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Seis em cada 10 afogamentos no ES em 2022 foram em rios e lagoas

Seis em cada 10 afogamentos no ES em 2022 foram em rios e lagoas

Ao todo, 59% dessas fatalidades ocorrem em ambientes como cachoeiras, lagos, rios, lagoas e represas

Publicado em 27 de janeiro de 2023 às 08:02

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proliferação de plantas em ponto turístico chama atenção em Itapemirim
Lagoa Guanandy, ponto turístico em Itapemirim. (Divulgação/PMI)
Julia Paranhos
Estagiária / [email protected]

O verão está aí, o que faz capixabas e turistas buscarem as praias, as piscinas e os banhos em água doce. Mas a diversão também traz o perigo, visto que balneários que parecem tranquilos podem esconder riscos. Em 2022, 163 pessoas morreram afogadas no Espírito Santo, número 34% maior do que o registrado no ano anterior. A maioria das mortes ocorreu em rios e lagoas. 

Seis em cada 10 afogamentos no Estado aconteceram em locais de banho em água doce — mais precisamente 59,5% dos casos. De acordo com dados do Corpo de Bombeiros, ao longo de 2022, das 163 ocorrências registradas no Estado, 97 delas foram em lagos, lagoas, represas, cursos d'água e cachoeiras. 

Embora em 2021 as tragédias tenham sido em menor número — foram 122 mortes no total —, proporcionalmente, os afogamentos em locais com água doce mantiveram-se no mesmo patamar. Naquele ano, representaram 61% dos registros, o que mostra o risco mais acentuado de rios, lagoas e cachoeiras. 

Segundo o tenente Carlos Mendes, da Diretoria de Operações do Corpo de Bombeiros, o número maior de óbitos nesses locais é explicado pela falta de monitoramento. “Por terem a supervisão dos guarda-vidas, que são responsáveis por evitar muitas mortes, as praias são locais onde há menos ocorrências. Já cachoeiras, rios, lagos e lagoas não são locais guarnecidos", explicou.

Outros fatores que explicam o maior número de casos é a calmaria aparente de rios, lagos, lagoas e represas, que dão uma falsa sensação de segurança; o fato de ser mais fácil afundar em água doce do que em água salgada, pela densidade da água; e as pedras escorregadias, que podem causar quedas e, consequentemente, traumas e afogamentos.

Mendes alerta, no entanto, que não se deve desprezar os riscos em nenhum lugar. O número de pessoas que perderam a vida no mar também subiu pouco mais de 20% de 2021 para 2022. Outras ocorrências foram registradas em piscinas e ambientes como banheiras e baldes, que, infelizmente, vitimam muitas crianças. 

Apenas dez cidades, dos 78 municípios do Espírito Santo, registraram mais da metade dos afogamentos no Estado.  Entre os locais com mais registros, como é de se esperar, predominam os balneários conhecidos do litoral capixaba e que recebem muitos turistas, como Guarapari, Linhares, Marataízes, São Mateus, Vila Velha, Serra e Aracruz, além da capital, Vitória. Sem praias, Cariacica e Nova Venécia também entram no ranking. 

Neste ano, em um intervalo de uma semana, foram registrados dois desaparecimentos em cachoeiras do Espírito Santo. O primeiro caso ocorreu no dia 15 deste mês, na Cachoeira da Fumaça, em Conceição do Castelo, na Região Sul. Rogério Vagner Soares caiu na água enquanto tentava registrar uma foto e ainda não foi encontrado.

O outro aconteceu no dia 22, quando uma mulher — identificada como Nilceia Selets Pinto — foi arrastada pela correnteza em Águia Branca, no Noroeste do Estado. Ela foi encontrada no dia seguinte, às margens do Rio São José, presa a galhos de árvores.

“Por serem áreas de pouca concentração de público, o poder público tenta dar atenção a áreas em que há mais quantidade de pessoas, no caso, as praias, principalmente no verão. É importante lembrar que essas regiões de rios e lagoas são muito perigosas. No caso da cachoeira, por exemplo, são lugares escorregadios, então, a chance de se machucar em uma queda é muito grande e, por consequência, a pessoa acaba se afogando”, alerta o tenente Carlos Mendes.

Família sofre com o desaparecimento do homem que caiu de pedra em cachoeira do ES
Rogério Vagner Soares, de 33 anos, está desaparecido desde o dia 15 de janeiro. (Arquivo pessoal)

Outra tragédia aconteceu no município de Linhares, onde um homem de idade entre 35 e 40 anos morreu afogado ao pular do barco para o rio conhecido como Penicão, no Portal do Ipiranga. Em Vila Velha, um rapaz que entrou na lagoa de Ponta da Fruta desapareceu e, logo depois, foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros sem vida. Não há informações sobre a identificação ou idade do homem.

Confira os cuidados para evitar afogamentos

  • 01

    Chegou na praia? Procure o guarda-vidas

    Os guarda-vidas, além de socorrer em uma situação de emergência, podem alertar sobre riscos como correntes de retorno e pedras. “Quando chegar à praia, procure um posto de guarda-vidas e se informe sobre a condição do mar. O mar é um ambiente muito dinâmico; da manhã para a tarde, ele está diferente. Então, pergunte se é seguro entrar na água, principalmente, quando estiver acompanhado de crianças”, informou o tenente Carlos Mendes. 

  • 02

    De olho nos pequenos

    O coordenador de Salvamento Marítimo de Vitória, Ednardo Rocha Dalmacio, explica que todo ambiente com água necessita demanda cuidado quando se trata de crianças. Para uma resposta rápida, o coordenador alerta: “Mantenha a distância máxima de um braço de seu filho, porque a criança não passa pelas fases do afogamento, que é a angústia, pânico e a submersão. Se ela pisar num buraco, por exemplo, não vai ter a angústia de ficar se debatendo na água, ela acaba indo direto para a submersão e se afogando."

  • 03

    Atenção ao condicionamento físico

    Não exceda suas capacidades físicas e habilidades de natação se afastando da margem ou tentando travessias. Se não souber nadar, lembre-se: "água no umbigo é sinal de perigo". Além disso, caso consuma bebidas alcoólicas, não nade. “Com o álcool, a pessoa acaba ficando destemida, querendo ir nadar para o fundo. Essa mistura tira o equilíbrio e a resistência física. Então, pedimos e orientamos: nada de entrar no mar se tiver bebido, pois a maioria dos resgates de afogamentos é de adultos e jovens que ingerem bebida alcoólica", ressalta Ednardo.

  • 04

    A primeira escolha deve ser o colete salva-vidas

    Evite boias infláveis, pois elas podem esvaziar ou furar. Dê preferência a coletes flutuadores rígidos. Use sempre o colete se estiver embarcado, mesmo em pequenas embarcações, como canoas ou caiaques.

  • 05

    Cuidado ao ajudar alguém

    Caso alguém esteja se afogando, não faça contato corpo a corpo. O melhor é  lançar objetos flutuantes como corda, um galho, bolas, garrafa pet vazia e fechada, pranchas, etc., e ligue para o 193.

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