Investigados por contratar advogados para repassar recados a comparsas em liberdade, cinco membros presos da facção criminosa Primeiro Comando de Vitória (PCV) foram transferidos do sistema prisional capixaba para um presídio federal. A informação foi passada pelo Ministério Público Estadual e faz parte da Operação Armistício, deflagrada na manhã desta segunda (19), que apura a comunicação indevida. O local para onde o grupo foi levado não foi informado.
De acordo com o MPES, a determinação judicial estadual e federal de transferência dos cinco detentos foi efetivada nesta manhã. Com isso, os cinco presos foram transferidos da Unidade de Segurança Máxima Estadual para o Sistema Prisional Federal. De acordo com as investigações, alguns dos envolvidos no esquema tiveram mais de 80 advogados em um ano e meio, e alguns desses advogados passaram, em conversas dentro das unidades prisionais, mais de cinco horas corridas.
“A operação de transferência teve apoio do Grupo Especial de Trabalho em Execução Penal do Ministério Público (Getep), do Comando-Geral da PMES, da Secretária de Justiça e da Secretaria de Segurança Pública do Governo do Estado do Espírito Santo, do Departamento Penitenciário Nacional do Governo Federal (Depen) e da Polícia Federal, que providenciou a aeronave que levou os presos”, informa a nota enviada pelo MPES.
CARLOS ALBERTO FURTADO
Carlos Alberto Furtado também é conhecido como “Nego Beto”, “NB”, “Beto” ou “Murunga”. Condenado a 54 anos e 08 meses de reclusão. Estava custodiado em regime fechado na Penitenciária de Segurança Máxima II (PSMA II), em Viana. Permaneceu na Penitenciária Federal de Mossoró de 09/10/2015 a 09/12/2016. Beto lidera a organização criminosa que domina o Complexo da Penha, o Primeiro Comando de Vitória (PCV), e o seu braço armado, o Trem Bala, ambas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A informação faz parte de uma denúncia do Ministério Público Estadual apresentada à Justiça. Na ação, Beto é descrito como uma pessoa “articulada, inteligente, com estratégias claras de alianças com outros detentos”
GEOVANI DE ANDRADE BENTO, O VANINHO
Geovani de Andrade Bento é conhecido como Vaninho”, “Vanin”, “Magrelo”, “Grilo” ou “MG”. É irmão de João de Andrade. Vaninho está preso provisoriamente desde fevereiro do ano passado, depois de ter sido preso pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Guarapari. Estava custodiado na Penitenciária de Segurança Máxima II (PSMA II), em Viana. É considerado uma das lideranças do PCV. Junto com Fernando Moraes, o Marujo, Vaninho era um dos principais aliados em liberdade de Carlos Alberto Furtado, o Beto.
JOÃO DE ANDRADE, O JOÃOZINHO DA 12
João Andrade também é conhecido “Joãozinho da 12” ou “Paizão”. Foi condenado a 21 anos e 10 meses de reclusão. Cumpria pena em regime fechado na Penitenciária de Segurança Máxima II (PSMA II), em Viana. Conforme reportagem publicada por A Gazeta em fevereiro do ano passado, foi apontado que Joãozinho estava na lista dos que queriam a posição de comando do PCV. Do lado de fora contava com o apoio de seu irmão, Vaninho, preso no ano passado.
GIOVANI OTACILIO DE SOUZA, O PARAÍBA
Giovani Otacílio de Souza, o Paraíba, foi condenado a 128 anos, 5 meses e 5 dias de reclusão. Foi preso em 2017 com drogas, munições e armas, entre elas uma pistola banhada a ouro. Na ocasião foi detido com um comparsa. Os dois foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPES) pelo assassinato de uma vítima que acabou sendo enterrada como indigente, sem nunca ter sido identificada. Estava custodiado em regime fechado na Penitenciária de Segurança Máxima II (PSMA II), em Viana.
PABLO BERNARDES, O GELÉIA
Pablo Bernardes, o Geléia, foi condenado a 7 anos de reclusão, além de prisões provisórias decretadas em ações penais. Estava custodiado em regime fechado na Penitenciária de Segurança Máxima II (PSMA II), em Viana. Em junho do ano passado, foi preso em um apartamento de frente para o mar, em Bento Ferreira, Vitória. De acordo com a polícia, ele é suspeito de ser o chefe do tráfico de drogas no bairro Jesus de Nazareth, também na Capital.
A Operação Armistício, coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, resultou em mandados de prisão contra nove advogados.
Eles são suspeitos de repassar ordens de criminosos que estão presos para comparsas que estão na rua. Os advogados presos ficarão com tornozeleira eletrônica em prisão domiciliar. Ao todo, foram cumpridos 37 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão na Grande Vitória, Aracruz e São Mateus.
De acordo com o Ministério Público, até as 17h desta segunda-feira (19), seis mandados de prisão contra os advogados haviam sido cumpridos. Outro advogado havia se entregado. Os dois restantes ainda não foram encontrados.
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