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Quarta vítima de ataque a escolas de Aracruz é sepultada na Serra

Quarta vítima de ataque a escolas de Aracruz é sepultada na Serra

Flávia Amboss Merçon Leonardo era professora da escola Primo Bitti e teve a morte confirmada pela Sesa neste sábado, um dia após ataques que provocaram a morte de outras três pessoas

Publicado em 27 de novembro de 2022 às 11:12- Atualizado há 2 anos

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Velório da professora Flávia Leonardo, morte em ataque a escola de Aracruz, no cemitério Jardim da Paz, na Serra.
Velório da professora Flávia Leonardo, morte em ataque a escola de Aracruz. (Caíque Verli)

Familiares e amigos se despediram neste domingo (27) da professora Flávia Amboss Merçon Leonardo, morta aos 38 anos pelo atirador que invadiu duas escolas a tiros na manhã de sexta-feira (25) em Coqueiral de Aracruz, no Norte do Espírito Santo. Ela foi a quarta vítima fatal do ataque do atirador de 16 anos e teve a morte confirmada na tarde de sábado (26).

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Flávia foi atendida ainda em Aracruz pelo Samu e transferida para o Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, na Serra. Na tarde deste sábado, Flávia não resistiu e faleceu.

Os ataques deixaram outras três pessoas mortas. As duas primeiras na escola estadual; e a terceira, uma adolescente, na escola particular:

O velório foi realizado até por volta das 15 horas no Cemitério Jardim da Paz, na Serra, na sequência foi realizado o sepultamento. Segundo informações do repórter Caíque Verli, da TV Gazeta, o governador Renato Casagrande (PSB) mandou uma coroa de flores,  assim como a escola onde ela dava aula, Primo Bitti, de Coqueiral de Aracruz.

Coroa de flores enviada pelo governador Renato Casagrande ao velório da professora Flávia Leonardo
Coroa de flores enviada pelo governador Renato Casagrande ao velório da professora Flávia Leonardo. (Divulgação)

Amigos de Flávia do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Espírito Santo, do qual a professora era integrante, falaram sobre a perda da colega companheira do movimento que pede reparação dos impactos no Rio Doce do rompimento da barragem da Samarco em Mariana, ocorrido há sete anos.

Eles destacaram o quanto Flávia era estudiosa e lembraram que ela tinha acabado de finalizar o doutorado em Sociologia, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).  

Heider Boza, coordenador do MAB, fala sobre colega Flávia Leonardo, professora morta no ataque a escola em Aracruz
Heider Boza, coordenador do MAB foi ao velório da professora Flávia. (Caíque Verli)

Heider Boza, coordenador do MAB, disse que todos os colegas estão chocados com o atentado e lembrou que Flávia era uma pessoa muito responsável, ética, correta e dedicada ao trabalho. Ela integrou o MAB porque quando ocorreu o rompimento, em 2015, Flávia e o companheiro viviam em Regência, litoral de Linhares, na foz do Rio Doce e tinha arrendado uma pousada já poucos meses.

Aspas de citação

É algo inacreditável. As pessoas podem partir da vida de várias formas. Mas dessa forma nunca e com um atentado desse tipo. Para nós, é o reflexo do que o Brasil está vivendo. Essa sociedade onde pessoas acham que armas protegem vidas. E eu acho que agora está bem provado que você tem uma função muito específica de uma arma de fogo e tirar a vida

Heider Boza
Coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Aspas de citação

Já Marcos Tadeu, também integrante do MAB, destacou que Flávia era uma militante ativista, dedicada e estudiosa, tendo contribuído muito na luta dos atingidos no Espírito Santo.  "Por isso que a gente cobra Justiça e uma apuração dos fatos de forma incisiva", frisa.

Marcos conta que Flávia era muito participativa no movimento, principalmente envolvendo a causa das mulheres e que inclusive no fim de semana passado esteve em Regência para desenvolver uma atividades com as mulheres do local.

O ataque

O ataque a duas escolas em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, tirou a vida de quatro pessoas e deixou mais de 10 feridos na manhã de sexta-feira (25). O atirador, que é um adolescente de 16 anos, conseguiu se deslocar por cerca de um quilômetro entre as duas escolas e fazer novas vítimas antes mesmo que a informação sobre o ataque à primeira unidade de ensino viesse à tona.

A pistola utilizada pelo atirador contra as vítimas da Escola Primo Bitti é de propriedade do Estado e estava à disposição do pai dele, que é policial militar. Após cometer os crimes, o atirador saiu correndo pelo portão da escola particular, entrou no carro e fugiu em direção à orla de Coqueiral de Aracruz. Posteriormente, a partir das imagens do cerco inteligente do município, foi possível verificar que o destino do assassino era uma casa na mesma região.

Após cercar a área, a polícia aguardou, de acordo com a Polícia Civil, por um amparo jurídico para que pudesse entrar na residência. Em depoimento, o adolescente informou que planejava atacar escolas havia dois anos. O motivo, no entanto, não foi esclarecido até o momento.

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