O sistema de saúde pública do Espírito Santo já dá sinais de que não suporta a pressão do aumento de número de pacientes infectados com Covid-19, não conseguindo receber doentes com rapidez nos hospitais. Nesta quinta-feira (01), 84 pessoas aguardavam a liberação de vagas em leitos de tratamento intensivo ou de enfermaria hospitalar da rede pública.
A informação foi repassada pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Do total dos que aguardam, 83 pessoas esperam por vaga em enfermaria na rede pública. Somente um contaminados pelo coronavírus está em estado grave de saúde e precisa de uma vaga em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Um dos pacientes já está aguardando leito há mais de dois dias. Outros 31 doentes estão na fila por um leito há um dia e 52 esperam há menos de 24 horas.
Em relação à última quarta-feira (31), o número de pessoas aguardando por leitos hospitalares é menor, já que passou de 91 para 84. Todos estão registrados na Central de Regulação estadual, que organiza a disponibilidade de recursos.
Até as 17 horas desta quinta-feira (01), o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu 192) havia realizado 122 atendimentos à pessoas com estado grave de saúde e com suspeita de Covid-19. Todos foram encaminhados para Pronto Atendimentos (PAs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais.
Em vídeo divulgado nesta semana, o secretário Estadual de Saúde, Nésio Fernandes, explicou como funciona o processo de regulação de leitos.
"Os pacientes passam por um período de avaliação dentro das unidades pré-hospitalar, as UPAs e os PAs. Quando um profissional médico considerar que aquele paciente precisa de um recurso hospitalar, seja leito de enfermagem ou UTI, ele acessa o sistema estadual de regulação da rede própria da Sesa. Onde há cobertura do Samu, esse paciente grave é removido para os hospitais de referência quando em caso grave. Quando o caso não é grave, o médico regulador vai solicitar informações autorizando ou não a remoção do paciente", detalhou.
Fernandes pontuou que o hospital tem um tempo de resposta, após o leito ser solicitado, para dizer se aceita ou não o paciente.
Dados dos municípios da Grande Vitória mostram que o número de internados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Pronto Atendimentos que aguardam transferência pode ser ainda maior. A somatória dos números, segundo as prefeituras, chega a 182 pacientes nessa situação de espera.
Grande parte desses números são pessoas com Covid-19, mas há também quem precise de atendimento médico especializado devido à gravidade de saúde ocasionada por outras doenças.
Em Vila Velha, há doentes esperando há 6 dias no Pronto Atendimento da Glória por uma vaga em UTI, segundo informações da prefeitura. Ao todo, são 15 pessoas aguardando por um leito de tratamento intensivo da rede pública e 28 para vaga de enfermaria hospitalar.
Já Cariacica tem 32 pacientes no Pronto Atendimento de Alto Lage, único da cidade, internados à espera de uma vaga em hospital. Desses, seis estão no setor de emergência precisando de UTI.
Em Guarapari, três paciente aguardam há mais de 24 horas por leito de UTI. Outras 25 pessoas estão internadas esperando pela liberação de vagas em hospital pela Central de Vagas Estadual, de acordo com informações repassadas pela prefeitura.
Na Serra, há 50 pacientes, somente com o diagnóstico de Covid-19, sendo atendidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade aguardando transferência, sendo que 10 deles demandam leitos de UTI. Os pacientes têm esperado, no mínimo, 48 horas até conseguir uma remoção.
Na capital, a Secretaria Municipal de Saúde informou que há 29 pacientes esperando um leito de internação hospitalar nos Pronto Atendimento da Praia do Suá e de São Pedro. Destes, 25 são pacientes com Covid-19 e 9 precisam de UTI devido ao agravamento da infecção. Alguns dos doentes estão na fila de espera por um leito há quatro dias, de acordo com a secretaria.
A prefeitura de Viana foi acionada via assessoria de imprensa, porém, até a publicação desta reportagem não havia dado retorno sobre a situação do Pronto Atendimento do município.
Na última terça-feira (30), a Secretaria de Saúde (Sesa) foi questionada sobre as diferenças nos números prestados pelas prefeituras. Em retorno, a secretaria explicou que o número apresentado pelos municípios inclui pacientes já com solicitações pendentes de avaliação, disponibilidade de leitos e transferência, mas que, no entanto, nem todas as solicitações preenchem critérios de internação.
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