Há pelo menos dois anos a Prefeitura de Vitória (PMV) tenta transformar o Centro Cultural Carmélia Maria de Souza, que inclui o teatro, em um espaço destinado ao samba. O projeto foi recusado pela União, mas o município pediu que a proposta fosse reavaliada e ainda aguarda uma resposta.
Por decisão da Superintendência de Patrimônio da União (SPU-ES), o Carmélia, localizado no bairro Mário Cypreste, será transformado em local para armazenamento de sacas de café, laboratório e escritórios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Vai receber o material que atualmente está abrigado nos Galpões do IBC, em Jardim da Penha, que teve a sua venda anunciada pela União.
Leonardo Krohlling, coordenador do Comitê de Acompanhamento e de Recuperação Econômica para Situação de Emergência de Saúde Pública - Covid-19, de Vitória, informou que o município possuía uma cessão provisória do imóvel e que para desenvolver um projeto no local precisaria de uma cessão de longo prazo, o que chegou a ser solicitado.
Começamos a buscar parceiros para desenvolver o projeto da Cidade do Samba e a Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesge) nos apresentou uma proposta, relatou, explicando ainda que, como a cessão provisória não permitia lançar edital de ocupação do local, com parceria, eles solicitaram à União a cessão por um prazo de 20 anos.
Em 2019, a prefeitura recebeu a informação de que o projeto em parceria com a Liesge não seria aceito. Já no início deste ano foi surpreendida com a notificação para que deixasse o local. Na sequência, a administração municipal fez um pedido à SPU para reconsiderar a não aceitação do projeto da Cidade do Samba. Ainda estamos aguardando uma resposta da SPU, que ainda não recebemos, relata Krohlling.
Ele relata que a decisão da SPU de transformar o Centro Cultural Carmélia em uma área de armazenamento foi recebida com muita surpresa. É uma proposta que não condiz com o perfil de Vitória, uma cidade que não tem a vocação para este tipo de atividade de armazenagem, estocagem, mas para atividades humanas e culturais. Vamos perder um espaço para desenvolver a cultura e profissionalização do Carnaval de Vitória, destacou Krohlling.
Para Edvaldo Teixeira da Silveira, presidente da Liesge, a decisão da União de transformar o Carmélia em centro de armazenagem mostra o desrespeito com a cultura capixaba. É uma demonstração de que a União não gosta ou respeita a cultura, desabafa.
O espaço, segundo Edvaldo, seria usado pelas escolas na confecção de fantasias e a realização de oficinas de capacitação profissional. Já o teatro seria aberto e mantido para o uso da comunidade.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta