Há dois anos, um grave acidente com um ônibus de estudantes tirou a vida de duas universitárias e deixou outras dezenas de passageiros feridos na rodovia ES 181, na Serra de Anutiba, no interior de Alegre, na Região do Caparaó. Na época, a conclusão do inquérito policial apontou que o veículo não apresentava condições mínimas necessárias para uma condução segura.
No dia 22 de novembro de 2018, o ônibus seguia com 28 estudantes, de Muniz Freire para duas universidades de Alegre, na região do Caparaó. Testemunhas contaram para a Polícia Militar que o motorista do ônibus - que também é proprietário do veículo, dono da empresa - teria perdido o controle em uma curva e, para não cair em uma ribanceira, manobrou para tentar voltar para a pista. O coletivo tombou e deslizou por alguns metros antes de parar.
Além de pneus carecas, também havia amarrações nas peças do veículo. O ônibus estava com o licenciamento vencido e o motorista não tinha autorização para fazer transporte escolar.
Tereza Fasta da Silva Neta, de 20 anos, morreu no local do acidente e Joilma Couto Cazzador, 40 anos, faleceu a caminho do hospital. 24 pessoas ficaram feridas. A estudante de psicologia Sara Lima dos Santos, que na época tinha 18 anos, foi uma delas. Ela teve um dos braços amputados no momento da batida.
Sara morava no interior de Muniz Freire, mas para tranquilizar a família e não precisar mais se deslocar todos os dias até a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre (Fafia), hoje reside em Alegre. Ela conta que as vítimas do acidente ainda se reencontram, pois continuaram os estudos.
Não tenho rancor. Minha perda foi leve diante das famílias que perderam entes queridos, como a Jô que tinha uma filha pequena. Para elas, saber que o culpado está livre, é complicado, afirma a estudante.
O delegado à frente do caso na época, Ricarte Teixeira, indiciou o motorista e dono da empresa José Roberto Pinheiro por dois homicídios dolosos (por assumir o risco devido às más condições do veículo), quatro lesões corporais graves, uma lesão corporal gravíssima e sete lesões corporais leves. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) pediu a prisão dele, mas foi negada pela Justiça. A promotoria de Alegre recorre da decisão e o caso segue em tramitação na Justiça, sem condenados.
Em nota, o escritório Pavesi e Cassa Advogados Associados, por meio da advogada Elaine Sobreira, responsável pela defesa de José Roberto Pinheiro, informou que o processo ainda está na sua fase inicial. Afirmou ainda que o motorista e proprietário da empresa sempre esteve aberto ao diálogo com as vítimas, ressaltando que o acidente se tratou de uma fatalidade, tendo inclusive como vítima a sua esposa que também estava no ônibus.
A defesa, ao ser intimada do recurso ministerial, requereu, o não provimento do mesmo, em razão do fundamento utilizado para o pedido de prisão não constituir-se dentro das previsões legais do artigo 312 do Código de Processo Penal. Assim, a defesa informa que o processo está em fase de análise deste recurso do pedido de prisão e ainda não julgado pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Espirito Santo.
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