O município da Serra registrou, durante a campanha de vacinação contra a Covid-19 no fim de semana, a recusa a determinados imunizantes que estavam disponíveis. Essa atitude de algumas pessoas é um risco, tanto para elas, que não se protegem da doença, quanto para a efetivação da imunidade coletiva, que depende de cobertura vacinal superior a 70%.
Embora não sejam muitas pessoas, a secretária municipal da Saúde, Bernadete Coelho Xavier, afirma que essa é uma conduta que preocupa as autoridades sanitárias.
"Chama a nossa atenção a pessoa agendar, chegar na hora e perguntar 'de qual laboratório é a vacina' e, dependendo da resposta do vacinador, dizer: 'Essa eu não quero, não'. Não é um número grande de pessoas, mas, em plena pandemia, com mais de 500 mil mortes no país, e agora que temos semanalmente recebido imunizante e estamos conseguindo avançar mais por faixas etárias, começam a escolher? Isso é péssimo!", lamenta Bernadete Xavier.
A secretária de Saúde diz que a recusa é mais comum para a Coronavac (Butantan) e a AstraZeneca (Fiocruz). Mas ela observa que é justamente pelo efeito dessas duas vacinas, com as quais o país começou a campanha em janeiro, que já é observada no Espírito Santo queda nos indicadores de casos e mortes por Covid-19. Atualmente, o Estado dispõe também de doses da Pfizer e Janssen, incorporadas ao Plano Nacional de Imunização (PNI) a partir de maio.
"Com o avanço da vacinação, o número de óbitos caiu, de casos positivos também. Hoje, o Espírito Santo tem poucos municípios em risco moderado - a maioria é baixo. Não é nenhum pouco razoável as pessoas escolherem laboratório da vacina. Agora, precisamos nos esforçar para dar fim à pandemia", frisa.
Para Bernadete Xavier, a recusa está mais associada à preocupação com efeitos colaterais. Contudo, a secretária explica que qualquer um dos imunizantes hoje usados no país pode provocar ações adversas, mas a reação varia em cada organismo. Quanto à eficácia e à segurança, as quatro vacinas passaram por todos os testes que garantem resposta imunológica ao Sars-Cov-2 (coronavírus) e reduzem os quadros graves da infecção que podem levar à morte.
Questionada se poderia haver sanção às pessoas que se recusam a tomar vacina, como no caso da cidade paulista de São Bernardo do Campo que colocou esses moradores para o final da fila de imunização, Bernadete Xavier conta que já está conversando com o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) sobre como lidar com essa situação.
A princípio, não há nenhuma punição prevista, mas a secretária adverte que, à medida que os agendamentos vão reduzindo a faixa etária, mais pessoas vão se tornar aptas a receber a vacina, e quem está escolhendo pode ficar para trás.
"Estamos em um município que tem uma população enorme. Não vamos ficar armazenando imunizante, esperando que essas pessoas se decidam. E isso é risco para elas porque depois podem ter dificuldade em marcar nova vacinação", sustenta Bernadete Xavier.
A secretária lembra que a vacina é um pacto coletivo: a pessoa se protege e também protege quem está no seu entorno. Além disso, há muitas empresas que já manifestaram que vão exigir cartão de vacinação de seus colaboradores. Então, deixar de se imunizar, quando já se está apto, pode ter outras consequências. Por fim, Bernadete finaliza dizendo que é fundamental tomar a segunda dose, no caso dos imunizantes que têm essa exigência (Astrazeneca, Coronavac e Pfizer), para que a imunização esteja completa.
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