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Quase um terço dos municípios do ES não investiu em cultura em 2021

Quase um terço dos municípios do ES não investiu em cultura em 2021

Confira quais foram as cidades que não destinaram ou não usaram verba reservada para a área da cultura

Publicado em 22 de dezembro de 2022 às 20:02

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Cidades sem investimento em cultura
Teatro vazio: 24 cidades do Espírito Santo não gastaram um real com cultura em 2021. (Criado por Inteligência Artificial por StabilityAI)

Quase um terço dos municípios do Espírito Santo não destinou verba no orçamento para cultura em 2021. Foi o que apontou a  Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic 2021), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento apontou que 18 municípios (23,1%) nem sequer tinham previsão orçamentária para a área de cultura naquele ano e outras seis cidades não executaram nem um real do orçamento previsto para a área cultural. Somadas, são 24 das 78 cidades do Estado sem verba destinada para o setor, o que equivale a 30,08%.

A pesquisa não questionou os valores investidos pelos municípios, mas sim a porcentagem do que foi executado na área dentro do orçamento previsto para o ano. O levantamento apontou que 11 municípios executaram mais de 90% do previsto e outros três entre 81% e 90% do orçamento.

Quase metade das cidades capixabas não investiu mais de 60% do valor que tinha sido destinado para a área cultural. Nessa lista estão municípios da Grande Vitória como Vitória, que executou 51% a 60% do programado e Serra, entre 21% e 30%.

Segundo o IBGE, os municípios sem orçamento são:

  • Águia Branca,
  • Alto Rio Novo
  • Atilio Vivacqua
  • Barra de São Francisco
  • Brejetuba
  • Conceição do Castelo
  • Fundão
  • Ibatiba
  • Iconha
  • Irupi
  • Itaguaçu
  • Marechal Floriano
  • Marilândia
  • Mimoso do Sul
  • Montanha
  • Rio Bananal
  • São Domingos do Norte
  • Sooretama

E os outros seis que executaram 0% do orçamento previsto são:

  • Água Doce do Norte 
  • Bom Jesus do Norte 
  • Governador Lindenberg 
  • Guaçuí 
  • Ibitirama 
  • Muniz Freire

Só 11,7% das cidades tinham secretarias dedicadas exclusivamente à área cultural. Nas demais, o tema é compartilhado com outros como Esportes, Lazer e Turismo. 

De acordo com o IBGE, o orçamento previsto e executado da área da cultura é um indicador importante que mostra, de forma concreta, a implementação de sua respectiva política pública, bem como as limitações e possibilidades do ente federado municipal para realizá-la.

As festas, celebrações e manifestações tradicionais e populares foram as atividades culturais que mais contaram com o apoio financeiro dos entes municipais, segundo a Munic 2021. Cerca de 60,7% dos municípios que gastaram algum recurso com cultura o fizeram nessas ocasiões; 57,1% dos municípios deram apoio financeiro a apresentações, oficinas, festivais ou lives musicais on-line.

Questionada sobre a falta de investimento, a Associação dos Municípios do Estado do Espírito Santo (Amunes) ressalta que compete a cada município a previsão de orçamento e destinação dos recursos para as diferentes áreas.

Impactos na cultura local

A falta de investimento em cultura não é apenas problema do âmbito municipal, avalia o professor de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Klaus'Berg Bragança. Para ele, a área cultural passou muita dificuldade não só pelos impactos da pandemia, como também pela falta de investimentos do governo federal.

Aspas de citação

A cultura é necessária e deve ser financiada pelo poder público. Quando se investe em cultura se investe em cidadania, em memória e em futuro. Um povo sem cultura é fadado ao esquecimento

Klaus'Berg Bragança
professor do Departamento de Comunicação da Ufes
Aspas de citação

Sobre a situação dos municípios, o professor destaca que são nas cidades e nos bairros que as pessoas vivem, onde elas sentem os efeitos da cultura e conhecem seus artistas em várias áreas – seja na música, teatro ou exposições – no dia a dia.  

Outra questão levantada pelo professor é o acesso aos recursos disponibilizados pelos municípios e fala ainda sobre a necessidade de investir em capacitação para se formar agentes produtores culturais para captar esse tipo de recurso.

"Seria importante investir em oficinas para elaboração de projetos culturais para que mais artistas tenham acesso aos recursos disponibilizados. Capacitação é educação e vai ajudar a descentralizar os recursos públicos. Assim, as pessoas vão se sentir integradas às políticas públicas e os artistas vão entender que não precisam fazer a arte do bolso deles, pois é uma obrigação do poder público", afirma.

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