Familiares e amigos se despediram neste domingo (27) da professora Flávia Amboss Merçon Leonardo, morta aos 38 anos pelo atirador que invadiu duas escolas a tiros na manhã de sexta-feira (25) em Coqueiral de Aracruz, no Norte do Espírito Santo. Ela foi a quarta vítima fatal do ataque do atirador de 16 anos e teve a morte confirmada na tarde de sábado (26).
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Flávia foi atendida ainda em Aracruz pelo Samu e transferida para o Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, na Serra. Na tarde deste sábado, Flávia não resistiu e faleceu.
Os ataques deixaram outras três pessoas mortas. As duas primeiras na escola estadual; e a terceira, uma adolescente, na escola particular:
O velório foi realizado até por volta das 15 horas no Cemitério Jardim da Paz, na Serra, na sequência foi realizado o sepultamento. Segundo informações do repórter Caíque Verli, da TV Gazeta, o governador Renato Casagrande (PSB) mandou uma coroa de flores, assim como a escola onde ela dava aula, Primo Bitti, de Coqueiral de Aracruz.
Amigos de Flávia do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Espírito Santo, do qual a professora era integrante, falaram sobre a perda da colega companheira do movimento que pede reparação dos impactos no Rio Doce do rompimento da barragem da Samarco em Mariana, ocorrido há sete anos.
Eles destacaram o quanto Flávia era estudiosa e lembraram que ela tinha acabado de finalizar o doutorado em Sociologia, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Heider Boza, coordenador do MAB, disse que todos os colegas estão chocados com o atentado e lembrou que Flávia era uma pessoa muito responsável, ética, correta e dedicada ao trabalho. Ela integrou o MAB porque quando ocorreu o rompimento, em 2015, Flávia e o companheiro viviam em Regência, litoral de Linhares, na foz do Rio Doce e tinha arrendado uma pousada já poucos meses.
Já Marcos Tadeu, também integrante do MAB, destacou que Flávia era uma militante ativista, dedicada e estudiosa, tendo contribuído muito na luta dos atingidos no Espírito Santo. "Por isso que a gente cobra Justiça e uma apuração dos fatos de forma incisiva", frisa.
Marcos conta que Flávia era muito participativa no movimento, principalmente envolvendo a causa das mulheres e que inclusive no fim de semana passado esteve em Regência para desenvolver uma atividades com as mulheres do local.
O ataque a duas escolas em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, tirou a vida de quatro pessoas e deixou mais de 10 feridos na manhã de sexta-feira (25). O atirador, que é um adolescente de 16 anos, conseguiu se deslocar por cerca de um quilômetro entre as duas escolas e fazer novas vítimas antes mesmo que a informação sobre o ataque à primeira unidade de ensino viesse à tona.
A pistola utilizada pelo atirador contra as vítimas da Escola Primo Bitti é de propriedade do Estado e estava à disposição do pai dele, que é policial militar. Após cometer os crimes, o atirador saiu correndo pelo portão da escola particular, entrou no carro e fugiu em direção à orla de Coqueiral de Aracruz. Posteriormente, a partir das imagens do cerco inteligente do município, foi possível verificar que o destino do assassino era uma casa na mesma região.
Após cercar a área, a polícia aguardou, de acordo com a Polícia Civil, por um amparo jurídico para que pudesse entrar na residência. Em depoimento, o adolescente informou que planejava atacar escolas havia dois anos. O motivo, no entanto, não foi esclarecido até o momento.
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