Entre os moradores do residencial São Roque, em Cariacica, atingido pelo desabamento de duas caixas d'águas duas semanas após a entrega das chaves, o clima às vésperas da chegada de 2021 é de tristeza, desespero e insegurança com o que vem pela frente. O réveillon de 40 famílias desalojadas será em casas de parentes, amigos ou em hotel pago pela construtora responsável pela obra.
Moradora de um dos apartamentos interditados pela Defesa Civil, a autônoma Renilda Soares, de 27 anos, está morando de favor na casa da cunhada e ainda não sabe quando vai conseguir voltar para casa.
"Ontem, eles deixaram a gente subir 20 minutos apenas para pegar os principais pertences. Peguei um pouco de roupa, perfumes e a minha televisão. É um fim de ano estranho, mas hoje estou mais tranquila. Eu nasci de novo porque por pouco quase passo o réveillon morta", comentou Renilda, que estava dormindo em casa no momento do desabamento e precisou sair correndo do prédio, apenas com o pijama no corpo.
Os moradores que ficaram nos prédios liberados precisaram lidar com outro problema: a falta de gás e água, já que o abastecimento foi suspenso na manhã dessa quarta-feira (30), após a queda das estruturas. A dona de casa Débora Barbosa disse que jamais imaginaria passar por uma situação dessas às vésperas da virada do ano.
"Eles instalaram algumas caixas d'águas provisórias. Para pegar a água, a gente precisa ir fora de casa com um balde e ficar carregando o balde no condomínio. O gás foi retomado hoje por volta de 12h30, mas ainda não chegou em todas as casas. É um réveillon triste, duas semanas depois da gente conquistar o sonho da casa própria", lamentou Débora.
A diarista Chirley Janey Souza Correia, 47 anos, é uma das moradores com mais prejuízos. Ela é dona de um dos apartamentos que tiveram a parede destruída pela estrutura de aço que desabou. Perdeu quase tudo. Só conseguiu salvar a geladeira, o fogão e a máquina de lavar. A diarista teve que alugar uma casa por 15 dias, no valor de R$ 250, para ficar provisoriamente com o filho de 3 anos, que tem síndrome de Down.
"Eles (a empresa construtora) ofereceram um hotel, mas preciso ficar perto de lá porque deixo meu filho com uma cuidadora lá perto. Mas também não tenho como pagar aluguel por muito tempo. Um representante da prefeitura disse que a empresa vai me ressarcir e assim espero. Nunca pensei que estaria com esses problemas todos em plena virada de ano", desabafou Chirley.
Em nota, a Defesa Civil Municipal informou que participou de uma reunião no condomínio São Roque, em Padre Gabriel, em Cariacica, na manhã desta quinta-feira (31). No encontro, participaram: o dono da empresa Cobra Engenharia, representantes da Caixa, da Defesa Civil Estadual e da empresa responsável pelo fornecimento de gás no condomínio.
Dois engenheiros da Cobra, segundo a Defesa Civil, estão no condomínio, juntamente com um engenheiro da Caixa, para realizar vistoria nos apartamentos dos blocos cinco e seis, que foram danificados com a queda das caixas dágua. Na segunda-feira, dia 4, os engenheiros realizarão perícia técnica nas duas torres das caixas dágua e, posteriormente, será realizada remoção.
No que se refere à volta do abastecimento de gás, a empresa de gás, está providenciando o retorno, de acordo com a Defesa Civil. Enquanto isso, para que os moradores não fiquem sem alimentação, a Defesa Civil afirma que está sendo oferecido pela construtora café da manhã e almoço. Com relação ao abastecimento de água, foram instaladas quatro caixas dagua de 20 mil litros no condomínio.
Já a Cobra Engenharia garantiu que está fornecendo os cuidados necessários para os moradores, incluindo fornecimento de água potável e alimentação e hospedagem. Afirmou que o fornecimento de gás já foi retomado, mas que segue distribuindo café-da-manhã, almoço e janta porque os moradores ainda estão sem água.
O abastecimento de água ainda não foi retomado porque a empresa diz que precisa comprar uma bomba, que está em falta no mercado. A Cobra Engenharia afirmou que está providenciando carros pipa para o condomínio para abastecer as caixas d'água que foram colocadas no residencial.
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