Se colocar no lugar do outro é uma máxima ainda mais válida hoje em dia. No entanto, há quem tenha medo que a acolhida de pacientes de outros Estados possa fazer com que o Espírito Santo fique sem leito, em um futuro de possível agravamento da pandemia. Há até quem critique a ajuda. Mas e se fosse o contrário?
No sul do País, Santa Catarina vive, agora, o segundo lado dessa história. No final de janeiro, o governo catarinense recebeu 11 pacientes de Manaus, transferidos por causa do colapso na oferta de oxigênio na capital do Amazonas. Naquela época, menos de 60% das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) estavam ocupadas.
Ao longo das últimas cinco semanas, essas pessoas apresentaram melhoras, conseguiram vencer a batalha contra a Covid-19 e voltaram para a casa, no Amazonas. Atualmente, apenas uma paciente permanece em Florianópolis, sem previsão de alta.
Porém, nesse mesmo período, Santa Catarina viveu uma verdadeira reviravolta: a taxa de transmissão do coronavírus aumentou e o Oeste do Estado começou a ter todas as UTIs ocupadas. Em pouco tempo, a situação se estendeu para o restante do território. No final da semana passada, todos os leitos ficaram lotados.
Nesta quarta-feira (3), o primeiro paciente catarinense chegou ao Espírito Santo. O segundo chegou nesta quinta-feira (4). Ao todo, devem ser 15 transferências, todas para o Hospital Dr. Jayme Santos Neves, na Serra. O mesmo local da acolhida dos transferidos de Manaus (AM) e de Rondônia.
Superintendente de Urgência e Emergência da Secretaria de Saúde de Santa Catarina, Diogo Losso acompanhou de perto os dois momentos vividos pelo Estado e é enfático ao ressaltar que "houve o momento de ofertar ajuda" a pacientes do Norte do País, sem comprometer a assistência à própria população.
De acordo com ele, a mão estendida pelo governo capixaba é essencial. "A disponibilização de até 15 leitos de UTI pode parecer pouca coisa, mas para essas 15 pessoas, para essas 15 famílias, é algo muito importante", garante, informando que todo o processo de transferência dura em torno de cinco horas.
No outro lado da ajuda, o secretário Nésio Fernandes voltou a reforçar que esse ato de solidariedade não vai gerar prejuízos aos capixabas. "Eu tenho 250 leitos livres no Estado, que era o que tínhamos quando Manaus pediu ajuda", declarou o gestor, em entrevista ao Papo de Colunista, esclarecendo que se a ocupação chegar a 80%, a ajuda a outros Estados será interrompida.
Na entrevista cedida nesta quinta-feira (4), ele também ressaltou que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem como missão constitucional garantir a vida e o acesso à saúde. "O que devemos estar preocupados e incomodados é com o atraso na chegada das vacinas. Nós vamos vencer essa guerra com atenção primária", afirmou.
Nesse sentido, os representantes de ambos os Estados estão de acordo: é preciso um esforço da sociedade como um todo para seguir, mais do que nunca, as etiquetas respiratórias e as medidas de distanciamento social. A pandemia continua e o Brasil tem perdido centenas de pessoas por dia.
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