Com as visitas suspensas em decorrência da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), os adolescentes do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) estão mantendo contato com suas famílias por meio de videoconferências. As conversas virtuais estão sendo viabilizadas em praticamente todas as unidades no Estado.
De acordo com o diretor-presidente do Iases, Bruno Pereira Nascimento, as visitas por vídeo começaram no início de abril, logo após as famílias serem proibidas, temporariamente, de irem até as unidades. Houve uma conversa com os adolescentes, informando sobre a importância de se evitar o contato, sobre a isolamento social, e eles entenderam. A videoconferência foi uma alternativa para que os jovens tenham contato com seus familiares no período em que a restrição de entrada do público externo nas unidades ainda for necessária, explicou.
Um pouco mais de 60% dos adolescentes cumprindo medidas socioeducativas estão conseguindo ter contato com suas famílias por conversas em vídeo. A interação é viabilizada por um computador ou telefone, de algum membro da família, uma vez por semana. Utiliza-se um sistema de videoconferência ou mesmo um aplicativo de mensagem.
Os familiares que não possuem acesso aos equipamentos estão tendo auxílio do Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) de seu município. O contato é feito em local reservado, e o jovem é acompanhado, durante a conversa, pelas equipes técnicas e de segurança das unidades.
O diretor-presidente explica que a proposta, antes de ser adotada, foi discutida com a Defensoria Pública do Estado, com o Ministério Público do Estado e com o Poder Judiciário. A suspensão das visitas familiares às unidades vai até o próximo dia 30, quando haverá uma reunião para avaliar uma possível prorrogação do prazo.
Até o final desta quinta-feira (23), não havia nenhum registro de teste positivo para Covid-19 nas unidades do Iases, relatou Bruno Pereira Nascimento. Todas, explicou, já contam com alas para isolamento, caso ocorra registro de casos. Os internos que apresentam sintomas, até gripais, são isolados. Os que ingressam no sistema também passam por um isolamento de 14 dias, por precaução, acrescentou Nascimento.
Desde o ano passado, segundo Nascimento, o Iases já vinha estudando a possibilidade de implantar as visitas por videoconferências, principalmente para as famílias cujos adolescentes estavam internados em municípios distantes e que tinham dificuldades, até financeiras, para se deslocarem. Já havia uma discussão sobre a metodologia, e quando surgiu a demanda, decidimos por em prática, relatou.
Por enquanto, além das visitas, também estão sendo realizadas as audiências de apresentação dos adolescentes para um juiz, evitando o risco de deslocamento. No futuro, segundo Nascimento, quando o Judiciário retomar todas as atividades - suspensas também pela pandemia - será possível analisar a realização também das audiências de instrução e julgamento por videoconferência.
Em decorrência da pandemia, as aulas oferecidas pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu) também foram suspensas para os internos. Para ocupar o tempo livre dos jovens, estão sendo realizados cursos profissionalizantes online. Estamos até adquirindo novos computadores para ampliar a oferta destes cursos, informou Nascimento.
Para ocupar o tempo dos jovens também estão sendo oferecidas atividades esportivas, oficinas ao ar livre, como as de pipa, aulas de música, artesanato e torneio de futsal. Dentre os cuidados, está a realização de atividades em espaços abertos, sem aglomerações e entre os adolescentes assintomáticos que ocupam a mesma moradia.
Bruno explica que das unidades 13 unidades do Estado, apenas uma está com lotação de 100%, o que permite manter os jovens mais separados.
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