A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) emitiu nota de alerta sobre casos de meningite meningocócica do tipo C no Espírito Santo. De janeiro de 2021 até 1º de fevereiro de 2022, foram confirmados 10 casos e três mortes provocadas pela doença. O documento aponta que os números preocupam diante dos riscos de transmissão e da possibilidade de quadros mais complexos da inflamação nas meninges - membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.
"Desta forma, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS/ES) emite esta nota de alerta para profissionais de saúde de todo o Estado, bem como a nota técnica 02/2022 que informa sobre as condutas a serem adotadas diante do atendimento de casos suspeitos de meningite meningocócica do tipo C", diz um trecho do documento.
“Alertamos os profissionais de saúde capixaba tanto em relação ao cenário quanto ao manejo adequado de casos suspeitos pela meningite”, acrescentou o coordenador do CIEVS, Gilton Almada, em publicação da Sesa.
São considerados casos suspeitos da doença crianças a partir de um ano e adultos que apresentem um quadro de febre alta, dor de cabeça, vômitos em jato, rigidez da nuca e outros sinais, como convulsões e manchas vermelhas pelo corpo.
O alerta, segundo Almada, ocorre devido à investigação de casos de meningite meningocócica C no município de São Roque do Canaã, na região serrana do Estado. Ainda segundo o coordenador, a investigação teve início na última sexta-feira (4).
“Estivemos durante o final de semana anterior na cidade e voltamos esta semana para dar continuidade à investigação, além de realizar ações de bloqueio para evitar a propagação de mais casos na região. Esta é uma doença passada pelo contato direto de secreções, por isso a importância de identificar aqueles que tiveram contato direto com os casos positivos para dar início à quimioprofilaxia, o tratamento preventivo”, explicou Almada.
Ao longo da semana, a rotina de vacinação vai ser intensificada em São Roque do Canaã. “Realizaremos uma capacitação para os profissionais de saúde do município sobre a ampliação temporária da vacinação e a aplicação da vacina meningocócica C e ACWY para dar início, nesta quinta-feira (10), à vacinação contra a doença meningocócica C da população de 3 meses a 29 anos”, informou Danielle Grillo, coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Vigilância das Doenças Imunopreveníveis (PEI).
A vacina vai ser aplicada no público-alvo que não tenha recebido quaisquer doses ou esteja com esquema incompleto. Para os demais municípios, a vacinação contra a doença meningocócica segue o calendário nacional, com doses disponíveis a bebês, crianças de um ano e adolescentes de 11 e 12 anos.
A meningite meningocócica pode levar à morte em poucas horas a partir do aparecimento dos primeiros sintomas e, mesmo os que sobrevivem, podem ter sequelas da doença como surdez.
Em geral, a transmissão ocorre nas vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta, mas a meningite do tipo C é uma doença prevenível e a principal medida é a vacinação. O imunizante está disponível no calendário do SUS - meningocócica C conjugada - que deve ser aplicada nos bebês aos 3 e 5 meses, mais um reforço aos 12 meses.
Nesta terça-feira (8), a pasta publicou uma nota técnica informando acerca dos protocolos a serem cumpridos diante de casos suspeitos de meningite meningocócica do tipo C.
Apenas em janeiro de 2022, o Espírito Santo já registrou 15 casos e cinco mortes provocadas pelas variadas formas de meningite. Em todo o ano passado, foram 79 ocorrências e 18 óbitos causados pela doença, que pode ser transmitida por vírus, bactérias e fungos. Apesar do alerta para o tipo C, cuja incidência é maior e apresentou 6 casos e duas mortes neste ano, a Sesa destaca que a vacinação é o meio de prevenção para todas.
Mesmo disponível no calendário de imunização do SUS, no Espírito Santo, a cobertura vacinal está abaixo da meta de 95% prevista pelo Ministério da Saúde. Para crianças menores de um ano, a cobertura da Meningococo C está em 72,57%. Já para crianças com um ano, a cobertura é de 69,96%. Para adolescentes, a cobertura da Meningococo CWY é de 38,56% para a faixa etária de 11 anos e, 25,43%, para a de 12 anos.
Além disso, a Sesa destacou também que, apesar da faixa etária em maior risco de adoecimento ser crianças menores de um ano, os adolescentes e adultos jovens são os principais responsáveis pela manutenção da circulação da doença na comunidade, sendo que a forma de controlar a meningite do tipo C é manter elevadas coberturas vacinais tanto na população infantil quanto em adolescentes.
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