A média de idade dos pacientes que morreram por Covid-19 subiu de 59 para 65 anos no Espírito Santo. O dado foi apontado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que analisou as características dos últimos 100 óbitos provocados pelo novo coronavírus até o dia 29 de setembro deste ano.
A informação foi divulgada pelo secretário Nésio Fernandes, nesta quinta-feira (1º), através das redes sociais. Segundo ele, a equipe de Vigilância em Saúde comparou dados acumulados do início da pandemia com os óbitos dos últimos 90 dias.
Além da idade média, que aumentou, o secretário pontuou que, dos últimos 100 óbitos analisados, 52% ocorreram na rede privada/filantrópica e 48% na rede pública; metade das vítimas era mulher, metade homem; 54% eram da Região Metropolitana, 17% do Sul e Centro; 11% do Norte; e 1% de outro Estado. Sobre os locais das mortes, 100% dos óbitos ocorreram no hospital e, portanto, nenhum em domicílio.
"A mediana de idade subiu de 59 para 65 anos, comparando os dados acumulados do início da pandemia com os últimos 90 dias. É preciso reforçar o alerta nas medidas de proteção aos idosos", publicou o secretário.
Nésio ainda afirmou que o número de casos tende a aumentar com a mudança de critério de testagem e a investigação dos contatos domiciliares dos casos. Os resultados o inquérito sorológico de mais de 22 mil alunos e trabalhadores da educação nas próximas semanas, ressaltou o secretário, também devem contribuir para o crescimento.
"Analisando o Painel Covid-19, vemos que encerramos setembro em queda de óbitos/casos acumulados e, ainda que podendo variar nos próximos 15 dias, não mudará a característica de queda", assegurou.
Porém, ele completou que além da testagem ampliada e dos censos/inquéritos escolares, existe um aumento explícito da exposição ao risco por parte da população e isso também implicará em mais casos.
"As aglomerações dos feriados, festas e outras indisciplinas sociais irão repercutir em casos, e também alimentar a nossa prevalência. Ocorrendo descontrole generalizado, as internações e óbitos podem voltar a crescer. Neste contexto, com ou sem aumento de óbitos, o cálculo do Rt (taxa de transmissão) irá sofrer influência explícita e esperada. Chamar de segunda onda ou persistência da primeira dependerá dos conceitos de quem avalia. Quanto mais ricas e profundas as interpretações, melhor para novas sínteses", avaliou.
Nésio usou Vitória como exemplo para comentar o aumento explícito de casos na média móvel de 14 dias, apresentando estabilidade ou queda lenta no comportamento de óbitos com menos de 1 por dia. "Com os inquéritos e a investigação de contatos, deve crescer ainda mais em casos observados", estimou.
Ele explicou, ainda, que o desenho piramidal da curva de óbitos de Vitória é diferente de outros municípios. "A Capital testou bem seus casos, organizou a atenção básica com boa cobertura, o serviço 156 funciona com qualidade e agora seguramente irão testar amplamente os contatos", ponderou.
No comportamento da queda de casos e óbitos, ele afirmou que o Estado já teve momentos de interrupção, com breve estabilidade seguida de queda. Segundo o secretário, em algum momento haverá uma prevalência num piso de casos que somente a vacina ou tratamento específico poderá reduzi-la radicalmente.
"O contexto da pandemia no Espírito Santo é de baixo risco; vivemos a fase de recuperação. No entanto, o comportamento de alto risco, como aglomerações, não usar máscaras, não zelar pelos grupos de risco, contato físico e não lavar as mãos, aumenta a probabilidade de contágio a quem se expuser", afirmou.
Segundo o secretário, enquanto o comportamento das internações e óbitos seguirem em queda, não impedindo a variação positiva de casos observados - do ponto de vista sanitário, as atividades econômicas e sociais não serão restringidas.
"Comparando os gráficos: 14 dias de média móvel de óbitos diários por Covid-19 X ocupação por dia em UTI-Covid, esta última cai numa velocidade menor, não obstante, a queda mais acentuada do número de óbitos. Cuidamos melhor e seguimos internando o paciente em tempo mais oportuno."
Nésio afirmou que, para preservar esse trabalho e conquistas, é preciso fiscalizar o cumprimento dos protocolos. Segundo ele, o apoio da sociedade e a disciplina individual serão fundamentais. Além disso, disse que penalizar estabelecimentos infratores será uma atitude pedagógica que poderá preservar vidas.
"Os contextos devem ser analisados por município. Caso em algum se reconheça descontrole pleno, e os casos ultrapassem a capacidade de bloqueio e aumentem os óbitos, cada gestor poderá tomar medidas precoces e complementares para além das qualificadas na matriz de risco", orientou.
Para finalizar, Nésio informou que a Sesa irá publicar um painel de monitoramento por unidade básica, bairro e município com o total de casos positivos e contatos intradomiciliares investigados, além de tecnologia para os municípios romperem com qualidade a cadeia de transmissão.
"Desde o início deste desastre epidemiológico, temos alertado que o leito hospitalar não salva todas as vidas. Não faltará acesso aos recursos da saúde, mas quem se expuser ao comportamento de alto risco de transmissão corre risco de vida. Seguimos colocando a vida como maior valor, a prudência como princípio, adotando equilíbrio e correspondência nas medidas, optando por melhores práticas de gestão com transparência nos dados e na defesa do interesse público", concluiu.
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