O rejeito de mineração que atingiu o Rio Doce, após o rompimento de uma barragem na cidade mineira de Mariana, não será retirado. Segundo a Fundação Renova, o plano de manejo do material prioriza o tratamento dos dejetos no rio e em seu entorno, sem que ele seja retirado.
Segundo a fundação, mais de 80 especialistas foram reunidos para desenvolver o plano. Informa ainda que a retirada dos dejetos causaria um impacto ambiental ainda maior. O rejeito na?o e? to?xico, contendo essencialmente elementos do solo (rico em ferro, mangane?s e alumi?nio), si?lica (areia) e a?gua. O sedimento foi caracterizado como na?o perigoso em todas as amostras, segundo crite?rios da Norma Brasileira de Classificac?a?o de Resi?duos So?lidos, informa a Renova, por nota.
A regia?o atingida abrange cerca de 670 km do curso do rio e foi dividida em 17 trechos. A partir daí, relata a Fundac?a?o Renova, foram definidas as ac?o?es e te?cnicas mais adequadas para a reparac?a?o de cada trecho, "a partir dos indicadores especi?ficos de cada parte, como volume, espessura e caracteri?sticas do rejeito, ale?m das condic?o?es do meio ambiente, informa.
Nos últimos cinco anos, aponta a fundação, foram recuperados 113 afluentes, que são pequenos rios que alimentam o alto do Rio Doce. Houve ainda controle de erosa?o de 808 hectares e reconformac?a?o de margens, por meio de obras de bioengenharia em plani?cies. Informa ainda que houve restauro florestal em a?reas de 436 hectares APPs e que 2 quilômetros de curso do Rio Gualaxo do Norte, em Minas Gerais, foram renaturalizados. Foi também instalada uma estac?a?o de tratamento natural na calha do Rio Gualaxo do Norte.
Pesquisas que monitoram o solo diretamente atingido pelo rejeito desde 2015, relata a fundação, mostraram que na?o ha? limitac?o?es ou riscos para o plantio em propriedades atingidas pelo rejeito da barragem de Funda?o e que receberam ac?o?es de reparac?a?o. Os estudos realizados e liderados pelo professor doutor da Universidade Federal de Vic?osa (UFV), Carlos Schaefer, especialista em solos, analisaram a qualidade produtiva do solo com rejeito. E na?o ha? impedimento para que os animais se alimentem do capim que nasce na regia?o ou para que seja feito plantio para consumo humano, destaca, em nota.
O trabalho foi realizado a partir de 60 pontos de coleta do solo, distribui?dos entre a barragem de Funda?o e a Usina de Candonga, ambas em Minas Gerais, e que geram amostras para ana?lises perio?dicas sobre a toxicidade do solo e a natureza do rejeito depositado.
Foram ainda plantados, sob o comandado do professor Sebastia?o Vena?ncio, doutor em bota?nica pela Unicamp e coordenador do Laborato?rio de Restaurac?a?o Florestal da UFV, 41 mil mudas de espe?cies nativas em 41,5 hectares de a?rea impactada. Foi observada uma boa taxa de crescimento das plantas cultivadas com tecnologias de ponta empregadas na restaurac?a?o, diz a nota.
Assinala ainda que a pesquisa constatou que o rejeito, apesar de pobre em alguns nutrientes, na?o representa um impedimento para a regenerac?a?o natural por na?o conter substa?ncias to?xicas.
Também estão sendo realizados experimentos com micro-organismos bene?ficos para que as mudas cresc?am com mais rapidez e vigor. Trabalho feito em parceria com a UFV, que desenvolve soluc?o?es para o plantio em a?reas impactadas pelo rejeito da barragem de Funda?o, sob a coordenac?a?o da doutora Maria Catarina Megumi Kasuya, especialista em microbiologia do solo.
Em campo, os pesquisadores selecionam bons micro-organismos, multiplicam e os introduzem nas mudas de plantas. Os micro-organismos ajudam no desenvolvimento das rai?zes e tambe?m auxiliam na inserc?a?o de nitroge?nio nas plantas, o que diminui a necessidade de adubac?a?o, informa a Renova.
Em relação à água do Rio Doce, a Renova informa que ela pode ser consumida apo?s passar por tratamento convencional em sistemas municipais de abastecimento. E? o que indicam os mais de 3 milho?es de dados gerados anualmente pelo maior sistema de monitoramento de cursos da?gua do Brasil, criado pela Fundac?a?o Renova em 2017 para monitorar a bacia do rio Doce, ale?m de zona costeira e estuarina, assinala, em nota.
Todas as informac?o?es geradas sobre as condic?o?es do rio sa?o compartilhadas com os o?rga?os pu?blicos que regulam e fiscalizam as a?guas do Brasil.
A ana?lise de amostras de a?gua e de sedimentos de diferentes pontos do Rio Doce aponta que a turbidez e a presenc?a de metais na a?gua registram me?dias semelhantes a?s do ini?cio de 2015 e que as condic?o?es da bacia sa?o similares a?s de antes do rompimento da barragem de Funda?o.
Segundo a Renova, a comparac?a?o e? possi?vel porque, anteriormente, a qualidade das a?guas era analisada pelo Instituto Mineiro de Gesta?o das A?guas (Igam), que iniciou o monitoramento em 1997.
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