Imagine a seguinte situação: você está cansado de ficar em casa, quer rever os parentes e amigos, voltar a circular por aí. Se identificou? Para garantir que está tudo certo, você decide procurar um laboratório, faz um teste de coronavírus e tem como resposta um resultado positivo, indicando que já teve a doença. Será que agora você está imunizado e não transmite mais a Covid-19 para outras pessoas? Será que já dá para voltar a ter uma vida normal?
Se você achou que a resposta seria sim, lamentamos informar que ainda não é hora de voltar à normalidade. Em entrevista à jornalista Fernanda Queiroz, da CBN Vitória, a médica infectologista Rúbia Miossi explicou que recorrer a testes, na expectativa de já ter sido infectado pela doença e desenvolvido anticorpos, não significa necessariamente que você deixou de oferecer riscos para aqueles com quem se encontra.
"Qual exame que foi feito que deu positivo? Se ele fez o RT-PCR, que é o exame que identifica o material genético do vírus e deu positivo, então comprovadamente é uma pessoa que teve diagnóstico de coronavírus e, muito provavelmente, deve ter adquirido alguma imunidade, porque ela se recuperou. Mas essa imunidade é suficiente para não pegar o vírus de novo? É possível que sim, mas a gente não tem isso comprovado ainda. Como não existe comprovação se não pega mesmo, e por quanto tempo não pega, vale o mesmo para todo mundo: uso da máscara, distanciamento e higienização das mãos o tempo todo", explicou a médica.
O teste RT-PCR, mais conhecido como swab nasal e oral, utiliza uma haste flexível (cotonete) para colher pelas narinas e garganta o material genético do paciente. Conforme a indicação do Ministério da Saúde, recomenda-se que seja coletado o material do paciente entre o terceiro e sétimo dia de sintomas, preferencialmente, quando a carga viral é maior. Mas também pode ser feito até o décimo dia. O resultado costuma sair entre 24 horas a 72 horas.
Até o momento, esse é o único exame capaz de dar o diagnóstico para quem está doente. Mas, atenção: de nada adianta fazer o teste, que custa cerca de R$ 300 em laboratórios, se você não tiver os sintomas gripais, diarreia, ou outro sintoma da doença.
"As pessoas estão fazendo o PCR sem ter sintoma. Simplesmente por fazer o exame. Ele não tem significado nenhum em uma pessoa que não tem sintoma. Todos os exames de coronavírus passam a ter significância e resultado, quando são feitos baseados em uma característica clínica. O exame vem para complementar um diagnóstico que é clínico", reforça a infectologista.
Já o teste rápido, que é feito por coleta de sangue e tem sido utilizado pelo governo do Estado no inquérito sorológico, deve ser feito 30 dias depois que a pessoa apresentou o quadro da doença. Com alta margem de erro, esse teste serve para identificar se aqueles sintomas que se teve lá atrás eram mesmo do coronavírus.
"O teste rápido pode errar em até 30% dos casos. Erra para o positivo mais do que para o negativo. O inquérito epidemiológico não tem o objetivo de dar diagnóstico para quem fez o exame, mas mostrar qual a proporção da população do Estado já teve ou não coronavírus. Quando a gente calcula quantas pessoas tem que ser testadas para essa amostra representar o Estado, eu coloco no cálculo o fator de erro no teste. Quando um teste erra 30%, eu tenho que aumentar o número de amostras, o número de pessoas que eu vou testar, para esse fator de erro se diluir dentro dessa população e o resultado final agrupado, de todo mundo que fez o teste, ser de fato representativo do nosso Estado. Para o inquérito epidemiológico funciona, não funciona para dar o diagnóstico", esclareceu.
Então já sabe, né?! Enquanto a vacina não sai, mantenha uma distância segura das pessoas, não esqueça a sua máscara e lave sempre as mãos!
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