Acostumada a correr dez quilômetros por dia, Meg Seixas Lobo Neves, de 39 anos, sempre teve uma boa saúde. A rotina só foi quebrada com o isolamento social exigido desde que a pandemia do coronavírus chegou ao Espírito Santo. Zelosa, ela sempre praticou os cuidados de higiene necessário. Mas nem mesmo isso foi o suficiente para impedir que fosse infectada. Meg faz um apelo para que as pessoas se cuidem e tenham empatia.
Você entra no hospital sem saber se vai sair vivo, diz Meg após se recuperar de cinco dias de internação. Corredora há anos, ela pouco saiu de casa durante a quarenta, apenas para ir ao supermercado, usando máscaras e desinfectando compras ao retornar para o lar. Em casa, convive com o filho de 13 anos e marido, que está trabalhando em casa por ser hipertenso, grupo de risco de agravamento em caso de contaminação pelo coronavírus.
Por todos esses cuidados, Meg conta que nunca acreditou que dona de tanta saúde seria alvo da Covid-19. Fiquei me perguntando onde peguei? Será que foi no supermercado? Não sei. Uma semana depois dos primeiros sintomas fui internada, somente na terceira vez que fui ao hospital, lembrou.
Ela descreveu que os sintomas foram se agravando com o tempo. Primeiro tosse e dor no corpo, depois febre, perda de paladar, foi diagnostica com pneumonia, mas somente quando sentiu dificuldade de respirar os médicos do hospital particular decidiram interná-la, no dia 10 de abril.
Tinha muita dor nas costas, me colocaram no oxigênio e piorei muito no domingo. Era Páscoa, eu estava sozinha no hospital, longe do meu filho e do meu marido, e até falar ao celular os médicos me orientaram a parar devido à fraqueza. Foi quando achei que nunca mais abraçaria minha família, disse entristecida ao lembrar do momento que define como ápice da doença.
A falta de ar também afligia Meg por outro motivo. A corrida que também lhe fazia bem, a levava a conhecer outros estados para competir e a viver grandes emoções nas competições, ficava mais distante dela a medida que o oxigênio ia lhe faltando. Eu achei que nunca mais fosse correr, por tanta dor, apreensão, e disseram que se eu piorasse iria para a UTI. Já estava no terceiro dia lá, eu precisava ver meu filho também, lembrando o motivo que a fazia mais forte.
Somente cinco dias de cuidados médicos na intenação, a corredora pediu deixar o hospital. O resultado do exame já tinha dado positivo. Eu já não aguentava mais, me sentia melhor e sentia falta de ver meu filho, que havia deixado com tosse em casa, contou Meg.
Cercada de cuidados, ela voltou pra casa no dia 15 de abril. Desde então, vem sendo acompanhada pelo atendimento da Secretaria Estadual de Saúde e pelos olhos amorosos do marido e do filho.
O susto de quem nunca imaginou estar refém das dores da Covid-19, a levou a fazer um pedido a quem ainda insiste em desacreditar na força da doença: Tenham empatia. Pensem no outro, porque é muito difícil. Pense nos seus pais, amigos, nas pessoas que amamos e que tem menos resistência. Não sabemos como cada corpo vai reagir. Fiquem em casa, respeitem o isolamento, completou Meg, que pretende voltar em breve a abraçar todo mundo e a correr os seus dez quilômetros diários.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta