O Espírito Santo apresenta uma tendência clara de crescimento de casos graves da Covid-19. Esse é o resumo de uma análise feita pelo secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, sobre a evolução dos quadros de infecção por coronavírus em todo o Estado, com base nos dados da doença registrados nos últimos dias.
Em publicações em uma rede social, Nésio expôs o panorama do enfrentamento da Covid-19 no Espírito Santo, pontuando o atual aumento de casos e da ocupação de leitos, da estruturação da rede assistencial, da ampliação da testagem, e de uma espera de pelo menos mais oito meses até o início da vacinação.
Em uma série de postagens, o secretário explicou a situação atual do novo coronavírus no território capixaba, e já iniciou citando o aumento na ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e do número de casos graves. Segundo Nésio, no fim do mês de outubro, a quantidade de internações passou a oscilar, rompendo o ritmo de estabilidade que vinha sendo registrado.
A partir do dia 27 de outubro, o movimento de oscilação da internação em UTI-Covid passou a ocorrer no Espírito Santo. Nos três últimos dias a ocupação ultrapassou a variação de 330, apresentando tendência clara de crescimento de casos graves. Esse comportamento foi precedido de um aumento sustentado de internações em enfermarias (Covid-19) a partir de 14 de outubro, destacou.
Como exemplo desse aumento, ele cita os casos da Região Metropolitana de Saúde que, além da Grande Vitória, também compreende municípios das regiões Serrana e Noroeste. Nas cidades citadas por Nésio em um dos gráficos - Afonso Cláudio, Brejetuba, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Fundão, Guarapari, Ibatiba, Itaguaçu, Itarana, Laranja da Terra, Marechal Floriano, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Venda Nova do Imigrante e Viana - o pico de casos da primeira onda já foi ultrapassado, dado observado após alta na média móvel de 14 dias registrada em 8 de novembro.
No interior da Região Metropolitana, houve estabilização de casos entre 7/9 e 14/10. A partir desta data, os casos chegando a 132,64, na média móvel de 14 dias, no dia 8/11, já ultrapassando o limite do pico de casos observados anteriormente na primeira onda, disse.
Na explicação, o secretário prevê um pico de casos ainda maior do que o registrado no início da pandemia. Segundo Nésio, no entanto, a letalidade se faz menor do que no período anterior, ainda que outubro tenha apresentado mais mortes pela doença que setembro.
A explicação do secretário é de que a queda foi registrada devido à melhoria na estrutura da rede de saúde, e do aumento da testagem, tanto de pessoas que apresentassem sintomas quanto de pessoas que tiveram contato direto com pacientes assintomáticos confirmados.
Além da testagem plena de todos os sintomáticos e dos contatos intradomiciliares assintomáticos, a queda da letalidade ocorreu por melhora do manejo clínico e garantia do acesso aos serviços de saúde; entre setembro e outubro, a letalidade caiu mais do que a queda do número total de óbitos, analisou.
O cenário do momento estava entre os previstos no planejamento de combate à doença no Espírito Santo, segundo o secretário. A ação de resposta foi tomada ainda no começo do mês, com a disponibilização de mais leitos exclusivos para a Covid-19, a fim de estruturar e evitar uma pressão na rede assistencial. Na ocasião, foi anunciado um aumento de 120 leitos em hospitais da Grande Vitória e interior do Estado. E uma nova ampliação, com contratação de vagas na rede particular e filantrópica, também já foi anunciada.
Apesar disso, o secretário também destaca o aumento na demanda de outras doenças nos hospitais da rede pública. Diferentemente do início da pandemia, agora são muitos os casos externos que precisam ser atendidos nas unidades - doenças infecciosas e problemas nutricionais conhecidos, causas externas e doenças crônicas descompensadas - que se somam à pressão para atendimento de pacientes do novo coronavírus.
Para exemplificar, ele expôs um gráfico em que mostra que o número de pacientes aguardando leitos de isolamento em UTI para Covid-19 é menor que o de pacientes que aguardam para outras especialidades.
Neste exato minuto em que escrevo (a publicação foi feita na madrugada desta terça-feira, 17), somente cinco pacientes aguardam leito de isolamento de UTI-Covid em toda a Grande Vitória. A demanda por UTI, não-Covid é maior que a pressão assistencial de pacientes com Covid-19. O mesmo comportamento ocorre com a demanda de leitos de enfermaria, comparou.
O secretário também citou o aumento na testagem como um dos fatores que levaram ao crescimento do registro de casos a partir de setembro. Antes, apenas casos graves suspeitos e pessoas do grupo de risco eram testadas. Com o aumento no rastreio da doença, realizando testes também em contatos diretos de pessoas positivadas, fez com que o registro da doença aumentasse. Ele cita a alta na Região Metropolitana como reflexo disso.
No Espírito Santo, em setembro, ocorreu mudança no critério de testagem, recomendando testar com RT-PCR todo paciente com sintomas suspeitos de Covid-19 e os contatos intradomiciliares dos positivos, levando a um aumento de casos observados na Região Metropolitana nos meses subsequentes, ressaltou.
Como contraprova de que a testagem foi uma das responsáveis pelo aumento no número de casos, o secretário destacou a queda sustentada na quantidade de óbitos, que teve início em julho e agosto, e continuou nos meses seguintes, mesmo com uma alta do número de casos confirmados.
No mês de setembro, houve aumento da detecção de casos sem correspondente aumento de óbitos. No entanto, as internações em UTI-Covid e os óbitos relacionados à doença seguiram caindo e tendo tendência de estabilização, como se observa no gráfico do período de 5/7 a 28/10", relacionou Nésio, na publicação.
Ao concluir a análise, o secretário destacou o fato de que ainda vivemos em meio a uma pandemia, que a vacinação contra o vírus ainda vai demorar pelo menos oito meses, e que a colaboração e disciplina da população são importantes para enfrentar a doença.
A pandemia não acabou, temos pelo menos mais 8 meses de resistência até ter o processo de vacinação alcançando os primeiros grupos prioritários. Seguiremos convivendo com o uso de máscaras, protocolos sanitários, isolando sintomáticos e testando/monitorando amplamente a população, concluiu.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta