Viajar, comprar parcelado e ter uma conta bancária são ações comuns na vida de muitas pessoas, mas não para Adilson Avelino da Silva. Dos 50 anos dele, nos últimos 13 o metalúrgico esteve impossibilitado de realizá-las por estar com o nome "sujo na praça" após ter o CPF vazado. Além disso, quatro empresas foram abertas com nome dele sem que soubesse ou autorizasse.
No papel, o morador do bairro São Lourenço, na Serra, é dono de uma metalurgia, de uma loja de bebidas, de colchão e equipamento eletrônico. Porém, Adilson afirma que a realidade é totalmente diferente. Sem nunca ter construído nenhum comércio, ele acumulou dívidas até em Brasília, com compras de carros, multas e faturas de cartões de crédito.
O metalúrgico declara que nada foi feito por ele. A situação é tão bizarra que já chegou ao ponto do CPF dele ter sido bloqueado pela Receita Federal, por conta da frequência com que os estelionatários faziam uso dos dados pessoais dele
A situação piora, pois sem o CPF ele não pode nem fazer outros documentos. Caso perca a identidade, por exemplo, ele não conseguirá pedir um novo (CPF) já que precisa do registro federal para solicitar outra via. Adilson fica ainda sem conseguir ter acesso a direitos básicos como seguro-desemprego e declarar o imposto de renda.
Para isso, ele precisaria pagar os valores que fizeram no nome dele e tirar as empresas do CPF. Todo o caso foi contado durante entrevista ao repórter Álvaro Guaresqui, da TV Gazeta.
Ele chegou até a ficar com o pagamento salarial bloqueado por um tempo em uma conta que existia antes de tudo acontecer. “Eu tive que entrar na Justiça para conseguir reverter, tem uns dois anos”, explicou Adilson.
O metalúrgico descobriu tudo em 2011 quando chegaram cobranças de uma linha telefônica que ele nunca fechou contrato. De início ele achou que era um erro, mas logo depois as dívidas de outras três empresas de telefonias apareceram juntas de cobranças de compras que nunca realizou.
“Tem dia que me ligam quatro vezes. Alguns ficam tão agressivos, me chamam de caloteiros”, contou Adilson.
E os impedimentos não acabam por aí. Ele recebe o salário por meio de Pix por não poder abrir uma conta-salário no banco.
Para reverter a situação, Adilson entrou na justiça para cancelar o atual CPF e conseguir outro. Esse é o processo indicado pela Receita Federal, mas não é tão fácil, tanto que o metalúrgico tenta há 13 anos.
“Eu acho que através da Justiça não resolve porque já tentei várias vezes e a porta sempre bate na nossa cara. O advogado não consegue mexer em muita coisa porque a Justiça é lenta e tenho que ficar esperando. Acho que no meu caso tem que ser um CPF novo para evitar a cobrança”, desabafou a vítima.
O delegado Fabiano Alves, da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa), explicou que um boletim de ocorrência deve ser feito ao perceber que o CPF ou outro documento está sendo utilizado de forma indevida. Já para não cair nessa situação, o melhor é prestar atenção ao preencher formulários. "É dessa forma que muitos acabam passando seus documentos para os estelionatários. Tem que verificar se é necessário colocar o CPF e se o site é confiável", comentou.
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