Maus-tratos, abandono de incapaz, agressão física, negligência e exploração financeira. Infelizmente esses crimes fazem parte da rotina de parte dos idosos no Espírito Santo. Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos mostram um crescimento de mais de 70% nas denúncias de violência contra a pessoa idosa em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a junho de 2023 foram contabilizadas 1.322 queixas, enquanto o primeiro semestre de 2024 terminou com 2.255 ocorrências registradas, uma média de 12 casos por dia.
Além dos crimes citados, frequentemente os idosos são alvo de golpes, uma vez que criminosos se aproveitam da falta de conhecimento digital deles. Os golpistas se passam por bancos e credoras para tentar roubar dinheiro, e ainda o chamado 'golpe do amor', em que uma pessoa finge ter um envolvimento romântico com a vítima, na intenção de se apossar de bens e obter vantagens financeiras.
A Delegacia Especializada de Proteção à Pessoa Idosa (DEPPI) atende ocorrências desse tipo na Grande Vitória. Contudo, a delegada Milena Gireli reforça que a denúncia pode ser feita em qualquer delegacia e outras instituições que vão encaminhar a ocorrência para a unidade.
É preciso considerar que as vítimas podem ter dificuldades de se deslocarem até à polícia sozinhas e também porque 80% dos casos de violações acontecem dentro de casa e os suspeitos são membros da própria família. As vítimas podem procurar os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), e os Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), que estão preparados para lidar com essas situações.
O Disque 100 e o Disque 181 também estão disponíveis e, por meio desses contatos telefônicos, podem ser dadas as devidas orientações e é prestado atendimento à pessoa idosa no combate a violência. Há ainda a possibilidade de buscar ajuda em locais de Pronto Atendimento (PA) ou em algum hospital, que muitas vezes é o único lugar onde o agressor leva a vítima, conforme orienta a delegada.
A titular da DEPPI explica ainda que essa relação comum entre vítima e agressor, faz com que a pessoa idosa tenha uma resistência ao denunciar o familiar, e que mesmo nos casos onde o boletim de ocorrência é feito, muitas violações são omitidas, porque a pessoa que sofre a agressão não quer prejudicar o parente.
O secretário Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (CEDDIPI), Mansour Cadais, ressalta a importância de garantir a dignidade desse grupo, oferecendo os cuidados especializados e acompanhamento médico e psicológico. Outro fator importante, segundo o membro do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi-ES) é a necessidade da inclusão e do acolhimento familiar e social, contribuindo com o seu bem-estar, porque é muito comum que a pessoa idosa se sinta um fardo para todos a sua volta.
No Espírito Santo, os idosos representam 11% da população, e esse número vem crescendo nos últimos anos. O secretário finaliza destacando a relevância das políticas públicas voltadas para a população da terceira idade para que as demandas dessa população sejam atendidas.
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