O assassino confesso de Evellin Bernardo de Oliveira, de 20 anos, depôs espontaneamente à polícia, assumiu a autoria pelo tiro na cabeça que tirou a vida da esposa e ainda admitiu que retirou por conta própria a tornozeleira eletrônica que utilizada desde o mês de julho, após determinação judicial. O jovem de 21 anos alegou ao delegado que "atirou para dar um susto" na esposa, porém em vez de assustá-la, ele a matou. Após depor, ele saiu livremente pela mesma porta que entrou na delegacia.
A jovem foi assassinada com um tiro na cabeça enquanto comemorava o próprio aniversário, na última sexta-feira (30), no Morro da Garrafa, em Vitória. Demandada por A Gazeta para esclarecer se sabia que o jovem havia retirado, sem autorização, a tornozeleira eletrônica, a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) confirmou, em nota, ter conhecimento desde o último sábado (1) que o rapaz estava sem o equipamento, em condição similar a de um cidadão comum.
Segundo a Sejus, o rompimento da tornozeleira eletrônica foi registrado no dia 1º de novembro, às 14 horas, ou seja, dois dias depois de tirar a vida da própria mulher. Na nota, a secretaria identificou o homem pelas iniciais: F.M.A.
De acordo com a pasta, "o monitoramento foi determinado pelo judiciário em audiência de custódia realizada no dia 26 de julho. Com a violação, a Central de Monitoramento entrou em contato com a família do monitorado a fim de realizar inspeção do equipamento, para possível troca e/ou recolhimento do mesmo. F.M.A. no entanto, não compareceu à Central na data determinada. O caso foi repassado ao Poder Judiciário", diz o trecho final do posicionamento da Sejus.
Sem demonstrar nenhum tipo de ressentimento, F.M.A compareceu à Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher, em Vitória, seis dias após atirar e matar Evellin, no Morro da Garrafa, na capital capixaba. De acordo com Marcos Daniel Vasconcelos Coutinho, advogado do suspeito, o casal estava em uma festa de comemoração do aniversário de Evellin, quando os dois começaram a discutir por ciúmes.
"Eles começaram a discutir, ele retirou o carregador da arma e achando que a arma estava sem munições, apontou para a companheira e apertou o gatilho. Isso sem saber que, como é uma pistola, fica uma munição na agulha. E foi essa munição que acabou causando essa dolorosa morte. O aniversário dela era no dia seguinte, ele fez essa festa para comemorar e aconteceu essa briga e a fatalidade. Ele veio aqui hoje assumir a autoria do disparo. Agora vamos aguardar as investigações", afirmou o advogado.
Após o crime, o homem de 21 anos levou a esposa até a rua e pediu que um conhecido a levasse ao Pronto Atendimento da Praia do Suá, porém a jovem não resistiu ao ferimento causado pela bala. No depoimento, F. ainda afirmou que jogou a arma usada no mar.
Procurada, a Polícia Civil informou, por nota, que o caso segue sob investigação na Delegacia de Homicídios e Proteção às Mulheres (DHPM). A polícia confirmou que o companheiro da vítima se apresentou espontaneamente na delegacia, acompanhado do advogado.
"Em depoimento, (ele) confessou a prática e alegou que foi um disparo acidental. A Polícia Civil esclarece que a legislação brasileira estabelece que a prisão só deve ocorrer em situações de flagrante delito, ou mediante mandado de prisão em aberto. No caso em tela, não se configura nenhuma das duas situações e, além disso, houve a apresentação espontânea. Desta forma, o depoimento foi colhido e o homem liberado", explicou a PC, em nota.
Além do assassinato da própria esposa com quem tem uma filha de apenas quatro meses, o homem acumula passagens pela polícia. A última prisão, realizada pela Polícia Civil, ocorreu na 9ª fase da Operação Caim, em 24/07/2020. Na ocasião, ele foi autuado em flagrante pelos crimes de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, sendo liberado no dia seguinte à prisão, por decisão judicial, em audiência de custódia. Na decisão, o juízo determinou, como medida cautelar, o uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, ele removeu a tornozeleira por conta própria.
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