A corrida pelas vacinas ganhou um novo capítulo esta semana com a chegada de um primeiro lote ao Espírito Santo e a novidade animadora deixou a dúvida: quando é que toda a população capixaba será vacinada? Em entrevista à Rádio CBN Vitória (92,5 FM) nesta quarta-feira (20), o governador Renato Casagrande revelou que a vacinação só ganhará ritmo a partir de março, com a possível chegada de insumos ao Brasil — e que o Estado deve receber vacinas até o terceiro mês do ano "a conta-gotas".
Casagrande aproveitou para criticar a relação diplomática que o Brasil tem com os países que devem fornecer os insumos para fabricação da vacina. "Não temos muitas perspectivas porque a China e a Índia não priorizaram o Brasil no envio de insumos. Nossa preocupação é de que, de fato, não consigamos quantidade maior de doses a partir de março se a importação de insumos não acontecer", frisou. O próximo lote de vacinas que o Espírito Santo deve receber vai conter 70 mil doses, capaz de imunizar 35 mil capixabas.
"A relação diplomática do Brasil com os países é muito ruim, por questões, às vezes, infantis, ideológicas. Isso atrapalha, atrapalhou e efetivamente pode continuar atrapalhando", completou o chefe do Executivo estadual. Casagrande comenta que um grupo de 15 governadores enviou nesta quarta-feira (20) uma carta ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), pedindo que ele mantenha um diálogo diplomático com os países.
"Se ele (o presidente) liga para o primeiro-ministro indiano estabelecendo uma relação respeitosa de diálogo, isso ajudará para que países tenham a preocupação com relação ao Brasil. A China é o nosso principal parceiro comercial, precisamos ter maturidade nessas relações. Não podemos ter rompantes ideológicos e infantis", comentou o governador.
Casagrande relembra que a Fiocruz e o Instituto Butantan têm capacidade para produzir, cada um, 30 milhões doses de vacina por mês, mas que sem insumos, o país pode ficar "atrás" na corrida para imunizar todos os brasileiros. "O governo do Estado está em contato com diversos laboratórios, mas falta fornecedor. Já reservei recurso para comprar vacinas. Continuamos abertos e dialogando com laboratórios para, no decorrer do ano, possamos comprar vacinas", finalizou.
O Painel Covid-19, atualizado diariamente pela Secretaria de Estado da Saúde, ganhará uma nova aba — com informações esperançosas — esta semana. Casagrande afirmou que uma espécie de "vacinômetro" vai aparecer por lá, contabilizando o número de pessoas vacinadas no Espírito Santo.
"O Painel Covid será atualizado com o número de vacinados. O governo federal tem um sistema de lançamento, e o gestor municipal precisa lançar o nome e os dados da pessoa que recebe a vacina. Existe a plataforma, um sistema. Mas colocaremos isso no nosso Painel Covid, atualizado pela Sesa", afirmou o chefe do Executivo estadual.
Nesta primeira fase, o Espírito Santo recebeu do Ministério da Saúde cerca de 100 mil doses da Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês SinoVac. Ao todo, cerca de 48 mil pessoas receberão o imunizante — de acordo com Casagrande, este número representa apenas pouco mais de 1% da população do Estado capixaba, que tem pouco mais de 4 milhões de habitantes.
Sobre o número de pessoas imunizadas no Espírito Santo, Casagrande comenta que infelizmente o montante não deve afetar positivamente no mapa de risco, que estipula, sob cálculos, o grau de risco dos municípios.
"Tem três semanas de estabilidade, o número dos que testam positivo para o novo coronavírus tem reduzido um pouco. Número de contagiados também não tem crescido como antes. Mas o número de vacinados não vai interferir no mapa de risco", completou Casagrande.
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