A morte de Guilherme Rocha, de 37 anos, no dia 17 de abril deste ano, chocou todo o Espírito Santo. O músico foi assassinado com um tiro disparado pelo soldado da Polícia Militar Lucas Torrezani de Oliveira, de 28 anos, após o vizinho ter pedido que o policial diminuísse o volume do som que estava tocando durante a madrugada em uma área de uso comum do condomínio onde os dois morava, em Jardim Camburi, Vitória.
Desde então, a família tenta assimilar tudo que aconteceu e pede justiça em relação ao ocorrido. Em entrevista exclusiva à jornalista Rafaela Marquezini, da TV Gazeta, o pai da vítima, Glício da Cruz Soares, falou sobre saudade que sente de Guilherme, a relação com o policial autor do assassinato e como ficou sabendo do crime.
A entrevista aconteceu na casa do médico, onde Guilherme morou até o mês de janeiro deste ano. A casa tem fotos do músico e muitos instrumentos utilizados pelo músico. Perguntado sobre o que sente quase um mês após a morte do filho, o médico respondeu: "a saudade é imensa".
Há 17 anos, Glício da Cruz Soares também sofreu com a perda de outro filho, o Antônio – que morreu vítima de um acidente de trânsito quando estava voltando do trabalho para casa. Apesar das duas perdas, o pai afirma que são situações diferentes e que o assassinato de Guilherme foi uma "brutalidade". Ele classificou a morte de Guilherme como uma "inconsequência de alguém despreparado" para ser policial militar.
Perguntado se acredita haver despreparo, no geral, na Polícia Militar, Glício da Cruz Soares opinou que alguns militares praticam atos que "fogem dos princípios da atividade".
"Acredito que haja um despreparo. Não falo da Polícia Militar como um todo, mas alguns menos preparados e menos vigiados cometem alguns delitos que fogem dos princípios da atividade. Um policial sem farda, bebendo e com arma na cintura não está preparado para ser policial", afirmou à TV Gazeta.
O músico Guilherme Rocha, de 37 anos, foi morto durante a madrugada do dia 17 de abril. Ele desceu do apartamento onde morava com a companheira e enteada para pedir que o policial militar diminuísse o volume do som. Como mostram imagens feitas por câmera de videomonitoramento, Guilherme entrou na área de festa do prédio e tentou conversar com o soldado, mas foi baleado.
O médico contou à TV Gazeta que foi acordado por amigos de Guilherme, que informaram sobre a morte.
"Fui acordado às 4h. Chegaram no portão e disseram para eu não me assustar e que o Guilherme tinha sido morto por um tiro na cabeça. Como eu não me assusto?", disse Glício.
Glício da Cruz afirmou que não esteve com o policial militar que atirou em Guilherme Rocha. Perguntado sobre o sentimento quanto ao homem que atirou no músico, o médico disse ter mágoa e pena.
"Sinto mágoa por ele ter tirado a vida do meu filho, mas eu tenho pena. Sou espírita e minha fé diz que Deus tem um projeto de vida para cada um de nós. E nós não sabemos. Mas quero que a Justiça 'dos homens' também julgue", afirmou.
O pai de Guilherme também foi perguntado sobre o que diria aos pais do policial militar.
"Falaria que Deus perdoe e dê luz para o filho, que ilumine o caminho dele. Que ele possa fazer uma reflexão do mal que ele cometeu. Sei que os pais estão sofrendo pelo filho que está preso", afirmou.
Apesar de demonstrar emoções durante a entrevista sobre a morte do filho, o médico Glício da Cruz ressaltou que é importante não viver uma tristeza.
"Fica mais vazia, sim. Mas a gente tenta encher. Não podemos viver tristeza, podemos viver saudade. As lágrimas vêm. Não podemos viver tristeza porque Guilherme era alegria", disse.
Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Polícia Civil informou que as investigações e as diligências da Divisão Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória estão em andamento. O policial militar foi detido em cumprimento de mandado de prisão no dia 17 de abril e foi encaminhado ao presídio Militar, no Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar, onde permanece à disposição da Justiça.
A Polícia Civil ressaltou que é importante, nesse momento dos trabalhos, que as informações sejam tratadas no âmbito policial. "Os policiais estão trabalhando com afinco, todos os dias, com objetivo de prestar o melhor serviço aos parentes das vítimas, não só desse caso, mas de todos que possuem inquérito em aberto na unidade", informou em nota.
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