
Nos três anos de governo, tivemos redução no número de homicídios na série histórica. No primeiro trimestre de 2022 houve uma redução de 14% em relação ao ano passado, a maior redução dos últimos 26 anos. Nosso desafio maior é diário. Enquanto tivermos uma morte teremos um desafio muito grande. O desafio é mantermos o trabalho que está sendo feito pelo governo do Estado e pelo Coronel Ramalho, que saiu, frente à secretaria, mas o mais importante é manter a integração que temos de Polícia Civil, Polícia Militar, Guardas Municipais, Judiciário, Ministério Público, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal. Essa integração nos dá facilidade em enfrentar esses desafios. O homicídio está diretamente ligado ao tráfico de drogas. As ações na área de inteligência e as operações são focadas principalmente na ação dos traficantes, que está diretamente ligada aos homicídios.
Prefiro não fazer essa comparação de perfil. Cada um tem um perfil. Como temos boas referências, como não seguir? Cada um tem uma condução do trabalho. Vou conduzir com perfil de colaboração, de condução e tudo isso também é do perfil do coronel Ramalho (ex-secretário). Tanto a integração quanto a preocupação com o tema Segurança Pública estão no mesmo nível do ex-secretário. Não vou dizer que difere, mas se iguala ao secretário anterior.
Posso dizer que vamos acompanhar as operações porque da mesma forma que temos governador que conduz a reunião do Estado Presente pessoalmente, vou estar pessoalmente nas operações com a PM, PC, outras instituições. Estaremos presentes a fim de mostrar que nossa participação se dá também na área operacional.
O Plano Estadual de Segurança Rural, lançado pelo governador, contempla diversas ações efetivas de segurança do campo. O governador assinou decreto de criação da Delegacia Especializada de Crimes Rurais. O governador também expandiu a Operação Colheita. Aumentou o número de municípios e praticamente todos do interior serão atendidos por essa operação. E ela começou no final de maio e vai se iniciar no mês de abril, aproximadamente 40 dias antes do que ocorria anteriormente. Nesse plano de Segurança Rural temos ainda visitas tranquilizadoras e a identificação de propriedades com placas identificando as áreas monitoradas. Essa placa tem QR code com número da propriedade. Então, quando o 190 for acionado pelo produtor rural, se a propriedade estiver cadastrada, vai aparecer localização dela e todas as informações. A rota de deslocamento da viatura pra chegar nesse local, que é distante e não tem ponto de referência, fica bem mais fácil. Temos também a entrega de folders e cartilhas. O desafio maior é agora as polícias, e as prefeituras, as federações, sindicatos, associações, produtores rurais, que conhecem a região, poderem participar dessa expansão de execução. Que o produtor rural sinta esse projeto no dia a dia dele.
Na Operação Colheita temos a patrulha rural, que é o serviço ordinário. O policial, no horário de folga vai estar atendendo com a patrulha rural na região. O governador anunciou que avalia a possibilidade de aumentar esse valor que vai ser destinado para pagamento dessa escala no horário de folga. Esse também vai ser um incremento na Operação Colheita.
Temos o programa Estado Presente que é nosso norte. Vou buscar implementar três pilares na minha gestão. O primeiro é a integração, que já existe e vamos avançar nela. O segundo é o trabalho de inteligência e o terceiro a participação ativa dos moradores. Quem conhece os problemas daquele bairro são as pessoas que ali moram. Sejam em reuniões comunitárias ou denúncias do 181, conseguimos avançar nas investigações e operações.
Foi lançado pelo governo há alguns meses o programa Mulher Segura ES, que agrega o SOS Marias, a tornozeleira eletrônica e o Homem que é Homem. Esse último é um programa da PC em que homens causadores de violência contra a mulher participam de palestras buscando conscientização contra aquela ação que alguns acham um fato normal. Em relação às mulheres, houve a tornozeleira eletrônica, que mediante determinação judicial, a mulher vítima de violência vai estar com o telefone e o homem com uma tornozeleira. Qualquer aproximação no raio determinado pelo juiz, o sistema nosso na Sesp vai detectar e tem todo um protocolo de acionamento e proteção à mulher, e no último caso, vai mandar uma viatura até a mulher. Já o SOS Marias está no app 190, que tem três funcionalidades. Uma delas é o SOS Marias, que quando a mulher clica aparece na tela do policial o endereço dela e o que está acontecendo. Só com um clique. Encaminha viatura sem que ela faça qualquer fala ou pedido.
Temos aqui na Sesp a Divisão de Atendimento à Mulher e temos a Gerência de Proteção à Mulher. O Homem que é Homem ainda está na Grande Vitória, mas há necessidade de apoio das prefeituras para expansão e isso está sendo buscado. Não na velocidade que talvez tenhamos condições de atender por questões diversas, seja apoio de prefeituras, efetivo. Mas é um projeto que está funcionando na Grande Vitória e com expansão para o exterior. Mas a que tempo ainda estamos buscando parceria com as prefeituras.
Temos na secretaria essa temática no setor de inteligência. Mas há necessidade de as instituições falarem. Já acontece isso, mas na altura da demanda talvez não. Que há um trabalho muito importante e grande por parte da Polícia Civil, há. E há investimentos também. Estamos para receber mediante convênio o software Galileu, para laudos. Há investimento na parte de tecnologia de um centro de telemática muito importante. Temos uma delegacia especializada com esse fim e temos a Subsecretaria de Inteligência aqui e as inteligências da PM e PC, juntos aqui dentro. A demanda é grande e o trabalho nosso é grande também. À medida que os criminosos avançam na parte tecnológica de atuação, o Estado tem esse compromisso de estar se atualizando.
A Polícia Militar tem em sua gestão maior 21 coronéis. Temos nas próximas semanas reuniões com o comandante geral da PM, PC e Bombeiros e também com os coronéis e delegados e superintendentes da PC. Há um ano e meio estou na Sesp, como gerente do Ciodes e subsecretário. Houve esse fato citado, mas de lá pra cá praticamente o assunto foi administrado. A Polícia Militar está funcionando, trabalhando, e quanto mais pudermos agregar os coronéis, que são gestores, assim nós vamos fazer. Todos buscando o norte do Estado Presente. A Operação Verão deste ano foi a melhor dos últimos anos e foi com a gestão atual da PM. O que podemos esperar pras eleições é que estamos com esse problema administrado de forma que não teremos problema algum no pleito eleitoral em relação à PM, PC e Bombeiros. A questão é de responsabilidade. Alguns fatos acontecem, mas a responsabilidade fala mais alto e a gente consegue administrar e conduzir o processo. Fatos vão acontecer em qualquer processo, cabe ao gestor maior, o governador, o secretário de segurança, o comandante geral e os coronéis, como aconteceu, conseguir a melhor saída para aquele processo.
Os coronéis estão trabalhando, nas suas respectivas funções, e todas as demandas e operações que nós precisamos do trabalho da PM elas acontecem e dão resultado. Esse resultado já responde como está o ânimo dentro da corporação.
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