Faz semanas que a pressão no sistema de saúde capixaba tem aumentado devido ao agravamento da pandemia do novo coronavírus. Há mais casos confirmados, internações e óbitos. No entanto, essa piora não tem relação com a variante brasileira, chamada de P1, e identificada pela primeira vez no Amazonas.
Ainda assim, nos últimos dias, um áudio supostamente gravado pelo diretor de um hospital circulou na internet e apontava, equivocadamente, a relação entre a cepa e a alta taxa de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no Espírito Santo – informação que foi desmentida nesta segunda-feira (5), pelo secretário de saúde Nésio Fernandes.
Os dados que apontaram os tipos de coronavírus encontrados no Estado são de 170 amostras enviadas à Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) a partir de janeiro deste ano. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), os últimos resultados saíram no final de semana passado e são do material referente à primeira quinzena de fevereiro.
Desse total de amostras, a variante P1 só foi encontrada em pacientes transferidos de outros Estados. "O Estado adotou as melhores práticas de vigilância epidemiológica para evitar que a cepa circulasse por conta dos pacientes de Manaus. A vinda dessas pessoas foi uma expressão de solidariedade extremamente responsável adotada pelo Governo do Espírito Santo", defendeu.
Por outro lado, o secretário Nésio Fernandes lembrou que, em nenhum momento, as viagens de avião ou ônibus foram interrompidas no país. "Não houve uma coordenação nacional da crise. O país teve livre circulação de pessoas, tanto no período das férias de verão, quanto no ano novo e carnaval", criticou.
"A livre circulação de pessoas e as interações estabelecidas foram as atividades que determinaram a circulação livre de diversas cepas no país. É uma crise mundial que foi e está sendo muito mal conduzida no Brasil. Por isso, entendemos que é importante a coesão social e a unidade entre os poderes", finalizou Nésio.
Ainda de acordo com a Sesa, nas amostras enviadas à FioCruz, também foram detectadas as variantes B1.1.28 e B1.1.33. Já a predominância da cepa inglesa no Espírito Santo foi identificada graças ao acompanhamento diário feito pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-ES).
Citado durante o áudio que circulou nas redes sociais, e que era creditado a um possível diretor do Meridional, a assessoria do Grupo garantiu, por meio de nota, que desconhece a origem da gravação e que "as informações do grupo Meridional são sempre fornecidas por canais oficiais, com pessoas referenciadas pela rede".
No final do pronunciamento desta segunda-feira (5), o secretário também revelou que a pandemia segue em expansão no Espírito Santo. Segundo ele, a taxa de transmissão (RT) do novo coronavírus no Estado está em 1,43. O que significa que cada 100 pessoas infectadas estão transmitindo a doença para outras 143.
Infelizmente, o índice é ainda maior no interior: 1,61. Já na Grande Vitória, a taxa de transmissão está em 1,16. A pandemia só é considerada controlada, quando o RT é igual ou inferior a 1. Ou seja, quando um infectado consegue se curar sem transmitir a doença para alguém ou para, no máximo, outra única pessoa.
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