O uso do corticoide dexametasona em pacientes moderados e graves com a Covid-19, internados em hospitais, mostrou-se eficaz na redução do tempo de utilização dos respiradores. Um estudo brasileiro, com participação de médico do Espírito Santo, aponta diminuição de 2,6 dias no emprego do ventilador mecânico nas pessoas que foram tratadas com o medicamento.
O intensivista Gedealvares Francisco de Souza Júnior, coordenador das UTIs do Hospital Evangélico de Vila Velha, integra a equipe de médicos do estudo Coalizão, que tem seis braços de pesquisas relacionadas à Covid-19. Nesta com a dexametasona, o objetivo era avaliar os benefícios do corticoide, observando se haveria diminuição no tempo de uso de respirador.
Questionado sobre o resultado obtido, Gedealvares Júnior assegura que demonstra um ganho importante para os pacientes. "Quanto mais tempo no respirador, mais riscos de desenvolver infecções secundárias, de complicações. Com 36 horas no respirador, o paciente já perde a força da musculatura respiratória. Então, se é possível reduzir esse tempo, melhor para ele", destaca o médico capixaba.
O corticoide, explica Gedealvares Júnior, tem um efeito anti-inflamatório e ajuda a lidar com uma das grandes agressões da Covid-19 ao organismo dos infectados, que é uma resposta inflamatória exacerbada. "A dexametasona reduz a inflamação e possibilita que o paciente se recupere de maneira mais rápida", pontua.
O estudo envolveu 299 pacientes, parte foi submetida ao uso do corticoide, parte seguiu o tratamento padrão em uma seleção randomizada. Gedealvares Júnior diz que todos eram moderados - usando oxigênio - ou graves, com ventilador mecânico.
Os 151 selecionados para o tratamento com o corticoide receberam uma dose diária de 20 miligramas da dexametasona, por cinco dias, e depois a dosagem foi reduzida à metade, por mais cinco dias. No período de um mês, aqueles que usaram a substância ficaram 6,6 dias sem o respirador, ao passo que as pessoas que receberam a assistência padrão ficaram apenas quatro dias sem depender do equipamento.
O corticoide foi usado por aplicação intravenosa, em pacientes hospitalizados, e Gedealvares Júnior ressalta que é uma substância que somente deve ser utilizada com orientação médica. "Existem efeitos adversos, podendo descontrolar a glicemia de um paciente diabético, ou a pressão de um hipertenso", exemplifica.
O estudo foi publicado no periódico científico Journal of The American Medical Association (Jama) e, segundo o médico capixaba, se soma a outros trabalhos que demonstram a eficácia da dexametasona nos cuidados com pacientes da Covid-19.
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