Apesar do período ainda ser de pandemia do novo coronavírus, com expansão dos casos e óbitos no Estado, o domingo (27) foi marcado por praias cheias, em especial em Vila Velha, na Grande Vitória, conforme registros do fotojornalista de A Gazeta Vitor Jubini. Apesar dos últimos dias terem sido predominantemente nublados e com pancadas de chuva, os demais dias do ano de 2020 prometem continuar com sol e muito calor, como hoje, em todo o Espírito Santo, segundo a previsão do tempo.
De acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), nesta segunda-feira (28) até pode cair uma chuvinha rápida no Litoral Norte do Estado, mas o resto da semana deve ser sem chuva. É que uma massa de ar seco associada a um sistema de alta pressão promete ficar por aqui e garantir que os dias sejam de sol.
De acordo com a enfermeira, pós-doutora em Epidemiologia, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e consultora da Organização Mundial de Saúde (OMS), Ethel Maciel, o ideal é escolher horários para ir à praia em que geralmente tenha menos gente. Para a pesquisadora, os núcleos familiares que convivem juntos podem permanecer próximos na areia, mas devem evitar contato com pessoas de outros grupos.
E o que vale na água é o mesmo que vale na areia, segundo Ethel Maciel. "Deve ser mantido o distanciamento físico das pessoas. Não temos evidências de que o vírus possa ser transmitido na água, mas é sempre bom ficar em distanciamento das outras pessoas para que não tenha problema quando a pessoa estiver, por exemplo, falando. Deve-se evitar aglomerar, ficar próximo dos outros", disse.
Da mesma forma, para o médico infectologista Lauro Ferreira Pinto, a questão fundamental nas praias não é o contágio ou não na água, mas a inexistência do distanciamento devido. "Estamos assistindo a muitos casos e a praia representa riscos pela aglomeração. A transmissão pela água salgada não acontece, mas há transmissão de vírus de pessoa a pessoa. E a aglomeração nas praias pode contribuir para a repercussão de leitos sobrecarregados. Os profissionais da saúde estão exaustos, com muito trabalho, com outras doenças também acontecendo de forma simultânea", considerou.
Com relação ao uso de máscaras nas praias, o infectologista Paulo Peçanha afirma que este não é dispensável. Para o especialista, qualquer atividade feita fora de casa deve contar com o uso da proteção facial, afinal, antes que haja vacina não há lugar totalmente seguro e os números atuais da pandemia confirmam a recomendação.
Segundo Peçanha, o momento atual é singular, já que a curva, que era descendente de casos e óbitos, foi revertida. "O número de casos e óbitos vem subindo exponencialmente e com certeza o número tem relação com o afrouxamento dos protocolos de proteção. As pessoas estão indo para compras sem máscara, reuniões e festas, barzinhos e principalmente praias. Com o calor, tem muita gente indo sem proteção, em especial nos finais de semana", afirmou.
Já para Ethel Maciel, exigir o uso de máscara nas praias não é fácil, já que as pessoas não estariam dispostas a aderir. No entanto, manter o distanciamento, para a enfermeira, é essencial.
O médico Paulo Peçanha ainda chamou atenção ao aspecto ilusório de fim da pandemia que paira entre as pessoas e fez alerta: "a vacina ainda não chegou". Para ele, o comportamento social tem sido favorável à disseminação do vírus, que ocorre mesmo em ambientes com ampla circulação do ar. Além do uso de máscara, o especialista recomenda o uso do álcool em gel mesmo nas praias. "Não sei quantas pessoas usam álcool na praia, mas deveriam levar, para fazer higienização antes de tocar em objetos. Todos os bons hábitos devem ser mantidos em quaisquer locais. É fundamental manter a máscara, exceto para mergulhar, claro", concluiu.
O ideal é escolher horários para ir à praia em que geralmente tenha menos gente. Os núcleos familiares que convivem juntos podem permanecer próximos na areia, mas devem evitar contato com pessoas de outros grupos. Isso vale para dentro da água também.
Os bons hábitos devem ser mantidos em quaisquer locais. É fundamental manter a máscara, principalmente se estiver conversando com alguém. E usar o álcool gel para fazer higienização antes de tocar em objetos.
É importante ter cuidado ao adquirir produtos comercializados por ambulantes e quiosques, já que, ao tocar em uma superfície que foi anteriormente manipulada por outra pessoa, corre-se o risco de entrar em contato com o vírus. É preciso lavar as mãos e higienizar as superfícies.
As pessoas costumam sentar juntas, em mesas próximas, em geral sem afastamento, para comer e beber. Com o pretexto da refeição, vão ficando por horas sem máscaras. Assim há muita chance de transmissão, ainda que seja um ambiente que tenha circulação de ar.
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