> >
"Se precisar ficar preso, ficarei preso", diz motorista que atropelou mãe e filha em Vila Velha

"Se precisar ficar preso, ficarei preso", diz motorista que atropelou mãe e filha em Vila Velha

Wenderson Fagundes Melo de Oliveira, de 20 anos, alegou ter deixado o local do atropelamento por medo de ser agredido

Publicado em 22 de agosto de 2024 às 22:55- Atualizado há 2 dias

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Mikaella Mozer
Repórter / [email protected]
Errata Atualização
23 de agosto de 2024 às 17:18

A criança teve a morte confirmada na tarde de sexta-feira (23). Veja mais detalhes

O motorista que atropelou mãe e filha que passavam pela faixa de pedestres em frente ao PA da Glória, em Vila Velha, se manifestou pela primeira vez após o ocorrido. Em vídeo enviado à reportagem de A Gazeta, Wenderson Fagundes Melo de Oliveira, de 20 anos, admite a culpa e disse estar disposto a pagar pelos erros. O vídeo foi gravado, editado e encaminhado pela família.

Desde que o acidente aconteceu e se apresentou à Delegacia Regional de Vila Velha, o condutor não tinha mais sido visto. Nem mesmo por familiares.

Aspas de citação

Se precisar ficar preso, ficarei preso. Se tiver que responder em liberdade, responderei em liberdade [...] Deixei o carro e imediatamente fui me entregar no DPJ. Espero que fique tudo bem com as duas e eu pagarei por todos os meus erros. Peço perdão

Wenderson Fagundes Melo de Oliveira
Motorista que atropelou mãe e filha em Vila Velha
Aspas de citação

Na gravação, o motorista, que é mecânico, afirma que deixou o local por medo de ser linchado. Fala ainda que saiu do veículo, mas quando muitas pessoas começaram a chegar perto, ele decidiu ir embora.

“Eu não queria que acontecesse, nunca foi a intenção machucar e ferir alguém. Já tinha muita gente no meu carro e várias pessoas me xingando e fiquei com medo. Imediatamente entrei no carro e saí do local”, disse. 

Mesmo admitindo ter deixado o local do acidente e visto mãe e filha no chão, ele cita que não era a intenção dele deixar o local sem prestar socorro às vítimas. “Em nenhum eu não pensei em não prestar socorro porque são duas vidas. Eu sei que nunca vão me perdoar por isso e estou aqui para falar que estou disposto a colaborar com o que for preciso”.

Leia a fala completa

"Sou o condutor do veículo do acidente de ontem (quarta). Aconteceu aquilo, eu não queria que acontecesse, né. Nunca foi minha intenção machucar ou ferir alguém. E já tinha muita gente no local carro. Veio (vieram) pessoas me xingando... e, tipo assim, fiquei com muito medo de ser linchado e eu ineditamente entrei no carro e me evadi do local.

Mas, em nenhum momento eu não pensei em não prestar socorro porque são duas vidas, né cara. Duas vidas... sei que nunca vão me perdoar por isso. Eu 'tô' aqui para falar que eu estou disposto a ajudar, a colaborar no que for preciso. 

E se eu tiver que ficar preso, eu ficarei preso. Se tiver que responder em liberdade, responderei em liberdade, mas eu estou aqui para pedir perdão a todos porque foi uma fatalidade. Eu sou trabalhador, trabalho em uma oficina mecânica, apenas trabalho lá e vou todo dia, acordo de manhã para trabalhar. 

Eu deixei o carro na oficina que trabalho só para guardar e fui imediatamente me entregar na polícia, no DPJ. Então, eu só espero que fique tudo bem com as duas, né. 

E estou pedindo a Deus que cuide das duas vidas e eu pagarei pelos meus erros... por todos os meus erros. Peço perdão ao pai e a família toda, na verdade. Peço perdão a todo mundo. 

Eu sei que Deus conhece meu coração, também quero pedir o perdão dele e... perdão, gente. Só isso que eu tenho a falar. Boa noite".

Wenderson Fagundes Melo de Oliveira

Liberado após pagar fiança

O motorista, identificado como Wenderson Fagundes Melo, 20 anos, compareceu à Delegacia Regional de Vila Velha, cerca de uma hora e vinte após o acidente, foi autuado por lesão corporal culposa, pagou uma fiança e foi liberado. A Polícia Civil não informou o valor da fiança, mas o pai confirmou o valor de R$ 1.500. O carro, que havia sido deixado na oficina por Wenderson, não está mais no local desde a realização da perícia.

Entenda o caso

Mãe e filha foram atropeladas enquanto atravessavam na faixa de pedestres em frente ao Pronto Atendimento (PA) da Glória, em Vila Velha, na noite de quarta-feira (21). Testemunhas e imagem de videomonitoramento flagraram o motorista, que estava em um carro preto, furando o sinal vermelho e atingindo as duas, que foram arremessadas a cerca de 20 metros. A menina, de 5 anos, estava no colo da mulher. O condutor do veículo deixou o local sem prestar socorro.

Heidson Fantoni, pai da criança, conversou com a repórter Tarciane Vasconcelos, da TV Gazeta, e contou que a filha estava passando mal e, por isso, foi levada ao PA. Após o fim do atendimento, ele foi buscar as duas e estacionou o carro em uma rua transversal. A esposa dele e a menina estavam indo encontrá-lo quando foram atingidas.

A mãe recebeu alta no fim da tarde desta quinta-feira (22), mas ainda passará por cirurgias. Laura segue internada realizando exames. 

A mãe, Mara Núbia Borges, e a filha, Laura Beatriz, de 5 anos, atropelas em Vila Velha
A mãe, Mara Núbia Borges, e a filha, Laura Beatriz, de 5 anos, atropelas em Vila Velha. (Redes Sociais)

Motorista procurou o pai

Em entrevista a reportagem de A Gazeta, Alex Melo, pai de Wenderson contou que o filho o procurou logo após o acidente. "Ele é dono do carro. Me ligou nervoso e contou que tinha atropelado duas pessoas e disse que chegava na oficina onde trabalho. Chegou com o carro todo amassado. O advogado orientou de deixar o veículo na oficina para ser periciado e irmos até a delgacia. Entendeu? Aí eu chamei o advogado, o advogado falou, deixa o carro aí para periciá-lo amanhã e vamos conduzi-lo até a delegacia", disse.

Alex explicou que o condutor do Fox preto não informou detalhes. Nem sobre o motivo de não ter parado e nem sobre o que fazia antes. O carro do acidente ficou na empresa de conserto de automóveis até está quinta-feira, onde foi periciado pela manhã pela Polícia Científica, segundo o familiar. 

"Eu não consegui ver, mas em momento nenhum eu inocentei ele de qualquer situação. O que passaram pra mim é que estava em alta velocidade. Então, nada disso eu vou retirar daquilo que foi visto. Eu não estou bem emocionalmente pra assistir esse vídeo. É um vídeo, assim, que eu não gostaria que acontecesse nunca. Eu não protegi o meu filho de sofrer a punição da Justiça. Mas eu quero que ele seja impunido pela Justiça Não quero ele linchado", frisou. 

A reportagem tenta localizar a defesa de Wenderson Fagundes Melo de Oliveira e o espaço segue aberto para um posicionamento.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais