Em coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira (19), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, informou que o Espírito Santo poderá firmar uma parceria para que uma parte da fase 3 de testes da vacina italiana para combater o coronavírus do laboratório ReiThera seja realizada em território capixaba.
Segundo Nésio, as negociações estão em curso e dependem ainda de reuniões a serem realizadas com os desenvolvedores, além de medidas administrativas e políticas. A intenção é que 30 mil capixabas participem da fase 3 de testes do imunizante.
“Nós solicitamos a eles uma parceria para realizar o desenvolvimento da fase 3, com 30 mil capixabas. Então, aguardamos o avanço da negociação nos próximos dias, mas isso depende de diversas decisões administrativas, políticas e da formalização do acordo com eles”, destacou.
Segundo a infectologista Ana Paula Burian, apesar do governo ter se mostrado receptivo a receber o teste do imunizante, a escolha é exclusivamente da ReiThera, que vai escolher o local do seu Centro de Desenvolvimento de Pesquisas de acordo com a pesquisa que está em andamento. “O fabricante é o responsável por avaliar e definir onde a Fase 3 vai ocorrer”, salienta.
Burian acrescenta ainda que a vacina da ReiThera está sendo desenvolvida com a mesma tecnologia utilizada na fabricação da AstraZeneca, da Janssen e da Sputnik V.
“É uma vacina que ainda está na fase dois e, por isso, não tem como precisar quanto tempo pode demorar para os demais testes. Mas vale lembrar que essa tecnologia, que já é muito conhecida entre a comunidade científica, tem chances de ser aprovada. Quanto mais vacina para atender a população mundial, melhor”, acrescenta.
A empresa italiana de biotecnologia ReiThera desenvolveu uma vacina contra a Covid-19 chamada GRAd-COV2. O imunizante foi desenvolvido com a tecnologia adenovírus, que começa com a fabricação do vetor viral por meio do material genético de gorilas.
O processo de desenvolvimento de uma vacina por meio desta tecnologia começa com pesquisadores infectando células de origem humana, cultivadas em laboratórios, para que os adenovírus se repliquem. Depois de etapas de purificação, obtêm o DNA do vírus “selvagem”, base para “melhorar” o vírus com a utilização de várias ferramentas de engenharia genética por cientistas.
Em parceria com o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas Lazzaro Spallanzani, localizado em Roma, a ReiThera lançou o ensaio da fase 1 no final de julho de 2020. Em novembro do mesmo ano, a empresa anunciou que a vacina é bem tolerada pelo organismo humano e produz anticorpos contra o coronavírus.
Segundo a CEO da da ReiThera, Antonella Folgori, os resultados apresentados até o momento são promissores. “Ainda existe uma grande necessidade de uma vacina eficaz na Itália e em outras partes do mundo, apesar do lançamento global de vacinas aprovadas. As conquistas obtidas para desenvolver essas vacinas foram surpreendentes e estamos orgulhosos de poder contribuir para este programa global”, disse.
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