A Prefeitura de São Mateus, município do Norte do Espírito Santo, divulgou nesta segunda-feira (12) que vai distribuir um kit de medicamentos para o "tratamento imediato" de pacientes com Covid-19 que inclui: azitromicina, ivermectina, dipirona, paracetamol, vitamina c, vitamina d, ambroxol e predinisolona. Alguns desses medicamentos não têm eficácia comprovada no tratamento contra o novo coronavírus e podem causar danos à saúde quando usados de modo incorreto.
Em publicação nas redes sociais, feita nesta segunda-feira (12), a prefeitura anunciou a distribuição gratuita do kit de medicamentos. Segundo o Executivo municipal, o objetivo é que "enquanto o paciente espera pelo resultado do exame, possa se tratar, de forma gratuita, dos sintomas." Confira abaixo:
Medicamentos como a ivermectina, por exemplo, não tem eficácia comprovada no tratamento contra a Covid-19. Em fevereiro deste ano a farmacêutica Merck, que no Brasil opera com o nome MSD e é responsável pelo desenvolvimento do medicamento, informou em comunicado que não há dados que sustentem o uso do remédio contra a doença.
A recomendação original de uso da ivermectina presente em bula é voltada para tratamento de infecções causadas por parasitas. No Brasil, ao longo da pandemia, ganhou força a informação sem base científica de que o remédio seria eficaz contra a Covid-19.
Antibióticos como a azitromicina, quando usados de forma incorreta, podem fazer casos de Covid-19 se agravarem e ainda tornarem as bactérias mais resistentes a esses fármacos.
Em conversa com a reportagem de A Gazeta, o infectologista Lauro Ferreira Pinto afirma que as principais agências reguladoras do mundo, como a americana e a europeia, têm alertado para o uso indiscriminado de antibióticos em pacientes com Covid-19, como a Azitromicina, pelo risco de aumentar a resistência das bactérias. Ele aponta que as infecções bacterianas são secundárias no caso da Covid-19, e acontecem em menos de 20% dos pacientes que contraíram o coronavírus.
Em conversa com a reportagem de A Gazeta, o secretário de saúde de São Mateus, Henrique Follador, explicou que a inciativa é sim da secretaria, baseada em um protocolo de saúde municipal. Ele frisou, no entanto, que os kits não são distribuídos livremente e que é necessária prescrição médica para consegui-los.
"Tem o protocolo aqui. O paciente só pode pegar o kit com prescrição médica. É um ato médico, o médico que tem a consciência se vai receitar ou não", afirmou.
Questionado sobre a falta de comprovação científica de alguns dos fármacos presentes no kit, Follador frisou que os medicamentos já são adquiridos normalmente pela prefeitura, para o tratamento de outras doenças como infecções e tratamento de verme. O secretário afirmou ainda que a distribuição gratuita dos kits não tem a ver com excesso de estoques por parte da prefeitura:
"Não tem a ver com o estoque. Nós temos uma média de dispensação, que é a quantidade de medicamentos que sai por ano, e a compra desses medicamentos está dentro dessa média. Há um segmento da população que cobra por esses medicamentos. Outros municípios também fizeram igual", disse.
Sobre gasto de recursos financeiros pela prefeitura para a aquisição desses fármacos, Follador afirmou que não há gasto excedente na compra dos medicamentos e que os remédios utilizados são os que o município já possui.
Segundo dados do Painel Covid-19, atualizado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), São Mateus registrou até o momento 8.652 casos confirmados da doença, 7.762 casos curados e 181 óbitos. A taxa de letalidade no município é de 2,1%, acima da taxa estadual que está em 2,0%.
*Com informações da Agência Estado
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