Os números mostram que a situação da pandemia do coronavírus nos estados da Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro é preocupante em relação à realidade enfrentada no Espírito Santo. Diferente do atual cenário capixaba, algumas cidades das regiões vizinhas convivem com a determinação de lockdown - suspensão de atividades comerciais e restrição de circulação - e mais de 90% de ocupação dos leitos para tratar infectados.
Dados publicados pelas secretarias estaduais de Saúde nesta terça-feira (9) indicam que juntos os quatro estados somam 2.583.188 casos confirmados e 72.574 mortes provocadas pela Covid-19.
Depois de ter atingido 93% na segunda-feira (8), a taxa de ocupação das unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para Covid-19 na rede pública do município do Rio de Janeiro caiu para 90% nesta terça-feira (9), segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O percentual de vagas ocupadas por pacientes graves de Covid-19 começou o mês de março em 88% e, apesar da abertura de novos leitos, se mantém acima desse patamar. Nesta terça, 616 pessoas estavam internadas em leitos de enfermaria.
Em Minas Gerais, 26 cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte devem adotar, a partir desta terça-feira, toque de recolher entre 20h e 5h. A saída neste horário será autorizada para execução de serviços essenciais ou atendimento médico. A medida para conter o avanço da pandemia nos municípios mineiros foi discutida durante reunião que envolveu os integrantes da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel).
O boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura de Belo Horizonte nesta terça-feira indicou que dos 646 leitos de UTI exclusivos para pacientes com Covid-19 - público e particular - 85,3% estão em uso. No caso dos leitos de enfermaria, das 1.470 unidades disponíveis, 69,6% estão ocupadas.
De acordo com o boletim divulgado nesta terça-feira pela Secretaria de Estado da Saúde da Bahia, o Estado conta com 2.375 leitos ativos. Desse total, 1.843 estão com pacientes internados. Isso representa uma taxa de ocupação geral de 78%.
Já para atendimento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto são 1.175. Nesta modalidade, a ocupação é de 87% - 1.026 leitos ocupados. A taxa de ocupação dos leitos de UTI pediátrica é de 69%, com 25 das 36 unidades em utilização. As unidades de enfermaria adulto registram 68% da ocupação. A pediátrica tem ocupação de 63%.
O Painel de Ocupação de Leitos Hospitalares do Espírito Santo atesta que o Estado detém 79,83% da ocupação de leitos de UTI destinados para tratar casos de Covid-19. Na enfermaria, a ocupação é de 69,23%. Os dados são desta terça-feira (9).
No Painel Covid-19, consta que 6.610 óbitos foram provocados pelo coronavírus desde o início da pandemia, em março de 2020. Nas últimas 24 horas, foram identificados 1.364 novos casos, chegando a 337.582 pessoas no Espírito Santo.
Na avaliação de Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), o Espírito Santo não vive a mesma situação dos estados vizinhos por causa de ações como a expansão de leitos e a definição da matriz de risco, que determina uma série de medidas qualificadas a partir da classificação de contágio de cada cidade capixaba. Ele também é membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE).
Questionado quanto à possibilidade dessa explosão de casos confirmados, internações e óbitos impactar na realidade capixaba, Lira disse que as divisas não foram fechadas em nenhum momento da pandemia. Por isso, a circulação das pessoas também está no planejamento da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) com registro de possíveis atendimentos regionais.
"Agora é discutida a definição de uma coordenação nacional do governo federal em prol da vida do brasileiro. Estamos enfrentando o momento mais crítico da doença e isso requer um somatório de esforços, principalmente, na busca por vacinas", disse Lira.
O professor do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Domingos Alves, defende que "sem um controle das divisas, com a implantação de barreiras sanitárias, o Espírito Santo está sujeito a receber pessoas infectadas e ter a situação agravada".
O médico infectologista e doutor em Doenças Infecciosas, Crispim Cerutti Júnior, acredita que a evolução e o sucesso da campanha de vacinação e as medidas sanitárias são importantes ferramentas contra a propagação do vírus nas cidades capixabas.
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