Há cerca de dez dias, o nível do Rio Doce em Linhares, no Norte do Espírito Santo, começou a se estabilizar. Nas localidades da sede do município, a água baixou e os moradores puderam voltar para suas rotinas. Mas no interior, em Povoação e Brejo Grande, comunidades inteiras continuam ilhadas. Apenas em Brejo Grande são cerca de 200 famílias isoladas. Fazendas, casas, estradas e escolas ainda estão inundadas devido à cheia.
Em Linhares, o Rio Doce está em 3,50 metros, de acordo com a medição mais recente às 7 horas desta sexta-feira (25). Nível ainda acima da cota de inundação, que é de 3,45 m. Apesar de acima da cota, o volume é baixo em comparação ao que já foi registrado no início deste ano, 5,80 metros. A maior cheia desde dezembro de 2013, quando a água marcou 6,50 metros na régua.
Os impactos da inundação ainda deixam moradores desalojados. A dona de casa Denete Santos Gama é moradora de Brejo Grande, mas está há mais de dois meses fora de casa.
“Desde o dia 20 de dezembro estamos fora de casa, e não tem como voltar porque as estradas continuam alagadas. A água baixou, e achamos que iria resolver, mas encheu novamente”, relatou ao repórter Eduardo Dias, da TV Gazeta Norte.
O único jeito de atravessar as estradas alagadas é de trator. Mesmo assim, correndo o risco de o veículo cair em um dos buracos que foram abertos nas estradas por causa da inundação.
“Eu estou fora de casa, porque tenho onde ficar. Mas tem pessoas lá que não têm. E é muito difícil porque não dá mais para beber a água do poço, porque a água da enchente invadiu. Então tem que comprar, mas é muito difícil fazer esse percurso para comprar qualquer coisa”, afirmou a produtora rural Kelly Raquel Lopes.
A escola municipal da comunidade ainda está com o pátio inundado. Pais e estudantes reclamam que nenhum tipo de atividade extra foi enviada aos alunos. Lara Gama de Souza é estudante do ensino médio de uma escola estadual, mas não pode ir para a escola porque o ônibus escolar não consegue circular nas estradas.
"Ninguém passa tarefa. A escola não liga para minha mãe para saber como estamos. E eu fico sem estudar”, contou a estudante.
A Secretaria de Estado da Educação (Sedu), informou que os alunos das áreas inundadas que tiverem acesso à internet podem entrar em contato com a escola para receber o material de forma on-line. Já para os alunos que não têm essa opção, a Sedu informou que eles não terão prejuízo, e um esquema especial de ensino será aplicado para que esse aluno tenha todo o conteúdo até o final do ano letivo.
Em alguns pontos da comunidade de Brejo Grande, a estrada está mais funda e não dá para passar nem de trator. São cerca de 200 famílias que ficaram totalmente isoladas. Segundo apuração da TV Gazeta Norte, a previsão é de que a situação permaneça assim ainda por alguns dias, porque o nível da água diminui devagar.
Em Povoação, a situação também é crítica. A secretária de Assistência Social de Linhares, Luciana Amorim, informou que na comunidade os moradores podem contar com a assistência do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). “Nós orientamos a comunidade que toda a solicitação pode ser direcionada à extensão do CRAS de Povoação. E, a partir da próxima semana, nossa equipe voltará a prestar apoio à comunidade", afirmou.
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