A postura que vem sendo adotada pelo Ministério da Educação (MEC) desde o início da pandemia da Covid-19 no país foi criticada pelo secretário de Estado da Educação, Vitor de Ângelo, na tarde desta quinta-feira (24). Em entrevista à Rede CBN, o secretário afirmou que o MEC poderia ter se mostrado uma liderança mais ativa, coordenando as secretarias estaduais e municipais no debate sobre o retorno das aulas presenciais, considerando as desigualdades de acesso ao ensino.
Para Vitor de Angelo, as ações na Educação poderiam ocorrer de forma mais integrada. "Ele poderia, e nisso não vou dizer o ministro Milton, porque ele chegou muito recentemente ao MEC, mas o Ministério como um todo, poderia ter liderado nacionalmente as Secretarias Estaduais de Educação e as Secretarias Municipais de Educação nesse esforço. Um exemplo: aqui no Espírito Santo, estamos patrocinando acesso gratuito a alunos e professores. Mas quem teve que procurar as operadoras, pactuar um valor e tocar todo o processo que envolve uma ação dessa magnitude que não estava no repertório de ações que a gente tinha até março deste ano fomos nós mesmos", argumentou.
Na visão do secretário, o Ministério poderia ter utilizado da estrutura que o governo já dispõe ou poderia ter coordenado um esforço conjunto que, para ele, acabou sendo pulverizado pelos estados e municípios. "Cada um deles (estados e municípios) tendo que correr atrás desse prejuízo sozinho. Imagine se tivéssemos feito isso em escala nacional? Talvez o valor investido tivesse caído, o esforço empreendido tivesse diminuído, o tempo gasto tivesse sido menor", afirmou.
Questionado sobre a fala do ministro Milton Ribeiro, que disse que escolas perdem tempo falando de ideologia, por exemplo, sobre sexo e homossexualidade, o secretário de Estado da Educação afirmou que a pandemia cumpriu o papel de trazer de volta ao foco, no debate do MEC, as questões que são de fato prioritárias.
"Um ganho desse período que estamos vivendo da pandemia que, em si, é uma situação muito negativa, claro foi ter colocado os verdadeiros problemas da educação na ordem do dia. Conectividade, por exemplo, é um problema verdadeiro e prioritário para o país. Quando trazemos aqueles debates para a discussão na Educação, desvia-se o foco do que é prioritário, trazendo o que não é relevante para a educação e para quem trabalha e estuda no sistema educacional", ponderou.
Ao tratar da mudança de comando no MEC, com a saída de Abraham Weintraub e a chegada de Milton Ribeiro, e perguntado em entrevista à Rede CBN se via uma continuidade do perfil das lideranças, Vitor de Angelo afirmou que todo governo tem um viés próprio e que os ministros costumam não destoar desta escolha ideológica.
"A gente não pode nunca perder a esperança. Primeiro entendendo que todo governo tem um perfil e o governo atual tem o seu. E que nenhum ministro, de nenhuma área, vai destoar muito do perfil do governo. É preciso ter essa compreensão. E dentro dela, acho que a gente deve continuar tendo a esperança de que esta manifestação de hoje não seja a postura que marcará a gestão do atual ministro, visto que em declarações públicas anteriores ele havia se manifestado de outra forma. Então penso que a gente precisa esperar um pouco decantarem as declarações, e, com o tempo, avaliar se foram um ponto fora de curva ou se vão ser convertidas no padrão de declarações do atual ministro", concluiu.
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