Nas periferias da Região Metropolitana de Vitória, a ajuda para enfrentar as dificuldades impostas pela pandemia do novo coronavírus vem da solidariedade de projetos sociais e dos próprios moradores. Juntos eles estão arregaçando as mangas para garantir desde a distribuição de cestas básicas até o entretenimento nas comunidades.
Um exemplo vem do Território do Bem, um dos epicentros da doença em Vitória. Ele engloba os bairros de Andorinhas, Santa Marta, São Benedito Bairro da Penha, Itararé, Bonfim, Consolação, Gurigica, além das comunidades de Jaburu e Floresta (em Gurigica), Engenharia (Itararé) e Mangue Seco (Andorinhas).
No momento, um dos principais projetos da região envolve a recuperação de imóveis em condições precárias, que dificultam a manutenção do isolamento social exigido para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. São moradias pequenas, insalubres, sem janelas, com umidade e mofo, e que mal acomodam as famílias, muitas vezes numerosas.
São situações de muita precariedade, relata Denise Barbieri Biscotto, coordenadora do Ateliê de Ideias, que junto com a comunidade desenvolve pelos menos 12 projetos no Território do Bem. Dentre eles, está o Saúde Habitacional, que já conseguiu reformar quatro moradias na região.
Segundo ela, existem pelo menos dez moradias que precisam de uma intervenção imediata. Estamos em busca de doações, seja de recursos ou de material de construção, para viabilizar a reforma destas unidades, relata. O trabalho é feito com o apoio de arquitetos urbanistas do projeto Onze8.
Denise relata que há ainda projetos voltados para a distribuição de cartões de cestas básicas, para compra em comércios locais; distribuição de kits de higiene e de máscaras. E sem contar a criação de uma Rede de Protetores, com a implantação dos Presidentes de ruas, que acompanham de perto a situação dos moradores de ruas de suas comunidades.
Outra meta agora é criar uma Casa de Apoio para a quarentena. Denise explica que muitas pessoas da comunidade residem em casa com famílias numerosas e, em casos de contaminação pela Covid-19, não conseguem cumprir o isolamento. São pessoas que residem em moradias, por exemplo, com um só banheiro, que dividem quartos sem portas. Como podem evitar a contaminação? Há casos de adoecimento da família inteira, relata.
A Casa de Apoio abrigaria as pessoas encaminhadas pela unidade de saúde local. Um espaço onde poderiam ficar para se recuperar e cumprir seu isolamento, com alimentações. Mas precisamos de recursos para implantar o projeto, explica.
Em Jaburu, uma rádio-poste vem ajudando a comunidade a obter informações sobre a Covid-19. Israel Soares de Souza, coordenador do projeto, relata que antes da pandemia o foco era informação sobre emprego e estágio. Voltamos agora com informações sobre o coronavírus e os cuidados que devem ser adotados, em meio a uma programação musical, conta.
A rádio-poste de Israel foi vencedora em um projeto do Ministério da Educação, onde receberam R$ 2,5 mil para fazer melhorias de ampliação. Ele pretende colocar mais caixas de som em postes do bairro.
Já em Flexal 2, em Cariacica, o projeto Minas da Quebrada, além de informação, visa garantir entretenimento para a comunidade. Participamos de projetos de distribuição de cestas básicas também, mas a comunidade precisa também, neste momento de tanta dificuldade, de entretenimento, relata a coordenadora do projeto, Lia de Oliveira.
Temporariamente o estúdio do projeto está fechado e não pode receber os talentos, que tinham suas vozes divulgadas pela rádio comunitária, o Canta Flexal. No momento estamos mantendo só o nosso jornal impresso, com informações para a comunidade, conta Lia.
Outra ação das Minas da Quebrada tem sido a divulgação de lives pelas redes sociais. A primeira delas foi no dia das mães, com sorteios de kits de beleza, graças ao apoio de comerciantes locais. A transmissão foi no sábado e conseguimos mais de mil visualizações no bairro. No final de semana seguinte, fizemos outra etapa e foram mais de 6 mil visualizações, conta.
Agora elas pretendem realizar uma nova live para o dia dos namorados. Vamos sortear para os casais uma transformação no visual, com direito a café da manhã. A proposta é levar alegria para a comunidade, dando aos moradores a oportunidade de se verem representados e de participarem, diz.
O Projeto Minas da quebrada também se prepara para fazer uma nova pesquisa sobre o coronavírus na região de Flexal 2. A primeira surpreendeu pela falta de informação da comunidade, que não acreditava que a doença atingiria a região.
Segundo Lia, os moradores, na época, estavam muito desacreditados no potencial do coronavírus. Agora já temos mais de 40 casos em Flexal 1 e 2, e a última informação é de cinco mortes. Queremos agora saber como os moradores estão reagindo à presença da doença, explica.
Os projetos do Território do Bem recebem doações e ajuda por intermédio do Ateliê de Ideias (CNPJ: 06.044.098/0001-65), que desenvolve pelos menos 12 projetos na região.
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