O Espírito Santo registrou, no primeiro semestre de 2020, 181 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), um volume mais de 10 vezes superior ao mesmo período do ano passado, quando 17 pessoas morreram por essa condição clínica. O aumento dos casos está relacionado ao surgimento da Covid-19, que tem provocado o crescimento nos indicadores de óbitos por doenças respiratórias.
Os dados são do Portal da Transparência de Registro Civil, que reúne, entre outras informações, as declarações de óbitos dos cartórios de todos os Estados. A SRAG pode ser provocada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) e outros agentes infecciosos, como o H1N1 e o H3N2. Contudo, o crescimento da síndrome respiratória no Espírito Santo coincide com a fase de aceleração da Covid-19 em território capixaba.
Até março, os números de 2019 e 2020 eram os mesmos: oito mortes em cada ano. A partir de abril, o Estado registrou um salto, e passou de uma média de quase três casos por mês, no segundo trimestre, para 57.
Luiz Carlos Reblin, subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, explica que a SRAG é um registro preliminar de causa de morte, atestada pelo médico que atendeu o paciente, mas a investigação prossegue mesmo após o óbito para identificar o agente que levou à síndrome respiratória.
Nos cartórios, esclarece Reblin, a informação não pode ser alterada, mas no sistema de saúde o dado é atualizado após a conclusão das apurações da área técnica. Tanto é que, no mesmo portal da transparência, havia 1.547 mortes por coronavírus no Estado até esta terça-feira (30), 100 a menos que o registrado no Painel Covid-19, ferramenta do governo com atualização diária da doença em território capixaba.
Essa diferença, segundo o subsecretário, indica que parte dos óbitos por SRAG registrados nos cartórios já foi classificada como Covid-19.
"Aquilo que foi declarado na certidão de óbito é definitivo no cartório, a causa que o médico colocou vai permanecer. O que nós da saúde fazemos, e não é agora com a Covid, é investigar as causas, que pode confirmar aquilo que os profissionais atestaram ou alterar. Temos essa competência", aponta Reblin.
O subsecretário diz que os grupos de investigação têm até 60 dias para fazer o ajuste na causa da morte e inserir no sistema de informação de mortalidade. No caso da Covid-19, há uma equipe específica para avaliar cada óbito por síndrome respiratória, e o prazo para confirmar ou descartar a infecção por coronavírus tem sido bem inferior aos dois meses.
"Das investigações realizadas pela secretaria, conseguimos esclarecer a causa da morte em 99,5% dos casos. Apenas 0,5% fica como indeterminada. A morte nos ajuda a compreender uma realidade para adotar medidas que vão colaborar para a saúde de quem está vivo", finaliza Reblin.
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