Na última quarta-feira (12), um homem infartou e morreu após ser picado por um marimbondo no interior de Boa Vista, em Marataízes, no litoral Sul do Espírito Santo. Parar tirar dúvidas e entender se a picada do inseto é fatal ou não, a reportagem de A Gazeta consultou especialistas, que explicaram e orientaram o que fazer nesse tipo de caso.
De acordo com o biólogo Celso Azevedo, as pessoas podem ser alérgicas ao marimbondo ou não. “As pessoas que não são alérgicas, quando são picadas, ficam apenas com uma vermelhidão na pele. E isso pode acontecer com qualquer um, pois é a ação local do veneno. Agora, existem algumas pessoas que. se forem picadas, podem morrer”, informa.
Para o ambientalista e diretor do Instituto Jacarenema de Pesquisa Ambiental, Petrus Lopes, para vítima da picada morrer, é necessário ser alvo de um enxame de marimbondos. “Esse evento gera choque anafilático e provoca parada cardíaca, mas depende da pessoa e da sua saúde. Assim como marimbondos, abelhas também fazem isso”, informa.
Azevedo explica que a fatalidade acontece porque fecha a glote – uma parte da laringe que permite que o ar passe nos pulmões, entre a traqueia e a faringe. “É um processo de liberação de histamina (substância capaz de provocar a dilatação dos vasos sanguíneos), e aí a histamina fecha a glote e a pessoa morre asfixiada”, esclareceu.
A professora de Biologia do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e doutora em Biologia Animal, Isabel de Conte Carvalho de Alencar, explica o significado do nome marimbondo. “É um nome popular, usado para várias espécies de vespas que podem causar injúrias em pessoas”, diz.
Segundo ela, as vespas têm a genitália feminina modificada em formato de uma agulha, chamado de ferrão. “E essa estrutura está associada a uma glândula que produz substâncias usadas para defesa e/ou caça, por exemplo, para paralisar ou matar sua presa”, conclui.
Além disso, a reação vai depender da espécie de vespa, o tamanho e outras características biológicas da espécie. “Assim como as características individuais do sistema imunológico da pessoa que, por ventura, tenha um acidente e seja picado por uma vespa”, pontua Isabel.
O grau de alergia e reação pode ser diferente para cada individuo. “Tem pessoas que ficam muito mal e não morrem, e tem pessoas que morrem”, ressalta o biólogo Celso Azevedo. A solução, portanto, é estar sempre com um anti-histamínico – remédio utilizado para tratar reações alérgicas – por perto.
Para exemplificar, Azevedo relembra a história de um amigo. “Ele era altamente alérgico, e se tomasse uma picada, morreria. Então ele andava com uma injeção de uma pistola automática. E mesmo que já tivesse em estágio de sonolência, ele só encostava a pistola na barriga, disparava o anti-histamínico, e aí ficava bem. Esse caso, de usar uma pistola automática de anti-histamínico, é um caso extremo da pessoa que sabe que se tomar uma picada, morre”, conta.
Já Isabel detalha que as pessoas com reação leve a moderada no local da picada ficam com a pele vermelha, inchada, quente e dolorida.
Para ela, a intensidade e o tempo de manifestação da picada variam, mas o comum é que em pouco tempo haja uma melhora, podendo se prolongar por algumas horas e, em algumas situações, por dias.
Segundo a professora de Biologia, o ideal é lavar o local com água e sabão (para higienizar o local e evitar contaminação por microrganismos), e fazer uma compressa no local com gelo para diminuir o edema, ou seja, o inchaço local, caso haja um incômodo.
No mais, Isabel destaca que pessoas com hipersensibilidade podem ter choque anafilático e precisam de atendimento médico especializado e imediato para aumentar a chance de sobreviver ao evento. “Essa situação é muito rara, e pode ser desencadeada por uma única picada”, comunica.
E tipo de atendimento também é necessário quando a pessoa recebe várias picadas de uma vez e pode ter uma reação mais grave. Isso acontece em razão da quantidade de substância que passa a circular no corpo. “Essas informações servem para vespas, abelhas e formigas”, finaliza a doutora em Biologia.
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