A terra tremeu em Vitória nesta quinta-feira (2), mas não há com o que se preocupar. Quem garante isso é o sismólogo do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo, Bruno Collaço. Em entrevista à Rádio CBN Vitória, o especialista tranquilizou os moradores da Capital e também de todo o Estado em relação a danos maiores provocados por tremores de terra.
"Houve, sim, um abalo sísmico, terremoto ou tremor. Qualquer uma das nomenclaturas podem ser utilizadas para definir o fenômeno ocorrido, porém não há motivos para preocupação na região de vocês e também em todo o Brasil. Não tem uma explicação específica para ter ocorrido em Vitória. Esses tremores podem ocorrer em qualquer parte do Brasil. Foi uma coincidência mesmo. Na Região Sudeste, por concentrar um grande número de moradores, mais pessoas conseguem sentir os efeitos seguintes ao tremor", detalhou.
Essa justificativa para coincidência também é compartilhada pela doutora em Geologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Luiza Bricalli. Segundo ela, se o fenômeno tivesse ocorrido em outra região que não na Grande Vitória, provavelmente sequer seria notado. Apesar disso, a especialista afirmou, em vídeo, que este não foi o primeiro terremoto ocorrido aqui, nem o maior deles. Confira:
Entre os muitos relatos dos moradores da Capital e de outras cidades da região metropolitana, estão os sons semelhantes ao de uma trovoada, porém é algo natural e consequente de uma movimentação de placas, disse Collaço.
"Às vezes ele pode ser ouvido, não é raro, parece um barulho de explosão ou trovão. O sismo brasileiro são geralmente rasos, perto da superfície e geram esse ruído. Ocorre é que as pessoas não estão acostumadas, ainda mais em cidades grandes como em vitória. Então por não saberem o que está acontecendo, o fenômeno acaba associado a raios, trovadas, pensam em meteoros, entre outras coisas", complementou o sismólogo.
A tranquilidade dos especialistas em relação a terremotos maiores tem uma explicação clara. O Espírito Santo e o Brasil estão no centro da placa da América do Sul, portanto os riscos de um fenômeno de maior intensidade são raríssimas.
"O Brasil é abençoado, está no centro de uma placa tectônica, e maiores tremores são registrados nas bordas. Em compensação, a placa da América do Sul está sendo apertada por outras duas, uma perto do Chile e outra na África. Com a pressão dos dois lados, as rochas sentem a força e alguma hora essa tensão acumulada é tão grande que a rocha não segura e rompe, gerando vibrações na crosta terrestre. Ainda assim, a maioria deles nem são notados pelos sensores", salientou Bruno Collaço.
Nos últimos dias o Estado também contabilizou tremores, todos sem gravidade. Esse é o padrão dos abalos sísmicos que ocorrem por aqui e segundo o especialista da USP, fenômenos de até 3 graus de magnitude podem ocorrer mensalmente no Espírito Santo e também em todo o país.
"Os tremores anteriores em Vitória, ficaram entre 1,5 a 2 graus. A sensação de sentir a terra tremer tem mais a ver com a profundidade do que com a magnitude. Tremores de 2 e 3 dificilmente causam estragos, a não ser que a construção seja muito precária. As pessoas vão sentir e relatar o tremor, mas danos é muito difícil. No Brasil, É muito difícil acontecer um tremor maior, mais pode. Um tremor de grau 5 acontece a cada cinco anos. De magnitude 4 a cada dois anos, e de 3 para baixo pode ocorrer todos os meses. A imensa maioria não será percebida pela população", finalizou o sismólogo.
Segundo a doutora em Geologia da Ufes, o Espírito Santo conta com três sismógrafos, localizados na cidade de Rio Bananal, Guarapari e Barra de São Francisco. Estes aparelhos, contudo, não registraram o tremor em Vitória.
"Os três aqui do Estado não registram, mas isso pode ocorrer. Três sismógrafos de outros Estados, dois no Rio de Janeiro e um em Minas, captaram o tremor de terra. O capixaba pode ficar tranquilo. Tremores ocorrem todos os dias e a maioria deles nem são notados, são de baixíssima intensidade", concluiu.
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