O governo do Estado planeja iniciar a vacinação de adolescentes a partir de setembro contra a Covid-19. Para o público da faixa etária de 12 a 17 anos, até o momento a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só autorizou o uso da Cominarty, nome comercial do imunizante desenvolvido pela farmacêutica americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech.
A estratégia deve ser mantida, mesmo com o anúncio do início de aplicação da terceira dose (D3) para os idosos com esta vacina como reforço devido ao avanço da variante Delta no país.
A vacina da Pfizer, segundo estimativas do secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, deve se tornar predominante no Plano Nacional de Imunização (PNI) nos próximos 90 dias em função da maior disponibilidade de doses. Assim, abre a possibilidade de imunizar os adolescentes sem comprometer o atendimento a outros grupos.
Esse imunizante foi autorizado pela Anvisa para o grupo de 12 a 15 anos em junho. Antes, só maiores de 16 anos poderiam ser vacinados com a Pfizer no país.
No Espírito Santo, os primeiros adolescentes a receber a vacina serão aqueles que apresentam comorbidades.
Embora autorizada no Brasil, a vacinação de adolescentes somente pode ser iniciada quando pelo menos 90% das faixas etárias subsequentes tiverem sido imunizadas com a primeira dose.
A Pfizer foi a primeira fabricante a anunciar resultados de seu estudo em adolescentes de 12 a 15 anos, no início de maio, com 100% de eficácia.
De acordo com os resultados do estudo combinado de fases 2/3 em adolescentes, iniciado em 12 de outubro do ano passado, foram detectados 16 casos de Covid-19 entre os 2.260 adolescentes envolvidos, todos no grupo placebo.
Além dos dados de eficácia, a vacina também se mostrou segura. E a imunogenicidade da vacina, isto é, capacidade de induzir resposta imune no organismo, foi quase duas vezes maior na faixa etária de 12 a 15 anos em relação àqueles com 16 a 25 anos.
Após a conclusão do estudo nessa faixa etária, a agência regulatória norte-americana FDA autorizou, no início de maio, o uso da vacina em maiores de 12 anos. Nos Estados Unidos, a Pfizer já vinha sendo aplicada em toda a população maior de 16 anos. Reino Unido e União Europeia também deram aval para uso em menores de 16 no final de maio. Na América Latina, o Uruguai foi o primeiro país a iniciar a imunização de adolescentes, em junho.
Na população em geral, a eficácia da vacina da Pfizer contra a Covid-19 é de 95%, mas, diante da variante Delta, ela perde um pouco de sua capacidade de estimular uma resposta imunológica no público imunizado.
A vacina da Pfizer usa o RNA mensageiro (RNAm) - ácido que já é produzido no corpo humano - para conferir a proteção à pessoa que recebe o imunizante, criando anticorpos contra o Sars-Cov-2 (coronavírus). Em vez de inserir o vírus atenuado ou inativo no organismo, o imunizante "ensina" as células a sintetizarem uma proteína que estimula a resposta imunológica do indivíduo vacinado.
A vacina de RNAm, segundo o site da Pfizer, simula o processo que ocorre no corpo de uma pessoa que realmente contraiu aquela doença, mas de uma maneira que não possibilita a infecção de quem está sendo vacinado - apenas educando o organismo sobre como responder àquele invasor.
A Pfizer e a BioNTech também já iniciaram estudos para verificar a segurança e a eficácia do imunizante na faixa etária entre 6 meses e 11 anos. A expectativa é de que os primeiros resultados da pesquisa sejam publicados até o final deste ano.
O Butantan, por sua vez, já tem resultados de pesquisa para aplicação da Coronavac - vacina produzida pelo instituto no país - em crianças de 3 a 12 anos e solicitou à Anvisa a inclusão dessa faixa etária na bula do imunizante. O pedido foi negado pelo órgão federal, sob justificativa de falta de dados e pequeno grupo de estudo, mas a decisão poderá ser revista.
Essa recusa, segundo Nésio Fernandes, frustra a expectativa de poder vacinar o público infantil e adia o início da ação, mas não é uma decisão que afete, por exemplo, a programação de vacinação dos adolescentes.
No Espírito Santo, há uma demanda de 360 mil adolescentes para receber a vacina, mas a definição da estratégia cabe ao Ministério da Saúde. Nésio Fernandes espera poder começar a atender esse público em setembro, apesar de agora a terceira dose (D3) para os idosos e imunossuprimidos seja, prioritariamente, da Pfizer.
Questionado se será possível conduzir as duas ações, o secretário assegura que uma não inviabiliza a outra. Mas, muito provavelmente, os adolescentes que não têm comorbidades começarão a ser atendidos mais para o fim do próximo mês, após o início da aplicação da dose de reforço nos idosos.
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