Em protesto pedindo a volta dos cobradores nos coletivos, rodoviários estão impedindo a saída dos ônibus do Transcol da garagem das empresas na manhã desta segunda-feira (04).
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários), apenas conseguem deixar a garagem os coletivos com ar-condicionado e os micro-ônibus, que são aqueles que já não circulavam com cobradores antes mesmo da pandemia.
Há relato de manifestação em pelo menos quatro empresas (Praia Sol, Unimar, Serrana e Satélite), mas todas as viações estão com dificuldade para colocar os ônibus para circular.
Passageiros se aglomeram nos pontos de ônibus e tentam buscar soluções para chegar ao trabalho. Em um ponto no bairro Carapina, na Serra, há quem já cogite voltar para casa.
"Vou para Laranjeiras. Descobri agora que está sem ônibus. Se não passar, vou ter que voltar para casa", contou uma mulher à reportagem da TV Gazeta.
Os que tem mais sorte, contam com o transporte da própria empresa para chegar ao trabalho esta segunda-feira (04). "Cheguei aqui eram 7h, mas pego o ônibus da empresa. Só que tive que subir o bairro todo de Jardim Carapina a pé para vir até aqui, porque não tinha ônibus", disse outra passageira.
O sindicato protesta contra a manutenção da suspensão das atividades dos cobradores nos ônibus do Transcol. Esses profissionais foram afastados em maio e incluídos no programa de redução ou suspensão da jornada de trabalho.
Com o fim do programa do governo federal, esses cobradores retornaram ao trabalho, mas em outras funções, de acordo com decisão da Secretaria de Estado de Mobilidade e Infraestrutura. Segundo a Semobi, o afastamento dos cobradores de dentro dos ônibus está atrelado à duração da pandemia de coronavírus.
Dessa forma, o uso do Cartão GV vai continuar obrigatório nos ônibus do sistema Transcol. A portaria com as mudanças foi assinada na última segunda-feira (28) pelo secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno. Para justificar a decisão, a pasta cita a "necessidade de continuar mantendo as medidas emergenciais que possibilitem a redução do risco de contaminação no Transporte Público (Sistema Transcol) aos usuários e rodoviários pelo coronavírus".
O secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, criticou, em entrevista à TV Gazeta, a paralisação nos ônibus que teve início na madrugada desta segunda-feira (04). Segundo Damasceno, o movimento do sindicato dos rodoviários é uma ação "descabida e desproporcional". O secretário ainda relatou que as empresas de ônibus conseguiram uma liminar que proíbe os rodoviários de impedirem a saída dos ônibus das garagens.
"O afastamento dos cobradores foi uma medida de saúde, uma medida necessária, que visa preservar a saúde pública em razão da pandemia, mas também os empregos. Os cobradores ainda tem mais oito meses de estabilidade. Além disso, existe um acordo no Tribunal Regional do Trabalho inédito no país que garante estabilidade de mais 20 meses. Além de progressão, eles fazem cursos. Já temos mais de 300 cobradores que viraram motoristas, existe um plano de demissão voluntária", comenta Damasceno.
Procurado, o presidente interino do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários), José Carlos Sales, informou que ainda não teve ciência das liminares.
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