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Queda de mortes, aumento de casos: entenda os números da Covid no ES

Queda de mortes, aumento de casos: entenda os números da Covid no ES

O fato de mais pessoas voltarem a ser infectadas pelo vírus não significa, necessariamente, que elas são suscetíveis a complicações e mortes

Publicado em 28 de setembro de 2020 às 11:38

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Máscara e mapa do ES
(Teddy Rawpixel/Rawpixel/Montagem Editoria visual)

Nos últimos dias, o Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) avaliou que se se a Covid-19 mantiver as características de média de mortes do momento, o Espírito Santo pode registrar menos de uma morte por dia em novembro. Ao mesmo tempo, a taxa de transmissão (RT) do novo coronavírus na Grande Vitória voltou a crescer. 

As duas informações, porém, não são conflitantes.  Isso porque o fato de mais pessoas voltarem a ser infectadas pelo vírus não significa, necessariamente, que elas são suscetíveis a complicações e mortes.  Mas, então, como entender esses números? 

Atualmente,  o Espírito Santo segue um ritmo de redução lenta, gradual e contínua no número de óbitos. De acordo com o NIEE, o Estado registra média móvel de mortes – óbitos calculados em um determinado período – de 8,86. 

O professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e membro do NIEE, Etereldes Gonçalves, avaliou que se a doença mantiver as características do momento, o Estado pode registrar média móvel abaixo de 1.

Paralelo a isso, a taxa de transmissão (RT) do novo coronavírus na Grande Vitória voltou a crescer e está maior que nos municípios do interior do Espírito Santo. Segundo os dados do NIEE, essa diferença não era percebida, pelo menos, desde o dia 10 de julho. 

Para Etereldes Gonçalves, esse aumento pode estar relacionado ao aumento da interação social entre as pessoas. O acréscimo, porém, ainda não se refletiu em um dado importante: o número de óbitos.

"A taxa de transmissão voltou subir, o que significa que na curva de casos a descida está ficando menos íngreme. Quanto mais próximo de 1 na taxa de transmissão durante essa descida, significa que a declínio está ficando mais lento. Se ficar acima de 1, aí sim significa que está subindo. Atualmente estamos 0,9, mas é possível que a partir do dia 18 de outubro a gente chegue a 1. Isso não é uma coisa desesperadora. A Grande Vitória teve uma queda de mais de 80% desde e quando chega lá embaixo é natural ter uma descida mais lenta, formando um novo efeito platô. O risco é a taxa ficar acima de 1".

NÚMEROS PODEM MUDAR

Para Etereldes, é preciso que o Estado fique atento nos próximos dias para identificar se esse aumento na taxa de transmissão é uma variação natural que aconteceu outras vezes ou se é um acréscimo mais sustentado de casos que vai implicar no aumento de óbitos. Ele explicou que o efeito platô do RT teve início a partir do dia 11 de setembro, após um período de feriado, onde as pessoas tiveram mais interação social. 

"A velocidade da contaminação pode ter uma descida menos íngreme e mais lenta,  mas isso não significa que o número de óbitos vai ter o mesmo movimento nesse momento. Talvez esse platô do RT represente uma população menos suscetível e mais jovem, não impactando no número de mortes. Se impactar, será visto nas próximas semanas.  É preciso tempo para perceber o que vai acontecer na curva de óbitos. A análise que fizemos sobre menos de uma morte em novembro foi baseada na evolução da pandemia até agora, com os números anteriores, com a curva descendente. Hoje, continuamos com a mesma análise. Mas se a curva voltar a subir, esse número pode ser diferente", explicou. 

Etereldes completou que embora a taxa de transmissão esteja atualmente abaixo de 1, e as pessoas socializando cada vez mais, ainda é essencial manter os cuidados de distanciamento social, higiene das mãos e uso correto de máscaras. 

"Atualmente a contaminação vem crescendo e os óbitos caindo. O impacto da curva de casos não chegou na curva de óbitos. Pode nem haver alteração nos números de mortos, como também pode acontecer um aumento nos próximos dias. Mas demora um tempo para percebermos esse impacto. Não é imediato.  Esse fenômeno ocorre em um prazo de 12 a 14 dias. O ideal era que a taxa de transmissão descesse para zero. Mas isso não vai ocorrer. Ao mesmo tempo, também não acredito em um novo grande aumento, uma nova onda, pois nenhum cenário que simulamos apresentou isso. Mas vale lembrar que as simulações são hipotéticas.  Com tantas incertezas, o ideal é não se contaminar, pois a doença é como uma roleta russa".

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