Na última semana, a morte de um jovem de 25 anos deixou em alerta moradores da cidade de São Mateus, no Norte do Espírito Santo. O rapaz, que não teve o nome divulgado, foi vítima de febre maculosa, uma doença causada por uma bactéria e transmitida pela picada de carrapato.
A área onde a vítima morava, Km 35 em São Mateus, está sendo monitorado pela Vigilância Ambiental. O protocolo visa a evitar possíveis surtos na região, já que o microorganismo fica circulando na natureza, principalmente em matas e pastos.
A febre maculosa é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Rickettsia rickettsii. Segundo a Fiocruz, ela é transmitido pela saliva de diferentes espécies de carrapatos no Brasil, mas o principal é o carrapato estrela, também conhecido como carrapato de cavalo, que pode picar animais e seres humanos.
A infecção, contudo, não é imediata à picada. Segundo o infectologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Crispim Cerutti Junior, o carrapato demora um tempo considerável para transmitir a bactéria para o ser humano. A Fiocruz estima pelo menos quatro horas.
"É importante que assim que a pessoa veja um carrapato na pele, o retire", recomenda o professor, alertando para alguns cuidados na hora da remoção.
"Se a pessoa aperta e puxa, ela pode acaba ajudando a espalhar aquele microorganismo. O ideal é que se use uma superfície aguda e fina, como um cartão de crédito, por exemplo, na posição contrária que o carrapato está fixado. Uma forma bem prática também é retirar com a ajuda de uma linha, também no sentido contrário", orienta Cerutti.
Em caso de infecção pela bactéria, os sintomas vão ser semelhantes ao de doenças como dengue e a Covid-19: febre, dores de cabeça e no corpo, manchas na pele. Alguns pacientes relatam também dificuldades em respirar.
De acordo com Crispim Cerutti, por causa dessa abrangência de sintomas, encontrados em outras doenças, fatores como local onde o paciente mora e onde ele trabalha ajudam na identificação da febre maculosa.
"As doenças infecciosas agudas, do ponto de vista clínico, são difíceis de separar umas das outras. Então é importante, na hora do diagnóstico, levar em consideração se a pessoa mora na área rural, se ela tem uma exposição ao pasto, à lavoura, que são áreas mais vulneráveis à bactéria."
O tratamento contra febre maculosa é simples e feito com uso de antibióticos. Com diagnóstico precoce, a cura é completa. "Identificar a doença o mais rápido possível é primordial no tratamento. O recomendado é entrar com antibiótico até antes da confirmação por exame de sangue, que pode demorar", destacou Cerutti.
No caso do jovem que morreu em São Mateus, a Secretaria Municipal de Saúde informou que ele foi internado uma semana após ser contaminado. O caso está sendo investigado.
Quando um caso de febre maculosa é registrado, o ideal é que toda a região seja monitorada. Matas ciliares, que ficam às margens dos rios, e pastos estão entre os os ambientes mais favoráveis para a proliferação de carrapatos.
"Os carrapatos gostam do que a gente chama de pasto sujo, com vários arbustos entremeados e animais equinos. A mata ciliar também é um risco, porque atrai as capivaras, que assim como os cavalos, são um reservatório desse transmissor", ressalta Crispim.
"A febre maculosa não é frequente, mas quando há um caso, pode ser que ocorra um surto, porque a bactéria fica na natureza, sendo transmitida pelos carrapatos. É importante que as pessoas evitem a área monitorada neste momento, e sempre que precisarem ir até lá, verifiquem a pele em relação à presença de carrapatos", afirmou.
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