Principal atrativo para os momentos de lazer das crianças e também de alguns adultos, a prática de soltar pipas sempre foi uma das brincadeiras mais queridas pelos capixabas. No entanto, soltar pipas durante a pandemia causa aglomeração e aumenta os riscos de contaminação pelo novo coronavírus.
Em Linhares, na Região Norte do Espírito Santo, não é difícil flagrar pessoas descumprindo as medidas de isolamento e distanciamento social para praticar esse tipo de brincadeira, que pode resultar em outros problemas, como a falta de energia e acidentes envolvendo a rede elétrica.
De acordo com a EDP, distribuidora de energia elétrica que atua no Espírito Santo, de 1º de abril ao dia 15 de maio deste ano, foi registrada uma elevação de 585% no número de clientes que ficaram sem energia devido às ocorrências envolvendo pipas na rede elétrica. Ao todo, cerca de 85 mil foram afetados sendo que, no mesmo período de 2019, esse número foi de 14,5 mil, segundo a concessionária.
Para se ter uma ideia, somente em Linhares, foram 5.411 residências que ficaram sem energia elétrica, devido às ocorrências envolvendo a prática de soltar pipas perto dos fios de alta tensão, um problema que, além de gerar prejuízos, coloca em risco a vida de quem pratica.
O Breno Kiefer Nunes é estudante, mas está em casa por causa da pandemia. Aos 12 anos, quando brincava de soltar pipa, ele sofreu um acidente ao se aproximar de um fio de alta-tensão. A pipa agarrou no fio de alta-tensão e aí eu fui subir em cima para tentar pegar, só que o fio estava desencapado e estava no lugar errado. Aí quando eu subi, o fio me puxou e eu não lembro mais de nada. Apaguei, conta.
Hoje ele já está recuperado, mas a força do choque deixou marcas para o resto da vida. Além das cicatrizes na perna e no braço, o estudante perdeu os movimentos da mão direita.
Com o objetivo de aumentar a segurança de quem aprecia esse tipo de brincadeira e diminuir os riscos de acidente, a EDP deu algumas dicas de prática segura para a brincadeira.
- Evite soltar pipas em locais como lajes e muros. A proximidade com os fios de alta-tensão aumenta o risco de acidentes graves e fatais, além do perigo de quedas;
- Além de serem proibidos, o cerol e a chamada "linha chilena" trazem risco para quem está empinando a pipa e para terceiros, como motociclistas e pedestres, além de oferecem perigo no contato com a rede de energia. Ao cortar a camada protetora da fiação, a linha interrompe a transferência de corrente elétrica, podendo provocar curto-circuito;
- Empine pipas longe de rede elétrica, em locais onde não exista nenhum tipo de cabo de energia, de serviço telefônico ou antenas de celular. Isso evita acidentes e interferências na qualidade desses serviços;
- Se a pipa ficar presa nos fios elétricos, não tente retirá-la. Nunca use varas nem suba no poste para tirar uma pipa. O choque, nestes casos, pode ser fatal. Somente técnicos da distribuidora, treinados para este trabalho, que exige o uso de equipamentos de segurança, estão aptos a manusear a rede.
- Arremessar objetos na rede elétrica para o resgate da pipa pode causar graves acidentes. O "lança-gato" (pedra presa a uma linha), ou qualquer outro objeto, não devem ser lançados na rede;
Apesar das dicas para uma brincadeira segura, o recomendado durante esse período de pandemia é evitar aglomeração e o contato desnecessário com outras pessoas, sejam elas adultas ou crianças.
O tenente Fraga, do Corpo de Bombeiros, reforça que nesse momento de pandemia em que as aulas estão suspensas, o ideal é ficar em casa. A orientação no momento das organizações de Saúde, de todos os órgãos de Saúde, do Corpo de Bombeiros, do governo do Estado é ficar em casa. Permaneça em casa. A gente está passando por um momento em que é necessário cumprir o isolamento social, é necessário respeitar as regras de isolamento social e sair de casa apenas em situações necessárias, comenta.
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