Saiba quais são as vacinas obrigatórias para crianças e quando tomar
Apesar da importância reconhecida pela maior parte da população, números do DataSUS mostram que houve queda na cobertura vacinal, por exemplo, contra a Hepatite B e do imunizante BCG
Publicado em 20 de março de 2022 às 10:01
6min de leitura
Vacinas servem como escudo para proteção contra doenças. (Pexels)
Além da proteção contra a Covid-19, o Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável pela imunização de crianças contra dezenas de outras doenças. O escudo é sempre o mesmo: a vacina. Apesar da importância reconhecida pela maior parte da população, números do DataSUS mostram que houve queda na cobertura vacinal, por exemplo, contra a Hepatite B e do imunizante BCG. O cenário pode facilitar o ressurgimento de doenças consideradas atualmente controladas ou erradicas.
A vacinação de crianças de 5 a 11 anos no Espírito Santo contra a Covid-19 começou em janeiro de 2022, quase dois anos após a chegada do coronavírus ao Brasil. Mas outras vacinas, algumas com décadas de história, precisam da atenção dos pais, mães e responsáveis.
A Gazeta levantou quais são as vacinas obrigatórias para crianças, quando devem ser aplicadas e as doenças que previnem. A lista foi feita com base no Calendário Nacional de Vacinação da Criança.
VEJA A LISTA DE VACINAS OBRIGATÓRIAS PARA CRIANÇAS:
AO NASCER:
BCG, em dose única: protege contra formas graves de tuberculose;
Hepatite B: protege contra a hepatite B.
AOS 2 MESES DE VIDA:
Vacina pentavalente (1ª dose): protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b;
VIP (Vacina Inativada Poliomielite), 1ª dose: protege contra a poliomielite, a paralisia infantil;
VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano), 1ª dose: protege contra diarreia por Rotavírus;
Vacina pneumocócica 10 valente, 1ª dose: protege contra doenças invasivas e otite média aguda causadas por Streptococcus pneumoniae sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F.
AOS 3 MESES DE VIDA:
Vacina meningocócica C (conjugada), 1ª dose: protege contra doenças invasivas causadas por Neisseria meningitidis do sorogrupo C.
AOS 4 MESES DE VIDA:
Vacina pentavalente (DTP + HB + Hib), 2ª dose: protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b;
VIP (vacina inativada poliomielite), 2ª dose: protege contra a poliomielite (paralisia infantil);
VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano), 2ª dose: previne diarreia por Rotavírus;
Vacina pneumocócica 10 valente, 2ª dose: protege contra doenças invasivas e otite média aguda causadas por Streptococcus pneumoniae sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F.
AOS 5 MESES DE VIDA:
Vacina meningocócica C (conjugada), 2ª dose: protege contra doenças invasivas causadas por Neisseria meningitidis do sorogrupo C.
AOS 6 MESES DE VIDA:
Vacina pentavalente (DTP + HB +Hib), 3ª dose: protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b;
VIP (vacina inativada poliomielite), 3ª dose: protege contra a poliomielite (paralisia infantil).
AOS 9 MESES DE VIDA:
Vacina febre amarela, 1ª dose: protege contra a febre amarela.
AOS 12 MESES (1 ANO DE IDADE):
SRC (tríplice viral), 1ª dose: protege contra sarampo, caxumba e rubéola;
Vacina pneumocócica 10 valente, dose de reforço: protege contra doenças invasivas e otite média aguda causadas por Streptococcus pneumoniae sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F;
Vacina meningocócica C (conjugada), dose de reforço: protege contra doenças invasivas causadas por Neisseria meningitidis do sorogrupo C.
AOS 15 MESES:
VOP (vacina oral poliomielite), 1º reforço: protege contra a poliomielite (paralisia infantil);
Vacina hepatite A, dose única: protege contra a hepatite A;
DTP (tríplice bacteriana), 1º reforço: protege contra difteria, tétano e coqueluche;
SCRV (tetra viral), dose única: protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela.
AOS 4 ANOS DE IDADE:
DTP (tríplice bacteriana), 2º reforço: protege contra difteria, tétano e coqueluche;
Vacina varicela, 2ª dose: protege contra a varicela, conhecida como catapora;
Vacina febre amarela, reforço: protege contra a febre amarela.
MENINAS COM IDADE ENTRE 9 ANOS E 14 ANOS, 11 MESES E 29 DIAS:
HPV quadrivalente, 2 doses: protege contra infecções pelo Papilomavírus Humano tipos 6, 11, 16 e 18.
VEJA A LISTA DE VACINAS OBRIGATÓRIAS PARA ADOLESCENTES:
IDADE ENTRE 11 E 19 ANOS:
Hepatite B – a depender da situação vacinal, é recomendada em três doses e protege contra a Hepatite B;
Dupla adulto (dT) – a depender da situação vacinal, é recomendada em três doses ou reforço e protege contra difteria e tétano;
Tríplice viral (SCR) – a depender da situação vacinal, é feita em duas doses e protege contra sarampo, caxumba e rubéola;
Febre amarela – a depender da situação vacinal, dose única, protege contra a febre amarela.
MENINOS ENTRE 11 E 14 ANOS:
HPV quadrivalente, em 2 doses: protege contra infecções pelo Papilomavírus Humano tipos 6, 11, 16 e 18.
IDADE ENTRE 11 E 12 ANOS:
Vacina meningocócica ACWY (conjugada), em dose única: protege contra doenças invasivas causadas por Neisseria meningitidis dos sorogrupos A, C, W e Y.
GRUPOS ANTIVACINA AFETAM COBERTURA VACINAL, SEGUNDO ESPECIALISTA
Desde o início da pandemia de coronavírus, especialistas reforçam a importância das outras vacinas. É que sem a proteção, o risco de ressurgimento de doenças erradicadas ou controladas aumenta, gerando um novo perigo não apenas aos pequenos, mas a toda a população.
Para o médico imunologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo Daniel Gomes, a queda na cobertura vacinal pode ser explicada por dois fatores: a organização de grupos antivacina, que atuam contra os imunizantes deslegitimando estudos científicos, e a falta de acesso à educação, que compromete a procura pelos serviços de saúde pública.
Temos menos campanhas de vacinação sendo divulgadas. As vacinas são gratuitas e estão disponíveis, mas muita gente não sabe quais são essas vacinas. Sem procura, não há proteção. O papel do Estado é a promoção da saúde. O governo federal mostrou durante a pandemia que a vacinação não é prioridade. O negacionismo e a resistência de compra [da vacina contra a Covid] dificultam a cobertura vacinal
Daniel Gomes
•Imunologista e professor da Ufes
O professor da Ufes classifica que sarampo, rubéola, difteria e a pólio são doenças que estão erradicadas ou em controle no Brasil, mas que podem se aproveitar da baixa na cobertura vacinal e reaparecer.
Veja abaixo um exemplo da queda de cobertura vacinal, em dados reunidos por A Gazeta em outubro de 2021. Há queda na proteção contra sarampo, caxumba e rubéola.
De acordo com Daniel Gomes, o Sistema Único de Saúde desenvolve papel fundamental no combate às doenças.
"O SUS é uma das maiores instituições do mundo na promoção de saúde pública. Ele foi criado para democratização da saúde, promovendo medicamentos e vacinas para todas as classes. Serviços privados fornecem proteção, mas o SUS tem esse papel", comenta.
PRESCRIÇÃO NÃO É EXIGIDA PARA VACINAR CRIANÇAS
O presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que o SUS exigiria uma prescrição médica para vacinar crianças contra a Covid-19. A ideia não se concretizou, e as pessoas de 5 a 11 anos não precisam apresentar qualquer prescrição para aplicação das doses contra o novo coronavírus.
Daniel Gomes afirma que a ideia sugerida pelo presidente é "arcaica" e que não faz sentido no cenário de combate às doenças.
"Não existe vacina que demande prescrição médica. Vacinas aprovadas pela Anvisa dependem de dados fornecidos. Quando aprovada e distribuída, as pessoas podem tomar sem prescrição", diz.
Procurada por A Gazeta, a Secretaria de Estado da Saúde informou que todas as vacinas citadas no Calendário Nacional de Vacinação da Criança são aplicadas sem necessidade de qualquer documentação além da identificação do paciente.
O Ministério da Saúde também foi demandado, mas não houve resposta. A reportagem fez contato por e-mail e por telefones disponíveis no site da pasta.
Arquivos & Anexos
Calendário Nacional de Vacinação
Confira quais vacinas são indicadas para crianças e adolescentes, de acordo com a idade.
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Caso você tenha alguma dúvida sobra a agenda de vacinação, procure a unidade de saúde mais próxima.