Cheio de garra e habilidade com a bola, o jovem Gustavo Gonçalves Adriano, de 22 anos, utiliza o esporte como motivação para superar os desafios do dia a dia. Amputado das duas pernas desde 2002, ele dá um show no futebol – e, inclusive, mostra o talento com a pelota em dribles nas redes sociais, inspirando outros garotos.
Em entrevista ao site A Gazeta, ele contou que precisou ter os membros amputados após sofrer um acidente quando ainda tinha dois anos. Segundo Gustavo, uma Kombi descontrolada desceu por uma ladeira no morro de São Benedito, em Vitória, onde brincava com amigos. A partir daquele momento, muitos desafios começaram a surgir na vida dele, mas foi por meio do esporte que ele passou a ver novas oportunidades.
"Minha família conta que foi muito difícil no começo, porque não queriam nem me aceitar na escola. Diziam que não era acessível para mim. Ao mesmo tempo, meu refúgio era o futebol. Via os meninos da rua e os jogos na televisão. Um dia, eu estava em frente de casa, entendi o que tinha que fazer, e fui jogando", afirmou.
Desde então, o jovem de Jardim Carapina, na Serra, não parou mais. Gustavo conta que joga bola quase que todos os dias, com colegas do bairro e outros amantes das tradicionais peladas. Ele ainda afirma que tem uma grande inspiração para não desistir do esporte: o "Pombo" de Nova Venécia.
"O Richarlison veio do nosso Estado, bem carente de futebol e que quase não exporta jogadores para fora. Ele joga com muita garra, sempre com muita vontade. Faz tudo o que eu sempre admiro no futebol. Vejo partidas todos os dias e, para mim, ele tem esse diferencial", destacou.
Após jogar de forma amadora por muitos anos, Gustavo busca agora se profissionalizar na modalidade. Além do sonho de ser jogador, ele tem produzido conteúdo para as redes sociais, sobretudo o Tik Tok. "A gente está começando agora. Ainda não sabemos muito bem para onde ir, mas queremos emplacar uns vídeos na internet. Quem sabe eu viro um digital influencer", disse, entre risos.
Quem ajuda na idealização e edição do material é o auxiliar prático Kaique Marques da Silva, de 26 anos, que joga algumas partidas com o colega. "Eu resolvi ajudar porque vejo ele como uma inspiração. Às vezes, reclamo da vida sem ter a metade dos problemas que ele tem. E quero que ele consiga realizar o sonho de se tornar um digital influencer", afirmou.
Paralelamente ao futebol, o jovem também é atleta de uma equipe de tênis para pessoas com deficiência na Serra. "O futebol me acompanha desde criança. O tênis eu conheci um pouco maior. Nós viajamos pelo Brasil no time de tênis desde 2018, participando de campeonatos", pontuou Gustavo.
Embora a desmotivação devido ao preconceito – e as limitações impostas pela falta de acessibilidade – ainda faça parte da vida de Gustavo, ele reforça que possui o apoio da família, quanto dos amigos.
"Desde pequeno, sempre que eu vou em uma praça, acabo parando para jogar. As pessoas me abordam, dizendo que sou um exemplo de motivação. Por isso que me deu vontade de criar as redes, quero inspirar outras pessoas. Sei que sou capaz", destaca.
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